A distinção da Unesco abre portas a possíveis ligações entre as Caldas e a cidade iraniana de Bandar Abbas ao nível da cultura e das artes. Voleibolistas iranianos vão reforçar o Sp. Caldas na próxima época
O embaixador do Irão em Lisboa, Morteza Damanpak Jami, esteve de visita às Caldas com o intuito de estreitar laços de cooperação entre esta cidade e a iraniana Bandar Abbas, situada no Golfo Pérsico, ambas distinguidas pela Unesco como cidades criativas do artesanato e artes populares.
“A cooperação entre cidades do Irão e de Portugal está a crescer e há razões, nas Caldas, pelas quais podemos estar ligados”, referiu Morteza Damanpak Jami à Gazeta das Caldas, após uma visita ao Centro de Artes.
Naquele espaço, o embaixador teve oportunidade de visitar o Museu Leopoldo de Almeida e também conhecer a peça que o escultor iraniano Majid Haghighi realizou aquando do Simppetra 2012 e que representa um símbolo sagrado do seu país.
Durante a conversa com representantes da Câmara da Caldas da Rainha, o diplomata referiu a presença dos portugueses no Golfo Pérsico durante a época dos Descobrimentos, nomeadamente ao nível da construção de fortes, e precisou que há semelhanças ao nível da cultura e das artes da cidade de Bandar Abbas e as Caldas, mas também ao nível da gastronomia, especialmente na confeção do marisco.
“O artesanato é muito famoso, assim como a cerâmica e as artes, pelo que a nossa cidade mostrou interesse em estar ligada às Caldas e o intuito da minha visita é o de verificar o potencial para essa cooperação”, sintetizou.
“O intuito da minha visita é verificar o potencial para a cooperação entre as duas cidades.”
Morteza Damanpak Jami
Localizada na costa sul do Irão, Bandar Abbas, com os seus mais de 500 mil habitantes, tem como principais caraterísticas culturais o artesanato e arte popular, música e canto. Ao nível do artesanato e as artes locais destacam-se o artesanato prático e marinho, as roupas locais e os instrumentos musicais que são particulares daquela zona do continente asiático.
É considerada um dos centros estratégicos e comerciais mais significativos do país e do mundo devido à sua situação geográfica privilegiada.
Morteza Damanpak Jami começou o périplo às Caldas com uma receção na Câmara, depois visitou a empresa Ivo Cutelarias, em Santa Catarina, e apercebeu-se que essa empresa tem trabalhado com parceiros iranianos nos últimos 32 anos.
A visita contemplou, ainda, uma passagem pelo Museu Malhoa, Praça da Fruta, Hospital Termal, Museu do Hospital, Fábrica Bordalo Pinheiro e, por fim, à Lagoa de Óbidos, onde deram uma volta de barco. Durante o almoço, que decorreu no restaurante Afinidades, o diplomata reuniu com elementos da direção do Sporting Clube das Caldas, no sentido de fomentar a cooperação e o bom acolhimento, também através da embaixada, de jogadores iranianos de voleibol na sua equipa sénior masculina.
O embaixador conta voltar às Caldas em finais de agosto, altura em que já cá estarão os jogadores iranianos
“Os atletas iranianos têm mostrado boas performances em Portugal, como é o caso do jogador de futebol que está no FC Porto, Mehdi Taremi”, referiu o embaixador, acrescentando que esta cooperação poderá potenciar a vinda de mais atletas para Portugal, noutras modalidades.” Creio que este entendimento crescente é bom para a relação entre os dois países”, realçou o diplomata, que esteve pela primeira vez nas Caldas, mas espera regressar em finais de agosto, altura em que os jogadores já deverão estar nas Caldas.
Dimensão internacional
A vereadora Maria da Conceição Pereira acompanhou parte da visita e destaca a importância dos intercâmbios entre as cidades criativas que, de resto, faz parte do projeto de candidatura, mas que devido à pandemia não se têm concretizado. “Temos todas as condições para receber artistas e acho que o senhor embaixador ficou bem impressionado”, referiu a autarca, acrescentando que estas cooperações dão uma dimensão maior e internacional às Caldas.
A distinção da Unesco também leva a que o executivo receba, muito regularmente, convites de outras cidades criativas para iniciativas conjuntas. “Em Portugal há apenas sete, acho que é um título extremamente importante para a promoção e divulgação das Caldas nas suas várias áreas”, explica, precisando que a distinção de artesanato e artes populares assenta na cerâmica, mas que também as cutelarias e os bordados “fortalecem a candidatura”. O embaixador iraniano ficou também particularmente interessado em conhecer a ESAD, depois de ter conhecimento que foi a escola de artes que preparou a candidatura e tendo em conta que já possuem parcerias com outras cidades na área da educação e investigação.
Ambas as cidades foram distinguidas pela Unesco como criativas em 2019. ■