Presidente da Câmara de Torres Vedras é o novo presidente da OesteCIM

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O presidente da Câmara de Torres Vedras, o socialista Carlos Miguel, é o novo presidente do conselho executivo da Comunidade Intermunicipal do Oeste (OesteCIM) e tem como vice-presidentes os autarcas das Caldas da Rainha, Tinta Ferreira (PSD), e de Peniche, António José Correia (CDU). A decisão foi aprovada por unanimidade na reunião de 29 de Outubro, depois das negociações feitas anteriormente.

O PS, que tal como o PSD elegeu cinco autarcas mas que representa mais população no seu conjunto, desde logo entendeu que deveria ser a força política a presidir a OesteCIM e que a direcção deveria integrar os três partidos. Carlos Miguel foi o nome escolhido entre os socialistas pela sua experiência de oito anos como vice-presidente e a proposta foi de imediato acolhida pela CDU e, no próprio dia da reunião, também aceite pelo PSD. Os vice-presidentes foram escolhidos pelos próprios partidos.
Nos próximos quatro anos Carlos Miguel quer trabalhar para ter um Oeste mais coeso e saber aproveitar as oportunidades que apareçam. “As Câmaras estão cada vez mais estranguladas financeiramente e as grandes obras e supressão de carências só podem ser conseguidas através dos fundos comunitários”, disse aos jornalistas após a cerimónia de tomada de posse. Daí a expectativa acerca do próximo quadro comunitário de apoio.
A OesteCIM já começou a fazer o trabalho de casa ao contratar uma equipa externa que está a conjugar as várias prioridades da região num documento que deverá ser apresentado até ao final do ano.
Carlos Miguel defendeu ainda que os autarcas devem trabalhar na harmonização de conceitos, custos e procedimentos comuns, no sentido da coesão que pretende para a região. “Cada um de nós é especialista no seu território e ignorante no dos outros, mas temos que fazer um esforço para alargar o âmbito, na certeza de que muitos dos problemas dos outros são uma parte do nosso próprio problema”, disse.
A luta pela manutenção de valências na região será outra das suas bandeiras. Reconhece que na prática pouco podem fazer para alterar as decisões do governo, “mas temos voz e podemos gritar na defesa da nossa população e do nosso território”. Carlos Miguel queixa-se dos “ouvidos moucos” que o poder central faz aos autarcas, escusando-se a ouvir as suas opiniões e contributos para a resolução dos problemas.
O responsável garante que têm tido sempre uma postura de diálogo e de grande abertura e lamenta que o “governo não nos tenha como parceiro”.

Preocupação com a saúde, finanças e justiça

A eleição do secretário executivo, exercida até agora por André Macedo, ficou adiada para 14 de Novembro, data da próxima reunião. Ficou ainda decidido que o conselho intermunicipal irá reunir de 15 em 15 dias às quintas-feiras de manhã.
Os problemas da saúde, finanças e justiça estiveram em cima da mesa logo na primeira reunião, com o conselho de administração da OesteCIM a pedir reuniões de urgência com as entidades responsáveis para se inteirar da matéria.
O presidente da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira, levantou o problema da falta de médicos nas urgências do CHO, mostrando a sua preocupação com esta situação e as consequências que poderá trazer para a população. O autarca tem conhecimento que já estão a ser enviadas cartas ao Ministro da Saúde e à administração do CHO porque há receio que os elementos existentes não consigam garantir os serviços necessários.
“Não podemos captar investimentos para a região se não tivermos os cuidados de saúde adequados”, disse, sugerindo que fosse agendada uma reunião com a administração do CHO para se abordar este assunto. Para além disso, os autarcas pretendem pedir uma reunião com o secretário de Estado Adjunto do Ministro da Saúde, Leal da Costa, para se inteirarem dos objectivos do governo em matéria de saúde para a região. Carlos Miguel recordou, no entanto, que já há três anos tinha sido acordada uma reunião, com carácter de urgência por este governante, mas que nunca se veio a realizar.
Os autarcas deliberaram ainda enviar um ofício ao governo onde mostram a sua preocupação com a possibilidade de encerramento das repartições de finanças em Sobral de Monte Agraço, Cadaval e Arruda dos Vinhos, assim como uma reunião para se inteirarem sobre este assunto.
No que respeita ao encerramento dos tribunais, ponderam fazer uma acção envolvendo outras entidades, como a Ordem dos Advogados, de modo a tentar reverter a situação. “É uma reforma estúpida, que não vai servir ninguém”, disse Carlos Miguel que é também advogado e passou cerca de 20 anos a fazer julgamentos.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt