“É preciso encontrar novas disponibilidades de água”

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Especialista Filipe Duarte Santos veio às Termas das Caldas, falar sobre a necessidade de aproveitar a água

Portugal tem uma das melhores águas para consumo humano, sendo um caso de estudo pela evolução que obteve em cerca de 40 anos. Portugal tem também uma das mais altas taxas de tratamento de águas residuais. Mas depois, o mesmo Portugal é um dos países com uma das mais baixas taxas de reutilização das águas tratadas. O contrassenso foi apontado pelo especialista Filipe Duarte Santos, que veio às Caldas, ao Hospital Termal, falar sobre a água, numa palestra que assinalava o sexto aniversário da Rede Intermunicipal de Bibliotecas do Oeste (RIBO). Ou seja, gastamos dinheiro a construir ETAR e a tratar a água, mas depois não a aproveitamos para nada do que poderíamos, como a limpeza de ruas, a rega de campos de golfe, entre outros. “Já passou o tempo das autoestradas de água, já não temos capacidade para isso”, defende, notando que “é preciso encontrar novas disponibilidades de água” e que as chamadas A.P.R. (águas para reutilização) e a dessalinização são o caminho. Mas há mais soluções que Filipe Duarte Santos sugere, como investir na melhoria da eficiência no uso da água, porque “ainda há muitas perdas na distribuição para as Câmaras e na utilização na agricultura”. Depois também é preciso investir nas redes públicas de abastecimento urbano, na substituição dos sistemas de irrigação por gravidade pelos pressurizados, medir a água que se consome no país, ter mais culturas temporárias e menos permanentes, adaptar práticas agrícolas e cultivos a um clima mais quente e seco e ter sistemas de retenção para conseguir reter mais água em períodos de precipitação.
Outro dos problemas para o qual este especialista tem alertado nas últimas décadas é para o facto de, desde os anos 60 do século passado, cada vez chover menos, o que leva a “uma tendência de transformação dos climas, “é como uma doença que rói”, compara, explicando que os climas húmidos passam a semi-húmidos, e estes últimos a semi-áridos, com os semi-áridos a áridos e os áridos em super-áridos. Filipe Duarte Santos demonstrou o caso nacional, com mapas do indíce de aridez, agora muito mais presente no Sul e interior do país do que se apresentava em 1980.
À Gazeta das Caldas, Filipe Duarte Santos, que é filho do escultor António Duarte, recordou que nas Caldas passava “parte do Verão, em casa da minha avó paterna e gostava muito da Mata e do Parque, mas também da Praça da Fruta. Um tio meu chamado Joaquim Silva Santos tinha uma papelaria e livraria na Praça da Fruta e eu ia muitas vezes lá, ficava lá sentado a ver a atividade da livraria”. Ao longo dos anos “mantive sempre contacto com as Caldas”, tendo familiares com casa na cidade e visitando-a frequentemente. ■