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Amanhã, dia 17 de Dezembro, faz 25 anos desde que Jeff Haagensen abriu o seu salão nas Caldas da Rainha. O cabeleireiro vindo de Roterdão em busca de uma melhor qualidade de vida, trouxe da Holanda técnicas mais modernas do que as que se praticavam na altura. “Penso que fui dos primeiros a revolucionar a imagem da mulher caldense: tornei-a mais irreverente, atraente, jovem e moderna”, diz o proprietário do Jeff’s Hair Care.
Actualmente, com 59 anos, Jeff Haagensen tem mais de 5000 clientes fidelizados. Destes, cerca de 100 frequentam o seu salão pelo menos uma vez por semana.

Em 1991, Jeff Haagensen deixava para trás Roterdão, alugando a primeira casa na Foz do Arelho. Duas vezes mais pequena que Portugal, a Holanda já tinha, há 25 anos, 16 milhões de habitantes. Para chegar ao seu salão às 9h00, Jeff tinha que sair de casa às 6h30.  “O país já estava esgotado e a minha vida era só trabalho”, explica o cabeleireiro, que encontrou nas Caldas da Rainha, duas décadas antes do boom de estrangeiros que agora se verifica, “qualidade de vida, um bom clima, boa gastronomia e paisagens cheias de natureza”.
Jeff Haagensen, que já tinha passado férias nesta região, instalou-se definitivamente em Abril de 1991. Veio com o seu companheiro, Alexander Reitsma, com quem mantém uma relação há 40 anos e está casado há seis. Em Dezembro do mesmo ano, o holandês abriu o seu primeiro salão, onde actualmente fica o Galeria Café. Mais pequeno, decorado com cavaletes, mármore e madeira mogno, o espaço já era moderno para a época, pois a maioria dos cabeleireiros caldenses cingia-se apenas ao mobiliário essencial. “Antigamente não se investia no conforto e bem-estar do cliente, enquanto que hoje esta é uma das principais preocupações”, conta Jeff, que seis anos depois abriu o actual salão, ao lado do primeiro, onde os apontamentos clássicos e antigos contrastam com elementos industriais. Nas paredes também estão pendurados quadros da autoria do cabeleireiro, que concilia a paixão a tempo inteiro pelos cabelos com as horas livres dedicadas à pintura.

“APRENDI PORTUGUÊS A VER DESENHOS ANIMADOS”

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Os primeiros anos em Portugal não foram fáceis. Não só porque ninguém nas Caldas conhecia o seu trabalho, mas principalmente porque Jeff não falava português. Para compensar o pouco à vontade com a língua, o cabeleireiro esforçava-se por fazer o seu melhor com o pente e a tesoura. Ainda assim, lembra-se de alguns episódios embaraçosos, como daquela vez em que uma cliente lhe disse explicitamente que não queria o cabelo curto, mas o cabeleireiro apenas percebeu a última palavra. Não é difícil de imaginar que o corte final levou umas quantas tesouradas a mais. “Felizmente a senhora perdoou-me o erro e ainda hoje é minha cliente”, conta.
Jeff Haagensen chegou a ter aulas de português durante dois meses, mas explica que não se adaptou. Actualmente fala perfeitamente graças à ajuda que teve das suas colaboradoras, às horas que passou a ver desenhos animados e a ler revistas cor-de-rosa. “A linguagem usada nos programas infantis é simples e pedagógica, por outro lado as revistas ajudavam-me a ter tema de conversa com os clientes”, realça o cabeleireiro que também fala inglês, alemão e, obviamente, holandês.
Um dos avisos colocados à porta do Jeff’s Hair Care diz que após 15 minutos de atraso, o cliente perde a sua vez. Esta foi a estratégia adoptada pelo holandês depois de verificar que a maioria das pessoas chegava constantemente atrasada. Um hábito bem português. “E a regra é igual para todos”, afirma o cabeleireiro, acrescentando que só desta forma assegura uma justa gestão do tempo que dedica a cada cliente. Isto porque, mais do que atender muitas pessoas por dia, é fundamental que o tratamento seja cuidado e personalizado. “É isso que me garante que os clientes voltem e é assim que ganho dinheiro”, salienta.
Jeff Haagensen concorda com o argumento de que uma ida ao cabeleireiro se assemelha a uma consulta no psicólogo, salientando que o mais importante é o contacto que se estabelece e que cada vez é mais raro nas relações do dia-a-dia. “O cabeleireiro toca no pescoço, nas orelhas e na cabeça da pessoa e esse toque é muito íntimo, o que gera um à vontade para que falem sobre os seus problemas”. Do lado do cabeleireiro, é essencial que haja disponibilidade para ouvir, mas também a consciência que o salão é um negócio e, por isso, deve existir um limite de tempo para cada cliente.

