
“Valorizar o trabalho e os trabalhadores. Não à exploração!” dá mote à campanha que a Organização Regional de Leiria do PCP começou, no passado dia 7 de Fevereiro no distrito, e que se irá prolongar durante o primeiro semestre. Nas Caldas, os dirigentes comunistas contactaram com os trabalhadores da Schaeffler, Promol e Faianças Bordalo Pinheiro
Zona Industrial das Caldas da Rainha, sexta-feira, 7 de Fevereiro, 17h00. Grande parte dos trabalhadores da Fábrica de Faianças Bordalo Pinheiro começa a sair e, à porta, tem à sua espera Vítor Fernandes e Bruno Pronto, da concelhia caldense do PCP, para lhes entregar panfletos e alertar para as condições de trabalho. Antes, estes dois dirigentes já tinham estado na Schaeffler e na Promol, contactando, no total, com mais de um milhar de trabalhadores, no âmbito da campanha “Valorizar o trabalho e os trabalhadores. Não à exploração”, que continuará a decorrer no distrito durante este semestre.
A denúncia do agravamento da exploração do trabalho e as suas causas, nomeadamente os avultados lucros dos grandes grupos económicos que contrastam com a política de baixos salários é um dos objectivos desta campanha. Bruno Pronto, da comissão concelhia das Caldas do PCP denuncia que a riqueza que se tem “produzido e que deveria ser utilizada para aumentar salários e melhorar as condições de vida dos trabalhadores, fica concentrada no patronato”. O dirigente comunista realça que a grande distribuição, seja ela qual for, “dá milhões de lucro”, mas as carreiras profissionais dos funcionários não são valorizadas. “Temos centenas de trabalhadores que estão há dezenas de anos nessas empresas e o seu salário base pouco difere do salário mínimo”, denuncia.
Aumento do salário mínimo para 850 euros
O PCP defende o fim da precariedade e desregulação dos horários, as 35 horas semanais para todos, o respeito ao cumprimento dos direitos dos trabalhadores em trabalho nocturno e por turnos, o aumento do salário mínimo para 850 euros e de 90 euros para todos os que trabalham.
Entre as propostas apresentadas estão também a garantia da reforma aos 40 anos de descontos, sem penalizações, a consagração do direito a 25 dias de férias anuais e a reposição dos valores de pagamento do trabalho suplementar.
Neste contacto directo tiveram oportunidade de perceber que há um com a classe política e alguma resistência à sua abordagem. Bruno Pronto entende que isso tem a ver com imagem transmitida de que todos os políticos são iguais, e garante que isso não é verdade.
“A via é pela luta nos locais de trabalho”
“Quem tem governando o país desde o 25 de Abril [PS e PSD] está do lado dos grandes empresários e do grande capital, os trabalhadores não se sentem representados”, diz, apelando à luta por melhores condições laborais. “Os trabalhadores não podem ficar à espera que sejam os patrões a aumentar-lhes os ordenados ou dar-lhes melhores condições de trabalho, a via é pela luta nos locais de trabalho e de forma organizada”, sustenta.
Mas este não é um trabalho imediato. O objectivo do PCP é que os trabalhadores possam ler os panfletos e pensem no que fazer no futuro. “Se um trabalhador se sentir esclarecido com a nossa acção, já vale a pena” conclui o dirigente caldense.
Além das Caldas, a campanha decorreu em Ansião, Pombal, Leiria, Marinha Grande, Alcobaça, Porto de Mós, Batalha, Bombarral e Peniche, num total de 21 acções junto de empresas do distrito. Seguem-se debates, sessões de esclarecimento, visitas de deputados à região, entre outras iniciativas.