António Marquês viu em 1981 potencial para abrir uma tipografia nas Relvas, apoiando-se na indústria da marroquinaria para fazer crescer o negócio. A empresa respondeu às crises com investimento e diversificação e está na vanguarda no seu sector.
Foi numa garagem nas Relvas que nasceu a Relgráfica, em Abril de 1981. António Marquês, o fundador, estudou artes gráficas nos Saleasianos, em Lisboa, nos antigos cursos profissionais industriais.
Antes de se criar a empresa, trabalhou na Tipografia Correia, em Lisboa actividade que interrompeu para se tornar professor de Trabalhos Manuais, na Escola Preparatória de Rio Maior.
“O bichinho desta actividade estava cá e decidi criar o meu posto de trabalho, e também da minha esposa, que estava desempregada”, conta António Marquês à Gazeta das Caldas.
Uma máquina Heidelberg Minerva, uma guilhotina, máquinas de picotar, agrafar, furar e alguns cavaletes de tipo em chumbo foram o material necessário para arrancar o negócio, que cresceu rapidamente com a instalação de serigrafia, dando apoio à indústria de marroquinaria que prosperava na Benedita.
“Em cada cave na Benedita havia um negócio familiar, e dali saiam milhares de mochilas só na altura do início das aulas, mais sacos de desporto e outros artigos que precisavam de gravações nas peças, ou desenhos”, conta António Marquês. Até então, esses trabalhos eram feitos no norte do país, pelo que haver uma empresa que o fizesse mesmo ali ao lado trazia benefícios àqueles negócios locais.
Assim começou a crescer a Relgráfica. “Durante 15 anos os trabalhos em serigrafia dominavam a produção, mas depois começou a importação desenfreada desses artigos da China”, recorda.
No entanto, a empresa da Ribafria não foi apanhada desprevenida. Logo em 1984, criou uma secção para trabalhar em offset, posição que foi reforçada com novo investimento nesta área em inícios da década de 1990. A diminuição dos trabalhos em serigrafia foi compensada pela aposta em material publicitário, como folhetos, catálogos, ou desdobráveis.
INVESTIR ANTES DA CRISE
Um dos segredos do sucesso da empresa ao longos destes 39 anos foi a forma como conseguiu olhar para a frente, investindo na modernização nos momentos certos.
Com a crise de 2008, a empresa voltou a diversificar a oferta. “Começámos a dar os primeiros passos na impressão digital, tanto no pequeno como no grande formato”, realça António Marquês.
E agora a Relgráfica vem, novamente, num processo de crescimento. Em 2018 a empresa iniciou novo processo de modernização para se manter na vanguarda em termos de qualidade e preço, com um investimento próximo de meio milhão de euros. Foram adquiridos um novo equipamento de offset de 5 cores e verniz, equipamento de impressão a laser e UV e de um novo plotter de grande formato.
“Podemos fazer desde um simples envelope, ou cartão de visita, a uma lona, outdoor, ou decoração de montras e de viaturas”, realça o empresário.
“Tínhamos objectivos de crescimento para este ano e tínhamos começado muito bem, estávamos a subir a facturação nos dois primeiros meses do ano”, afirma António Marquês. Agora, com a pandemia de Covid-19 e os seus efeitos na economia, o empresário não tem certezas quanto ao futuro, mas garante que a vontade é arregaçar as mangas e ir a luta “para manter os mais 20 postos de trabalho e dar a volta a esta situação”.
Se no início a marroquinaria beneditense serviu de base ao arranque da empresa, hoje esta continua a ter uma boa base de clientes empresariais na região, como nos sectores da cutelaria e das faianças. A área de implementação é, em grande parte, entre Leiria e Lisboa.
Além dos fundadores, a empresa dá também trabalho a Tânia e Sílvia Marquês, as filhas gémeas do casal que asseguram a sucessão.