DAS PERMANENTES AOS ALISAMENTOS

Quando chegou às Caldas, Jeff Haagensen deu conta que a imagem típica da “mulher empresarial” incluía um cabelo discreto cortado a direito. “Apercebi-me que as cabeleireiras não entusiasmavam as clientes”, explica, acrescentando que terá sido dos primeiros profissionais a revolucionar o visual da mulher caldense. “Trouxe actualidade e diferença com penteados mais atraentes, jovens, modernos e irreverentes”.
Relativamente às modas, Jeff recorda que hoje os alisamentos são uma tendência como o eram as permanentes há 25 anos. Além disso, actualmente pinta-se mais o cabelo, não apenas com o objectivo de disfarçar os fios brancos, mas também para alterar o visual. Com o passar do tempo, as tintas de coloração tornaram-se menos agressivas e os tratamentos capilares tão importantes como os cuidados com a pele. Por outro lado, o cabeleireiro é cada vez mais solicitado por clientes que querem manter a sua cor natural.
Embora tenha vários produtos disponíveis no seu salão, Jeff Haagensen afirma que não é bom vendedor: “não gosto de impingir, aquilo que vendo são os meus penteados”.
A imagem do homem também sofreu alterações. Se antes os clientes do sexo masculino exibiam cortes convencionais, de risco ao lado ou com o cabelo puxado para trás, actualmente querem dar nas vistas com os penteados, pintam o cabelo e têm cuidados com a barba.

“TENHO CONSCIÊNCIA QUE NÃO SOU BARATO”

Aos 59 anos, Jeff chegou a ponderar abrir mais espaços com o seu nome. “Nunca o fiz e não me arrependo, pois teria que dividir a atenção por vários sítios e perderia qualidade de vida”.
Em 2001, o cabeleireiro chegou a participar em eventos como embaixador da Wella, mas acabou por não se adaptar ao ritmo dos palcos. “Não tenho à vontade para falar em público e os espectáculos são muito cansativos. Chegava tarde a casa para no dia seguinte ir trabalhar”, explica.
Mesmo quando se mudou para Portugal, o holandês procurou sempre a tranquilidade dos meios rurais. Primeiro na Foz do Arelho (durante seis anos) e depois em Cortém (Vidais). É nesta aldeia com 20 casas que o cabeleireiro vive com o seu marido, com quem casou em 2010 nas Caldas. Aqui, Jeff Haagensen e Alexander Reitsma são conhecidos como os “cavalheiros” e estão sempre convidados quando há festas e convívios. “Nunca tivemos problemas nem fomos discriminados. Somos amigos de toda a gente. Talvez porque sempre tivemos um comportamento normal que não choca nem provoca as pessoas”, realça.
Há 25 anos aberto nas Caldas, o Jeff’s Hair Care tem cerca de 5000 clientes fidelizados (mais de 100 frequentam o salão todas as semanas), dos quais 40% são estrangeiros. Muitos vêm de Lisboa, alguns até do Porto. “Tenho a consciência que não sou barato”, revela Jeff, que desde 2013 notou uma quebra de 30% de clientes, verificando-se uma retoma nos últimos seis meses.
Este holandês que já identifica Portugal como o seu país, pretende continuar a ser cabeleireiro até à idade da reforma, pondo em hipótese abrir um salão mais pequeno depois dessa fase. Após tantos anos a acompanhar a evolução da sua profissão, Jeff Haagensen continua apenas à espera que no futuro inventem um secador sem fios.

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1 COMENTÁRIO

  1. Até pode ter muitos anos de experiência mas não lhe deram a humildade necessária. Incapaz de reconhecer os erros que comete e de fazer um simples pedido de desculpas. Arrogante!!! É fácil estragar em minutos um cabelo que demora anos a crescer e arruinar a imagem de uma pessoa…… apenas porque não faz o que lhe pedem mas o que lhe passa na careca…..incompetente!!! Não recomendo a ninguém.