Pré-triagem leva a menos 2.282 atendimentos nas urgências num mês

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Os responsáveis da ULS Oeste fizeram o balanço de um mês de funcionamento do projeto “Ligue Antes, Salve Vidas”
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O projeto “Ligue Antes, Salve vidas” resultou, de acordo com a administração da ULS Oeste, numa redução de 16% na deslocação às urgências gerais, básica e pediátrica dos hospitais das Caldas, Torres Vedras e Peniche, entre os dias 12 de dezembro de 2024 e o dia 12 deste mês, face ao ano passado

Ligar para o novo sistema de pré-triagem do SNS permitiu, no primeiro mês de funcionamento, uma redução de 2.282 atendimentos nas urgências gerais, básica e pediátricas dos Hospitais da Unidade Local de Saúde do Oeste (ULS Oeste) em relação ao período homólogo do ano anterior. Já os Cuidados de Saúde Primários deram resposta a 2.272 consultas agendadas diretamente através do novo sistema. Os dados foram apresentados pela presidente do Conselho de Administração da ULS Oeste, Elsa Baião, no passado dia 17 de janeiro, pouco mais de um mês depois da adesão ao projeto “Ligue Antes Salve Vidas”.
Um total de 871 utentes tiveram a sua situação avaliada pelos profissionais da linha SNS24 e ficaram em autocuidados, sem necessidade de se deslocar a qualquer unidade de saúde. Durante este mês registaram uma diminuição média de cerca de 74 atendimentos por dia nas urgências gerais, básica e pediátricas da ULS Oeste, comparativamente a igual período do ano anterior, resultados que, “apesar de ainda serem incipientes em termos de tempos de implementação, são muito positivos e muito promissores”, reconheceu Elsa Baião. A responsável destacou a boa adesão da comunidade, mas também dos profissionais de saúde envolvidos, realçando que até à data não se registaram incidentes, embora houvesse um reforço policial nas unidades hospitalares. “O principal resultado é que ninguém ficou por atender e todos foram direcionados para o nível de cuidados mais adequado”, salientou Elsa Baião.
Para além de uma diminuição diária de 74 atendimentos nas urgências e da prestação de 72 consultas, ao nível dos cuidados de saúde primários, para utentes com doença aguda, esta alteração permitiu também uma redução dos tempos de espera “nomeadamente para os urgentes com pulseira amarela, que nas urgências gerais é inferior a 30 minutos, e da procura, por parte dos doentes com pulseira verde e azul, na ordem dos 40%”, concretizou a responsável.
As referenciações para o Serviço de Urgência via SNS 24, comparativamente com o mesmo período no ano anterior, aumentou 159%, um valor “expectável”, tendo em conta que mesmo aqueles que chegam ao Serviço de Urgência sem antes terem ligado para o SNS24,são incentivados a fazê-lo lá. Elsa Baião considera que será um “processo gradual”, de aprendizagem, tanto para os doentes como para os profissionais, e realça que, sobretudo nesta fase crítica de infeções respiratórias que levam muita gente às urgências, tudo o que conseguirem fazer para retirar doentes desse serviço será positivo.
Também ao nível da Urgência Pediátrica houve uma diminuição dos tempos de espera, embora “menos expressiva”, mas inferior a 23 minutos para os doentes urgentes com pulseira amarela. Também o número de atendimentos decresceu em cerca de 16% comparativamente com o mesmo período do ano anterior, ou seja, menos de 23 episódios de urgência por dia. A redução de pulseiras verdes situou-se nos 34%.
No caso concreto da Urgência Pediátrica, ainda são mais de 50% os utentes que chegam ao hospital sem referenciação e as pulseiras verdes ainda têm um peso elevado, na ordem dos 46%, embora antes da implementação do projeto ultrapassasse os 60%. “Em alguns meses chegavam aos 70% o peso dos doentes com pulseira verde e azul nas urgências pediátricas”, observou Elsa Baião.
Dias depois do arranque do projeto nas Caldas, que ocorreu a 12 de dezembro, iniciava-se também a pré-triagem telefónica da Ginecologia e Obstetrícia, mas que devido a problemas ao nível do sistema informático, não é possível divulgar ainda os dados, de forma fiável, remetendo a ULS Oeste essa informação para os próximos meses. Neste tipo de urgência, houve encaminhamento de 200 doentes para os cuidados de saúde primários, com consultas agendadas, e foi também criada uma consulta aberta, no Hospital, para atendimento das utentes que não precisavam de se dirigir ao serviço de urgência.
“Há muitos processos que precisam de ser refinados e melhorados e esse também é o nosso objetivo”, referiu Elsa Baião, comprometendo-se no esforço a fazer para que esta “reorganização seja cada vez mais efetiva” e uma “mais-valia para as pessoas”.
Por sua vez, Pedro Carvalho, diretor clínico para a área dos cuidados de saúde hospitalares, garantiu que ninguém fica sem ser atendido caso se sinta mal e vá ao Hospital. “Gerimos da melhor maneira, optimizamos para aquele doente qual a melhor forma de lhe responder”, disse o médico, explicando que se a triagem indicar uma observação urgente ele é atendido na Urgência, se atribuir cor verde ou azul, verificam se há vagas disponíveis para o encaminhar para uma unidade de cuidados de saúde primários.
A ULS Oeste aderiu ao projeto a 12 de dezembro como forma de capacitar os cidadãos para obterem informação necessária para se dirigirem ao melhor local, na hora certa, para um atendimento mais adequado de acordo com as suas necessidades clínicas. O projeto pretende também retirar pressão dos serviços de urgência, direcionando para outros serviços os casos que não são urgentes.
Elsa Baião diz estar consciente que o projeto não vai resolver todos os problemas que existem nos serviços de urgência, mas considera que este é uma porta de acesso ao SNS na perspetiva da melhoria do acesso, de capacitação dos cidadãos e aumento sua literacia, bem como de melhoria das condições de trabalho nos serviços de urgência e a satisfação dos utentes e profissionais. ■

