
Conectar escritores, tradutores e agentes literários de 10 países europeus é o objetivo do programa.
Patrícia Patriarca assume que escrever é aquilo que melhor a define. Com três livros publicados, está a terminar a quarta obra e tem já um conto infantil a aguardar ilustração. Integra, desde 2019 e até ao próximo ano, o projeto Connecting Emerging Literary Artists – CELA (em que Óbidos representa Portugal), que tem por objetivo aumentar a capacidade de uma nova geração de criadores literários para trabalhar numa escala internacional e para o público europeu.
No passado dia 13 a obidense partilhou, juntamente com a “escrevente” Daniela Costa, também participante no CELA, a sua experiência no projeto, que envolve formação, trabalho em rede e a participação em eventos literários em diversos países da Europa.
Questionadas pela jornalista e escritora, Vanessa Rodrigues, sobre se ainda vale a pena escrever e ser escritor, Daniela Costa salientou que escrever é quase um imperativo e que surge como uma consequência de escutar e ter de contar essas histórias. Leitora ávida, Patrácia Patriarca encara a escrita como um escape, como “algo até terapêutico”.
Com três livros publicados e o texto “A tapioca” (criado no âmbito do CELA e traduzido para nove línguas) Daniela Costa dedica-se à escrita de textos biográficos e memórias por encomenda, tendo de “driblar” entre a necessidade de garantir a sua autonomia financeira e a realização pessoal, com a escrita de ficção. Tenta, também, participar em todos os festivais literários que consegue e, ainda este mês, irá estar num festival em Cracóvia (Polónia) e depois irá participar num festival de cinema de montanha, nos Paises Baixos. Já Patrícia Patriarca rumará, em novembro, para a Eslovénia para participar no festival literário de Liubliana.
O projeto CELA permitiu-lhes “estabelecer contactos, acesso a formação e, sobretudo, pelo facto de estarmos em rede, conhecer pessoas de outros países, com outras experiências, e também por trabalharmos com os tradutores”, salientou Daniela Costa, destacando o “contato” com as palavras nas línguas menos faladas na Europa. “Lembro-me da primeira apresentação que fizemos em que alguns participantes leram os seus textos na língua nativa. Embora não percebendo as palavras, a emoção é forte e transcendente à linguagem”, lembra Patrícia Patriarca, que considera o projeto muito positivo. Sempre se sentiu “muito orgulhosa” em participar e em “falar sobre Óbidos, enquanto vila literária, em todos os outros países”, concluiu.