ADN levanta suspeita de coligação pós-eleitoral entre Chega e VM nas Caldas

0
1584

O candidato do movimento ADN – Caldas com Verdade, Carlos Barroso, emitiu esta quinta-feira um comunicado sobre um alegado contacto telefonema entre entre Luís Filipe Gomes (Chega) e Vítor Marques (VM) com o propósito de discutir um acordo pós-eleitoral. Luís Filipe Gomes repudiou o teor da mensagem e anunciou uma queixa à Comissão Nacional de Eleições.

No texto divulgado nas redes sociais, o cabeça de lista do ADN afirmou ter chegado ao seu conhecimento a existência de “um contacto telefónico” entre Luís Filipe Gomes (CHEGA) e Vítor Marques (Vamos Mudar), alegadamente para discutir “uma eventual coligação pós-eleitoral”. O comunicado questiona a coerência de tal cenário, recordando que o líder do Vamos Mudar apelou a uma maioria absoluta no debate entre todos os candidatos à autarquia caldense realizado no Centro Cultural e de Congressos no dia 2 de outubro.

Carlos Barroso apelou ainda à “transparência”, pedindo um esclarecimento público sobre a existência de “um entendimento encapotado” entre Vamos Mudar, PS e CHEGA.

- publicidade -

O comunicado motivou uma resposta do Chega, classificando as declarações do ADN como “falsas, difamatórias e atentatórias da honra”, motivadas por uma tentativa de “influenciar o voto dos caldenses em plena campanha eleitoral”.

Luís Filipe Gomes afirmou “nunca ter existido qualquer contacto, reunião, negociação ou entendimento com o movimento Vamos Mudar, nem com qualquer outra força política, sobre coligações ou acordos pós-eleitorais”.

O candidato do CHEGA adiantou ter já apresentado uma queixa formal à Comissão Nacional de Eleições, invocando “difusão de informação falsa e difamatória” e “violação do princípio da igualdade e neutralidade entre candidaturas”.

Luís Filipe Gomes encerra o comunicado reafirmando que a sua campanha “é feita com respeito, dignidade e transparência”, e exigindo “a reposição pública da verdade”.

Também o Vamos Mudar repudiou o comunicado do ADN, num comunicado assinado pelo candidato à Câmara das Caldas, Vítor Marques. O VM classifica de “afirmações falsas”. “Com a transparência que todos me conhecem, afirmo perentoriamente que tal não corresponde à verdade. Mais, nego ter existido qualquer contacto, telefónico ou por outra via, no sentido de qualquer entendimento entre estas duas forças políticas”, refere Vítor Marques.

O recandidato do VM repudia igualmente a imagem utilizada pelo ADN para ilustrar o comunicado. “Apresenta de forma insidiosa e com intuitos que reputo de fraudulentos, uma fotografia minha com o atual cabeça de lista do Partido Chega, tirada num espetáculo de Natal onde eu estava na qualidade de Presidente de Câmara e o cabeça de lista do Chega na qualidade de Presidente da ACCCRO”.

Lamenta ainda “a não observância das mais elementares regras da lisura que devem pautar a relação civilizada entre candidatos e forças políticas, bem assim como estratagemas ardilosos para criar perceções falsas nos eleitores”.

 

Leia os comunicados na íntegra:

Comunicado do ADN

“Chegou esta manhã ao nosso conhecimento que terá ocorrido um contacto telefónico entre o candidato do CHEGA (Luis Gomes) e o candidato do movimento Vamos Mudar (Vitor Marques), com o propósito de discutir uma eventual coligação pós-eleitoral.

Esta informação causa natural estranheza, sobretudo tendo em conta que o líder do Vamos Mudar, no debate realizado no Centro Cultural e Congressos das Caldas da Rainha, apelou publicamente a uma maioria absoluta.

Nos últimos meses, tem sido visível uma aproximação entre o Vamos Mudar e o Partido Socialista, com o objetivo de assegurar uma maioria no executivo municipal.

Face ao risco de perder influência, o movimento parece agora disponível para entendimentos de conveniência com qualquer força política, incluindo o CHEGA.

Por sua vez, o candidato do CHEGA, após ter abandonado o Partido Social Democrata, tem conduzido uma campanha sem conteúdo programático visível, recorrendo antes a estratégias de bastidores que, neste caso, contrariam os próprios princípios do partido que representa.

Os eleitores do CHEGA, que muitas vezes expressam o seu voto como forma de protesto contra o sistema, merecem saber se o seu voto poderá, afinal, servir para sustentar um acordo com forças que representam precisamente esse sistema.

Importa também esclarecer se José Luís Carneiro, que recentemente teceu críticas públicas a André Ventura, tem ou não conhecimento e aprova este eventual entendimento local.

A população das Caldas da Rainha merece transparência.

Por isso, apelamos a que os envolvidos venham publicamente esclarecer se existe, de facto, uma coligação ou entendimento encapotado entre o Vamos Mudar, o Partido Socialista e o CHEGA.

