Tradições da Vila voltaram à cidade

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Cortejo etnográfico e recriações levados a cabo por mais de 180 figurantes de oito ranchos folclóricos. Encontro de gaiteiros espalhou música pelas ruas

As Tradições da Vila estiveram de volta à cidade das Caldas, no sábado, 7 de outubro, numa edição, a sétima, dedicada às vindimas. Este ano, foi no Parque D. Carlos I que as descobrimos. Malhou-se o milho, cavou-se à manteia, mas, no final, todos se reuniram para bailar em roda. Houve ainda um “pobre” ceguinho que entoou sete tragédias em formato de fado, enquanto vendia folhetos de cordel por dois tostões.
As recriações foram levadas a cabo por mais de 180 figurantes, dos ranchos da Fanadia, Alvorninha, A-dos-Francos, Guisado e Ramalhosa, que organizam o evento, mas também da Sancheira Grande, da Nazaré e da Ribeira das Lajes, Oeiras, os quais partiram num cortejo etnográfico do Largo Frederico Pinto Bastos, no Bairro da Ponte, para atravessar o Bairro Azul e animar a Rua das Montras e a Praça da Fruta, até ao Parque.
“Este ano deixámos de fazer os quadros etnográficos na rua, preferimos fazer no parque, por questões técnicas e também por causa das temperaturas. Na rua não havia condições para meter som em todos os locais onde fazíamos as recriações”, explicou Sérgio Pereira, dinamizador do evento e diretor do Rancho da Fanadia.
Os mais novos não faltaram, para quem o evento “é uma aprendizagem”, afirmou Maria de Lurdes Barqueiro, do Grupo Etnográfico Danças e Cantares da Nazaré. “Do nosso grupo, temos duas crianças, uma com quatro e outra com cinco, que estão neste momento a tirar o milho da maçaroca, e estão todos felizes da vida. Também já viram como se lavava no rio, como se torcia a roupa, como se apregoava o peixe”, continuou a nazarena, vestida com um traje domingueiro para ir à fonte e que participou pela segunda vez no evento.
Já para o rancho da Ramalhosa, a participação foi uma estreia. Mas “não queremos deixar de participar deste convívio, de estarmos junto dos outros ranchos e de representar também as nossas tradições”, afirmou Sónia Vieira, enquanto envergava um traje de trabalho, deixando ainda um convite para a Festa da Água Pé, que o rancho ao qual pertence, com mais de 20 elementos, vai dinamizar no dia 21 deste mês, com um jantar e jogos tradicionais na sua sede.
Neste intermédio, a cidade não foi esquecida, e quatro grupos de gaiteiros – os Gaiteiros da Bardoada, de Pinhal Novo; “Os Courelas”, de Chão Duro, Moita; os Gait’arte, de Coimbra, e “Os Canários”, da Redinha, Pombal – espalharam a música. No final, atuaram no Parque, após a distribuição da adiafa, pelo casal de patrões, Jacques Genet, francês, e Estella Pujadas, da Argentina, residentes em Alcobertas, Rio Maior, que pertencem ao Rancho da Fanadia e dão aulas de guitarra clássica na Universidade Sénior das Caldas.
Quem saiu vencedor foi, uma vez mais, o espírito de divulgação e preservação dos costumes dos finais do séc. XIX e inícios do séc. XX, “não só musicais, como da vivência quotidiana das aldeias”, num evento em que “os grupos não trazem a bandeira” e que é apoiado pela Câmara das Caldas e pelas uniões de freguesia urbanas, rematou Sérgio Pereira. ■

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