Uma vigília, protestos e uma reunião da Comissão da Saúde são algumas das formas encontradas para denunciar e tentar encontrar soluções para mitigar os problemas que se colocam à saúde na região
A Comissão de Utentes do Centro Hospital do Oeste (CHO) vai organizar uma vigília, a 20 de maio, pelas 20h00, frente da Câmara das Caldas, de protesto pelo estado em que se encontra a saúde no Oeste e para que sejam tomadas medidas para mitigar os problemas.
O porta-voz da comissão, Vítor Dinis, denuncia, em comunicado, as “não” garantias do Governo para com os utentes, nomeadamente no que se refere à falta de médicos e de meios nas unidades hospitalares.
O responsável reuniu, na semana passada com o secretário de Estado Adjunto da Saúde, António Sales, e entregou-lhe um memorando onde dá nota da falta de resposta dos cuidados de saúde na região e exige medidas urgentes contra a rutura dos cuidados de saúde, alertando que a situação já começou a colocar os utentes “em risco de vida”.
A Comissão denuncia a falta de resposta dos cuidados de saúde primários, com “vários centros de saúde encerrados e, nos que ainda funcionam, há muitos utentes sem médico de família, uma situação que leva os utentes a recorrer aos serviços de urgência do CHO”.
Nestes hospitais deparam-se com a “falta de médicos, tempos de espera muito elevados, doentes vários dias em regime de observação e falta de informação aos familiares que não conseguem chegar à fala com os médicos ou enfermeiros, sobrecarregados com as atividades assistenciais”, explica. A sobrecarga de trabalho dos profissionais de saúde, a falta de equipamentos e de acesso a exames complementares de diagnósticos, são outros dos problemas que se verificam nestes hospitais que “já estão além da linha vermelha”, sintetiza o porta-voz da comissão, que exige um reforço do pessoal médico e de equipamentos nos hospitais, celeridade na construção de uma Unidade de Cuidados intensivos e mais pessoas nos centros de saúde.
Vítor Dinis espera agora respostas da tutela, no prazo de um mês, e pretende reunir com todos os representantes de partidos políticos e presidentes de Câmara oestinos.
Enfermeiros em protesto
O aproximar do fim dos contratos, sem respostas por parte da tutela relativamente à renovação dos vínculos, levou mais de uma dezena de enfermeiros a protestar, na passada quinta-feira, junto ao Hospital das Caldas. A acompanhá-los esteve o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, que exigiu ao Governo a contratação dos 15 enfermeiros e a regularização dos vínculos precários.
“Os enfermeiros fazem e irão fazer falta”, defendeu o delegado sindical, Ivo Gomes, dando como exemplo o hospital da cidade, onde “por mês, são necessárias 1.000 horas de trabalho extraordinário, só no Serviço de Urgência”. O dirigente explicou que já foi apresentado um conjunto de exigências e propostas à administração do CHO, que as “prometeu resolver, mas não o consegue fazer sem autorização da tutela”.
O sindicato alerta que, com estes despedimentos, também está em risco a prestação dos cuidados primários e apela ao governo que resolva a situação. O CHO conta atualmente com 662 enfermeiros e, de acordo com o sindicato, no plano de atividades e orçamento para 2022, a administração pediu mais 110, mas ainda não obteve resposta por parte da tutela.
Comissão de Saúde já reuniu
A preocupação com a dificuldade ao acesso aos cuidados de saúde, a falta de profissionais e necessidade de requalificação das estruturas físicas foi também manifestada pelos deputados na Assembleia Municipal das Caldas de 26 de abril. Foi ainda manifestada a “urgência” de uma reunião da Comissão de Saúde, Termalismo, Qualidade de Vida, Cidadania e Ação Social, que decorreu na passada segunda-feira, com a presença de todos os seus membros.
Feito o diagnóstico da situação e havendo consenso quanto à necessidade dum novo hospital, esta comissão decidiu dar continuidade a relatórios já estruturados e elaborados por comissões anteriores, nomeadamente a coordenada pelo antigo deputado municipal Manuel Nunes (PS), atualizando-os e complementando-os. Ficou ainda decidida a audição dos principais stakeholders na área da saúde na região. O documento elaborado por esta comissão deverá ser apresentado ao plenário da Assembleia Municipal. ■