Casa do Pão de Ló de Alfeizerão comemora centenário com dinâmica empresarial

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Helena Castro é a proprietária da Casa do Pão de Ló de Alfeizerão desde 1994

Tradição mantém-se viva nesta casa centenária, que, de olhos postos no futuro, tem valorizado a sua história

A Casa do Pão do Ló de Alfeizerão está a comemorar o seu centenário. Fundada em 1925, tal como a Gazeta das Caldas, esta empresa tem mantido uma dinâmica de procurar apostas de futuro, mas sempre mantendo e valorizando a sua história. Afinal, o Pão de Ló pelo qual Alfeizerão é tão conhecido é um produto que mantém o carácter artesanal, ao qual não são adicionados corantes nem conservantes. Há que respeitar os tempos de cozedura, não se pode fazer mais rápido, até porque não leva fermento, explica a proprietária, Helena Castro.

O pão de ló é o produto âncora da empresa e representa sensivelmente metade da faturação da empresa, que também produz toda a pastelaria, entre as quais se destacam, por exemplo, as trouxas de ovos, feitas manualmente, uma a uma, ou as empadas, inicialmente, as de galinha, agora também as de espinafre.

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A empresa fez este ano, na Páscoa, uma parceria com a Chocolicor para a produção do Licor de Pão de Ló, que era para ser um produto sazonal, mas dada aceitação e procura está a ser produzido regularmente e em exclusivo. Esta é uma aposta interessante, que permite contrariar o facto de o pão de ló ter uma validade reduzida e serve como presente.
Outra aposta é a criação de um aroma para a Casa do Pão de Ló, que será vendido em aromatizantes. “Desprezamos muitas vezes o olfacto, mas guardamos muitas memórias olfactivas”, realça Helena Castro.

Há uns anos desenvolveram o Pão de Ló de Coz, que continua a ser produzido e, para o futuro, pretende implementar as ementas digitais no estabelecimento, que nasceu por iniciativa do padre João Matos Vieira, vindo do Alentejo, mas fundado pela sua irmã, Adília Matos Vieira. “É um exemplo de empreendedorismo feminino”, frisa a proprietária de uma casa que teve sempre, salvo dois curtos períodos tempo, uma gestão feminina e, mesmo ao nível dos pasteleiros, foram apenas dois homens (um dos quais é o atual). Inicialmente a produção era numa quinta e havia uma casa, para a venda, neste local. Este edifício é dos anos 40 do século passado e servia também como casa da família e ponto de encontro frequente para padres, sendo também ponto de paragem para peregrinos. A centralidade, entre Lisboa e Porto, numa época em que essa ligação passava por Alfeizerão, era uma mais-valia.

Em 1994, quando Helena Castro se tornou proprietária, a casa “estava em risco de fechar”. A produção era na cave e essa foi a primeira mudança, com a criação de uma nova zona produtiva e a reformulação de todo o espaço, tentando aproximá-lo do que seria originalmente.

Atualmente empregam 11 funcionários (três na produção) e têm, desde o último ano, a exploração do posto de combustíveis que estava arrendado a uma entidade externa. Também no último ano instalaram no estacionamento da Casa do Pão de Ló de Alfeizerão quatro lugares com carregadores elétricos rápidos.

Os clientes são maioritariamente pessoas de fora, que estão de passagem, de férias ou que vêm de propósito buscar esta iguaria. “A vinda do Gordon Ramsay em 2020 ajudou também na divulgação”, recorda a empresária. Outra questão curiosa é o interesse dos japoneses por este doce que os portugueses levaram até ao país do sol nascente e que ainda hoje lá é produzido.

Os pasteleiros começam a trabalhar às 6h30 e as portas abrem uma hora e meia depois, encerrando às 20h00, todos os dias do ano, menos no Natal. O 15 de agosto, a véspera de Natal e o domingo de Páscoa são os dias em que vendem mais.

Num negócio que é muito familiar, Helena Castro recorda um episódio, durante a pandemia, no âmbito das entregas que fazem em casa dos clientes e receberam um pedido interessante: cinco bolos para uma família em cinco casas diferentes para cantarem os parabéns online. No ano seguinte, lembra, fez a entrega de um para a mesma família, já reunida.

A celebrar os 100 anos, com exposições de fotografia e de arte, entre outras iniciativas, vão desenvolver um concurso com a EHTO para criarem uma cookie do centenário.

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