Esta ONG de Pessoas com Deficiência trabalha num espaço cedido pela União de Freguesias
A Associação Portuguesa Voz do Autista é uma entidade sem fins lucrativos de autoadvocacia no Autismo, quer isto dizer que é uma associação de autistas, para autistas. Trata-se de uma Organização Não Governamental de Pessoas com Deficiência (ONGPD) que foi fundada em 2020 em Aveiro e que tem como principal missão a promoção da “aceitação e inclusão dos autistas nas suas comunidades”, bem como “lutar pelos direitos dos autistas e ser uma plataforma para dar voz a pessoas no Espetro do Autismo em Portugal”. Em última análise, o objetivo é dar qualidade de vida, criando acessos onde existem barreiras.
A Voz do Autista pretende, como o nome da organização indica, dar uma voz aos autistas. “Nós não precisamos que ninguém nos dê voz, nós temos voz, só precisamos que seja ouvida”, explica Joana Simões, responsável pela delegação da associação nas Caldas, a mais recente a nível nacional. É esta caldense, que cresceu na Suíça e viveu na Alemanha, antes de ir viver para os Mosteiros, na freguesia dos Vidais, que na cidade dinamiza a APVA, com quem começou a trabalhar em 2023, em duas investigações relacionadas com a violência e sexualidade.
Atualmente, a caldense está a fazer um doutoramento sobre sexualidades nas mulheres autistas e coordena o projeto autisex, que pretende criar um programa de educação sexual inclusivo, para alunos do ensino secundário. O projeto, cofinanciado pelo INR, tem uma duração de dez meses, até dezembro.
A associação é também muito vocacionada para a formação (direcionadas ou mais abrangentes, para a comunidade) e, na cidade termal, o plano de atividades prevê a realização de, pelo menos, um evento anual.
Com muito dinamismo, não faltam projetos, como a procura de empresas que queiram ser mais inclusivas nesta área ou a criação de espaços “autismo friendly”.
A associação, que nas Caldas trabalha numa sala cedida pela União de Freguesias de N. Sra. Pópulo, Coto e São Gregório está presente no site www.vozdoautista.pt e nas redes sociais, podendo ainda ser contactada através do e-mail apoio@vozdoautismo.pt.
Muitas pessoas que procuram profissionais de saúde com experiência na área ou também relativos à educação. “Não fazemos apoio psicológico”, nota, explicando que o que fazem é encaminhar para pessoas que conhecem. “Não vai ser um gabinete de atendimento”, nota.
A associação desenvolve vários projetos, a nível nacional e europeu. Já desenvolveram, por exemplo, um guia para os autistas saberem os seus direitos. Têm também grupos de apoio para pessoas autistas e com outras neurodivergências, que se realizam todos os sábados à tarde, online. Outra iniciativa é o grupo Roda de Partilha AutiMulheres 40+, que “é um espaço de partilha de experiências”, com encontros mensais. Ambos são de participação gratuita para os sócios.
O objetivo é “desconstruir mitos, preconceitos e estigmas” e “que se saiba cada vez mais sobre autismo”, num processo de “despatologização”.
Por outro lado, pretendem também intervir no que não concordam, como o facto de Portugal ser “um país que permite a esterilização forçada de pessoas com deficiências”, algo que querem criminalizar. “Está criminalizada em apenas 10 países na União Europeia e em Portugal ainda é legalmente permitida, sendo um dos três países que a permite também em menores”, esclarece.