Carlos Barroso
Candidato independente pelo ADN à Câmara Municipal das Caldas da Rainha”

 

Comunicado do Chega

“No dia 9 de outubro de 2025, foi publicada nas redes sociais do movimento ADN – Caldas com Verdade uma mensagem assinada por Carlos Barroso, onde se afirmava falsamente que teria ocorrido um contacto telefónico entre o candidato do CHEGA (Luís Filipe Gomes) e o candidato do movimento Vamos Mudar (Vítor Marques), com o propósito de negociar uma coligação pós-eleitoral.

Perante esta grave falsidade, venho exercer o meu direito de resposta, para repor publicamente a verdade, defender a minha honra e esclarecer os caldenses.

  1. A verdade dos factos

Declaro de forma clara e inequívoca que:

  • Nunca existiu qualquer contacto, reunião, negociação ou entendimento com o movimento Vamos Mudar, nem com qualquer outra força política, sobre coligações ou acordos pós-eleitorais;
  • A candidatura que lidero pelo Partido CHEGA tem um programa eleitoral sólido e público, apresentado em www.respeitarcaldas.pt, e conduz uma campanha baseada em respeito, verdade e transparência;
  • A publicação do ADN – Caldas com Verdade é falsa, difamatória e atentatória da honra, tendo sido feita com o objetivo de enganar o eleitorado e condicionar o voto dos caldenses, em plena campanha eleitoral.
  1. Queixa apresentada à Comissão Nacional de Eleições

Face à gravidade dos factos, foi apresentada queixa formal à Comissão Nacional de Eleições (CNE), com base nos seguintes fundamentos:

  • Difusão de informação falsa e difamatória suscetível de influenciar o voto dos eleitores, em violação do artigo 56.º da Lei Eleitoral dos Órgãos das Autarquias Locais (LEOAL);
  • Violação do princípio da igualdade e neutralidade entre candidaturas, previsto no artigo 109.º da mesma lei;
  • Ofensa ao direito à honra e reputação política, garantido pelo artigo 37.º da Constituição da República Portuguesa e pelo artigo 180.º do Código Penal.

Esta queixa foi apresentada em defesa da verdade, da transparência e da integridade do processo eleitoral.

  1. Utilização indevida de material do CHEGA

Durante esta campanha eleitoral, a candidatura do ADN foi ainda apanhada a utilizar material do Partido CHEGA — nomeadamente cartazes e placas com o logótipo do partido — cortados e reutilizados com publicidade própria, facto que já motivou participação junto da GNR.

Este comportamento demonstra falta de ética política e de respeito institucional, configurando uso indevido de material partidário e tentativa deliberada de beneficiar da imagem e visibilidade do CHEGA junto da população.

  1. Incoerência política

É igualmente público que alguns candidatos da lista do ADN foram e alguns ainda estão inscritos como militantes do Partido CHEGA, e hoje se apresentam a atacar o mesmo partido que outrora representaram.

Tal incoerência revela falta de seriedade e oportunismo político, contrastando com a postura de verdade, firmeza e coerência que sempre pautou a nossa candidatura.

  1. Conclusão

O CHEGA em Caldas da Rainha apresenta-se com seriedade, trabalho e propostas concretas para o futuro do concelho — não com ataques pessoais, falsidades ou manobras de bastidores.

Reafirmo que a nossa campanha é feita com respeito, dignidade e transparência, e que o nosso compromisso é com os caldenses e com a verdade.

Por isso, exige-se a reposição pública da verdade e solicita-se, nos termos da Lei de Imprensa, que este direito de resposta seja publicado integralmente, com igual destaque e relevo à publicação original.

Caldas da Rainha, 9 de outubro de 2025
Luís Filipe Gomes
Candidato do CHEGA à Câmara Municipal de Caldas da Rainha”

 

Comunicado do Vamos Mudar

“NOTA INFORMATIVA

Foram, hoje, publicadas afirmações falsas da autoria do cabeça de lista à Câmara Municipal pelo partido ADN nas eleições autárquicas do próximo dia 12, sobre um alegado entendimento entre o Movimento Vamos Mudar, que lidero, e o cabeça de lista do Partido Chega.

Com a transparência que todos me conhecem, afirmo perentoriamente que tal não corresponde à verdade.

Mais, nego ter existido qualquer contacto, telefónico ou por outra via, no sentido de qualquer entendimento entre estas duas forças políticas.

A ilustração da publicação onde tais afirmações falsas, repito, são proferidas, apresenta de forma insidiosa e com intuitos que reputo de fraudulentos, uma fotografia minha com o atual cabeça de lista do Partido Chega, tirada num espetáculo de Natal onde eu estava na qualidade de Presidente de Câmara e o cabeça de lista do Chega na qualidade de Presidente da ACCCRO.

Rejeitamos veementemente a não observância das mais elementares regras da lisura que devem pautar a relação civilizada entre candidatos e forças políticas, bem assim como estratagemas ardilosos para criar perceções falsas nos eleitores.

Caldas da Rainha, 09 de outubro de 2025

Vitor Marques”

 

Atualizado com a reação do Vamos Mudar

- publicidade -