O projeto permitiu uma redução de 16% na ida às urgências dos três hospitais

 

“Quando um utente pede uma consulta tem de sair com uma resposta”

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As consultas não urgentes são resolvidas a prazo, mas o utente tem de ser informado da expetativa de atendimento

A alteração na forma de acesso nas unidades dos cuidados de saúde primários, com a inscrição dos utentes e o reforço do atendimento complementar deram resposta à implementação do projeto Ligue Antes Salve Vidas. De acordo com o diretor clínico para a área dos Cuidados de Saúde Primários, Rodrigo Marques, é privilegiado o atendimento na unidade funcional de inscrição, mas caso não haja vaga ou esta esteja encerrada, a pessoa é encaminhada para o atendimento complementar, o que acontece sobretudo aos fins de semana e feriados, referiu.
Já as consultas não urgentes são resolvidas a prazo. “Se não tivermos capacidade de resposta imediata as pessoas são inscritas em lista de espera e serão chamadas quando chegar a altura”, explicou, fazendo notar que, dependendo dos locais, essa espera pode ser de algumas semanas a meses.
No entanto, garante Rodrigo Marques, está a ser trabalhado com todos os administrativos dos 85 locais de atendimento da ULS Oeste, para que os utentes não saiam de lá sem informação. “Quando um utente recorre a uma unidade a pedir uma consulta tem de sair daquele atendimento com uma resposta: seja com um agendamento, se for possível fazê-lo naquela altura, ou com uma inscrição em lista de espera e com uma expetativa de quando vai ser chamado”, explicou, acrescentando que as consultas podem ser pedidas ao balcão, pelo e-mail ou pelo telefone da unidade.
Relativamente às 12 vagas para a área de Medicina Geral e Familiar que foram atribuídas pela tutela à ULS Oeste, a presidente do CA, Elsa Baião, disse que foram pedidas mais, mas preocupa-a mais o facto de nem essas conseguirem preencher na totalidade. “No último concurso tivemos 17 vagas, conseguimos nove candidaturas e ficaram quatro médicos”, informou. ■

Alterações nos cuidados primários permitiram resposta ao projeto
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