Uma das maneiras mais habituais de lidarmos com a nossa vida é preocuparmo-nos. Na nossa mente coabitam diversas preocupações de todas as naturezas, em relação a nós próprios e em relação a outros.
Nos media, assistimos com frequência a noticiários pejados de “apologismo da desgraça”, nas conversas com amigos são inúmeras as preocupações que se partilham e que surgem, este gosto especial pelo “arrasto” da preocupação pode até ser lido a um nível cultural. E também vivemos numa época em que a preocupação ocupa muito do espaço mental.
Lá está, tornou-se hábito. Isso desvitaliza-nos, retira-nos energia. De facto, e como diz Dennis O’Grady, a preocupação é uma forma cruel de nos torturarmos tentando controlar o que não podemos controlar ou mudar.
Do ponto de vista psicológico, a PREocupação é pouco ou muito pouco útil e saudável, gera aumento da tensão e do stress, angústia, frustração e humor depressivo.
Trata-se de algo muito diferente de responsabilidade. O propósito “omisso” de nos preocuparmos é afastar a hipótese de futuras catástrofes imaginadas. Mas sem que isso nos permita ver ou fazer um plano real e adequado. Em muitos casos que conheço, a preocupação camufla-se de procrastinação e até de vitimização, e faz-nos viver numa espécie de dimensão à parte, não real e não concretizável. A não ser que passemos à ação. A melhor pergunta a fazer-nos é “há algo que possa fazer neste momento?” E se a resposta for não, então não valerá a pena continuar a preocuparmo-nos, o passo seguinte é desenvolver a nossa capacidade de aceitação. Se a resposta for sim, então aí passamos à ação e naturalmente libertamos a tensão improdutiva acumulada. O facto de optarmos pela não preocupação pode poupar-nos e, no momento em que a ação é útil ou necessária, atuamos. Isso não significa que o assunto esteja a ser ignorado, não significa que não somos responsáveis. A tempo, a seu tempo, o que houver a fazer poderá ser feito e é esta a grande distinção: não nos preocuparmos, mas sim ocuparmo-nos.