Altar de Notre Dame foi feito por uma empresa do concelho de Alcobaça

0
1911
Empresa localiza-se na Ataíja de Cima, no concelho de Alcobaça, e emprega 40 colaboradores
- publicidade -

MVC localiza-se na Ataíja de Cima e a obra feita na reconstrução da famosa catedral em Paris após o incêndio trouxe divulgação e reconhecimento

Construir o altar da capela da Catedral de Notre Dame, em Paris (França) não foi uma grande obra em volume para a MVC, empresa fundada há mais de 30 anos na Ataíja de Cima, concelho de Alcobaça, habituada a exportar grandes quantidades de pedra para construções nos cinco continentes. Mas foi uma obra que ajudou na divulgação e no reconhecimento nacional e internacional de uma firma que exporta 90% da sua produção para 70 países.

“Em valor e em quantidade de pedra não tem grande expressão, mas ao nível da visibilidade do nome foi provavelmente a maior que tivemos”, afirmou Rogério Vigário, fundador da empresa. “É a Catedral de Notre Dame e esteve em antena durante três dias na inauguração, com alguns chefes de Estado da Europa e do mundo, com horas de imagem na televisão, além disso tivemos a sorte de que todas as camaras focavam o altar, porque as cerimónias decorriam ali, com o [presidente] Macron e outros discursos e com o bispo a dar a missa”, realça.

- publicidade -

Ao longo dos anos as pedras da MVC já foram colocadas em palácios, museus, casinos, hóteis, etc. O MAAT, em Lisboa, é um exemplo. Para a Arábia Saudita, por exemplo, foram 120 contentores de pedra para uma obra.

O grupo, que inclui a Mármores Vigário, localiza-se no Maciço Calcário Estremenho, e explora 10 pedreiras no Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros. A MVC começou com uma área de 600m2 dedicada ao ladrilho e tinha cinco colaboradores. As atuais instalações foram construídas em 2007 com uma área coberta de 13 mil m2 e têm uma capacidade produtiva mensal de 17 mil m2 de ladrilho, chapa e corte por medida. Na fábrica da MVC, além da tecnologia que é utilizada no processo produtivo, saltam à vista as preocupações ambientais. A firma emprega cerca de 40 colaboradores, mas no grupo são perto de 90. A empresa tem ainda um laboratório e trabalha em parceria com universidades para procurar uma solução para valorização das lamas e restos de pedra. As águas são tratadas e reutilizadas na fábrica. Com centenas de painéis solares fotovoltaicos, a empresa tem uma capacidade produtiva total de 832 kW/h, dado que com a central localizada perto de uma das pedreira conseguem garantir 95% das necessidades energéticas da mesma (o objetivo é expandir para outras pedreiras). Na fábrica os painéis cobrem 40%. Nos últimos cinco anos a pegada ecológica da empresa reduziu mais de 70%.

A grande mudança, explica, foram os painéis e os veículos a diesel, como empilhadores e varredora, que foram substituídos por elétricos.

A guerra na Ucrânia adiou alguns investimentos. “Estávamos a trabalhar com o mercado russo e com o ucraniano, que desapareceram”, faz notar. Depois viraram-se para outros destinos, como os Estados Unidos da América, mas as taxas alfandegárias anunciadas por Trump criam novamente incerteza.

Com as máquinas CNC a empresa começou também a fazer trabalhos artísticos, numa parceria com Carlos Oliveira criada há três anos e que levou a MVC a destacar-se com esculturas e monumentos em pedra. O caldense Carlos Oliveira realça a baixa pegada ecológica associada à criação dos monumentos e esculturas em pedra, por oposição com outros materiais. “Nunca trabalhei com uma pegada tão baixa”, afirmou. Há uma curiosidade: o seu trabalho começa com o barro, num processo de adição, para depois seguir para a pedra, onde se dá um processo de subtração. Juntos fizeram, por exemplo, o monumento à PSP nas Caldas. “Estou a escrever um livro técnico sobre a pedra com o que tenho aprendido”, contou o artista, frisando o risco operacional de trabalhar com pedra e o papel da equipa que com ele trabalha.

- publicidade -