Recuperação de igreja no Landal vai restituir as pinturas originais

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António Luís Lourenço é natural de Santa Catarina
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Obras começaram por ser de manutenção, mas avançaram para a recuperação e restauro

Pormenor de zona da parede que permite ver as diferentes camadas de tinta

Desde uma pedra que indica quem mandou construir a igreja e em que ano, às pinturas originais das paredes, muitas são as mudanças a ocorrer por estes dias na capela de Santa Suzana do Landal (no concelho das Caldas). É que está a decorrer, desde março deste ano, uma intervenção que começou por ser um trabalho de manutenção, mas que avançou para uma vertente de recuperação e restauro do património existente. Mas, vamos por partes…
O padre José Gonçalves conta à Gazeta das Caldas que começaram por recuperar um telhado degradado, seguiram-se as pinturas e depois pensaram em recuperar o altar e um arco de pedra, que estava pintado.
Foi precisamente nesse arco que António Luís Lourenço, que é de Santa Catarina e que há mais de 25 anos faz restauros em madeira e, em particular, em peças de arte sacra, acabou por descobrir, por baixo de camadas de tinta que escondiam a informação, a pedra de fecho do arco, que refere que terá sido um tal de “Pimenta” a mandar construir a capela em 1611.
Foi também no restauro do arco em pedra que descobriu as pinturas originais das paredes, que estão a tentar recuperar, num trabalho moroso, com um bisturi. “As paredes estavam todas pintadas de branco”, recorda o pároco, garantindo que vão “tentar recuperar o máximo”.
Para António Luís Lourenço “é gratificante descobrir isto”, partilha. “Além da pintura original, é possível perceber que já pintaram de rosa, depois de cinza e, finalmente, de branco”, conta, demonstrando as várias camadas.
Este artesão da madeira já está também a trabalhar no altar e, no final, irá proceder à desinfestação de toda a madeira. “Ainda estão aqui alguns meses de trabalho”, esclarece, frisando ainda assim que “as pessoas vão conhecer uma coisa que nem sabiam que tinham”.
Na primeira fase do telhado e tetos, foram investidos perto de 50 mil euros. Para esta fase de restauro ainda não há orçamento, até porque inicialmente não estavam previstos estes trabalhos, mas dada a relevância do que foram encontrando, decidiram avançar.
O padre José Gonçalves diz que no futuro gostariam de integrar um roteiro religioso das Caldas, ou um que envolvesse mais municípios vizinhos (como Óbidos e Alcobaça) e de ter a igreja aberta um ou dois dias por semana para visitas.
Em Santa Suzana, no final das obras, haverá missa todas as segundas-feiras e ao domingo a cada duas semanas. “O movimento religioso aqui é mínimo”, lamenta José Gonçalves, notando que é difícil fixar as pessoas nestes territórios. ■

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