Esteve nas Caldas e aproveitou para inaugurar uma mostra da sua cerâmica na capital
É o ceramista caldense que tem a carreira mais internacional. Encontra-se a viver em Quimperlé, na Bretanha, desde finais dos anos da década de 70.
Eduardo Constantino esteve nas Caldas durante o mês de outubro, como é habitual e veio também a Lisboa para inaugurar a exposição “Pareidolia”, na Galeria Objetismo. A escolha do nome prende-se com o facto de quando se olha para uma peça abstrata e se imaginar o que se quiser. “Cada um vê o que lhe dita a sua imaginação”, explicou o artista à Gazeta das Caldas. Nesta mostra apresenta obras com as faces distintas e que estão a ser um verdadeiro sucesso pois até perguntaram ao artista caldense se eventualmente teria mais obras para disponibilizar para venda.
É sempre tudo pensado em relação às suas peças: as suas várias faces, a cor, a forma e até a própria textura das obras.
“As obras monocromáticas não são para mim!”, disse o ceramista que ao longo da sua carreira sempre apostou forte na exuberância das cores. E partilhou que algumas “demoram uma semana para pintar”. Eduardo Constantino trata as suas peças de cerâmica “como se fossem pinturas…”, disse o artista, acrescentando que após este processo, se seguem duas ou três cozeduras o que faz com que as designe como “peças longas”. Aos 76 anos, este autor já escolhe as exposições que quer realizar. “Continuo o trabalhar e não consigo deixar de o fazer…É uma verdadeira paixão!”.
Antes de vir para Portugal, o caldense já sabe qual o projeto que se segue.
Eduardo Constantino também trabalha o próprio barro misturando, por exemplo, o grés com pedaços de porcelana. Dessa forma “escolhemos o barro que queremos e quais as tonalidades desejadas”, disse o autor realiza esta prática para trabalhos especiais.
Os vidrados, profusamente coloridos, são a marca distintiva do autor que aprendeu a sua fabricação em França. Somou esse conhecimento ao que aprendeu nas Caldas, com o rodista Guilherme Barroso, no seu atelier, que ficava no Bairro dos Arneiros, antes de ter escolhido rumar para terras gaulesas.
“Não há um verdadeiro museu de cerâmica”
O autor, que tem um olhar crítico, lamenta por exemplo que não haja uma ligação entre os vários museus caldenses, concentrados na mesma zona. “Na verdade não há um verdadeiro museu de cerâmica nas Caldas, há sim um museu instalado numa casa”. E parafraseando o agente cultural caldense, o seu amigo José de Sousa, o ceramista considera que “devia haver a casa, como exemplo de uma habitação com cerâmica, e um museu construído nas proximidades”. E ainda refere que a maioria das peças “não estão à vista das pessoas mas sim no acervo do museu, na cave”. Incluem-se algumas que este autor ofereceu àquele espaço museológico.
Na sua opinião, os museus locais deveriam funcionar em interligação”, e deu como exemplo o facto de ter ido visitar a Coleção de Cerâmica Municipal, que se encontra no Centro de Artes, “e não há qualquer indicação sobre esta realização na zona dos museus”. Assim como “também não há catálogo…”, criticou o autor que também tem uma grande peça nessa exposição, aberta durante a realização do Congresso Internacional de Cerâmica.
Na sua opinião, a cerâmica” vive um bom momento” na Europa com muitos jovens a trabalhar na área. “Daqui a uns anos haverá uma seleção, tal como aconteceu com a minha geração”, disse o artista que esteve anteriormente a expôr no Museu de Palissy, onde deu a conhecer grandes pratos. E está orgulhoso dado que um dos seus filhos, Miguel Constantino, está a dar os primeiros passos na cerâmica.
O caldense possui obras em museus de vários países como na Alemanha, Itália, França e também em vários museus portugueses. ■