Cutelarias de Santa Catarina e Benedita acolhem certame que discute o desenvolvimento do setor e contará com uma feira e uma exposição internacionais
Caldas da Rainha foi escolhida para acolher a próxima edição do Encontro Mundial de Cutelaria, em 2026, num evento que será partilhado com Alcobaça. O cluster das Cutelarias de Santa Catarina e Benedita, nos concelhos das Caldas da Rainha e Alcobaça, esteve presente de 14 a 18 de outubro na edição deste ano, a quarta, que decorreu em Tandil, Argentina.
A assembleia geral da Associação de Capitais Mundiais de Cutelaria, que decorreu durante o encontro da Argentina, escolheu a candidatura das Caldas da Rainha para acolher a quinta edição do encontro mundial do setor. A candidatura teve a concorrência de Bursa, na Turquia, mas acabou por ser a eleita.
“A organização deste evento traz prestígio mundial à cutelaria da nossa região”, disse Joaquim Beato à Gazeta das Caldas. “Vamos acolher 200 a 300 pessoas do estrangeiro ligadas ao setor, o que coloca a cutelaria da região no centro do mundo e vai criar oportunidades de negócio concretas, uma vez que vamos convidar a estar presentes grandes compradores”, acrescenta o vice-presidente da Câmara das Caldas.
Já em Albacete, no encontro de 2022, Caldas da Rainha tinha assinado a demonstração de interesse em ser anfitrião do evento. Mas teve a concorrência da Turquia, um mercado de cutelaria que se encontra em ascensão, impulsionado pela crise geopolítica na Rússia/ Ucrânia e no Médio Oriente, explicou à Gazeta das Caldas Sérgio Félix, secretário-geral da AIRO – Associação Empresarial da Região Oeste. “Havia um interesse muito grande da Turquia em acolher o próximo encontro, o que obrigou a uma negociação grande da nossa comitiva, e conseguimos com os apoios da Espanha e de França”, disse Sérgio Félix. “Acolher o Encontro de 2026 é, para nós, bastante importante, quer a nível institucional, quer para valorizar a cutelaria nacional no panorama internacional”, completou.
O cluster de cutelaria da região esteve presente em Tandil representado pela Câmara das Caldas da Rainha, através do vice-presidente Joaquim Beato, da AIRO, pelo secretário-geral Sérgio Félix, pelos presidentes de junta de freguesia de Santa Catarina, Fernando Fialho, e da Benedita, Maria de Lurdes Pedro. Num stand foram expostos objetos de cutelaria das empresas locais e flyers com informação sobre as mesmas, esteve ainda presente o cutileiro Vasco Matias, da Curel, em representação dos empresários.
A deslocação da comitiva à Argentina “obrigou a um esforço grande de todas as partes, mas era fundamental estar presente para posicionar a região entre as capitais mundiais de cutelaria”, realça Sérgio Félix.
Esta foi a segunda vez que o cluster esteve representado no encontro mundial do setor em conjunto, depois da presença há dois anos, em Albacete. Nesse encontro foi formalizada a constituição da Associação das Capitais Mundiais de Cutelaria, onde estão representados os maiores centros mundiais desta indústria. Nessa altura, Caldas da Rainha aderiu à associação. Na assembleia geral deste ano foi formalizada a adesão das juntas de freguesia de Santa Catarina e da Benedita, assim como da Turquia. Na eleição para os corpos sociais, Caldas da Rainha foi eleita como vice-presidente, em conjunto com Albacete.
Outra resolução importante emanada da assembleia foi a preparação da candidatura da cutelaria a património imaterial da humanidade, tendo sido constituída uma equipa liderada por Thiers para desenvolver esse processo.
Voltando ao Encontro Mundial a realizar em 2026, a definição do evento, que deverá ter lugar na primeira metade de 2026, vai agora ser definido pelos vários parceiros envolvidos, que além dos concelhos das Caldas da Rainha e Alcobaça, envolve a AIRO como parceira do cluster de cutelaria e as juntas de freguesia do cluster. O certame será constituído por diversas iniciativas, incluindo fóruns nos quais se procura acrescentar valor à indústria, com partilha de conhecimento, investigação e desenvolvimento de produto e de tecnologia para a produção. Terá ainda visitas às empresas, uma feira internacional e a exposição de uma coleção de cutelaria internacional que foi constituída em Thiers, cidade que acolheu o primeiro encontro, e tem vindo a receber acervo, incluindo já algumas peças da região. A coleção vai ficar durante cerca de um ano, até ser deslocalizada para o local do próximo encontro. “Queremos acrescentar entre 50 a 100 peças da região a esta coleção, porque isso vai valoriza a história das empresas locais”, sublinha Sérgio Félix.
A marca Cutelarias de Santa Catarina e Benedita foi constituída oficialmente em 2018, em conjunto com a AIRO, e tem vindo a desenvolver diversas ações para a sua promoção, incluindo um livro que está atualmente a ser criado com o registo histórico desta arte na região e que deverá ser apresentado no encontro mundial de 2026.
Sérgio Félix nota que este é um cluster industrial altamente relevante para aquelas duas freguesias ao nível da economia e do emprego. “Gera perto de 40 milhões de euros de faturação, aos quais acrescem os negócios de serviços que lhes estão interligados”, realça. É ainda responsável por cerca de 800 postos de trabalho diretos, ou 1500 incluindo os indiretos.
“É um dos clusters de maior dimensão, com uma importância extraordinária para os dois concelhos, e essa é a razão desta luta do município para procurar apoiar esta atividade económica”, acrescenta Joaquim Beato. O autarca caldense sublinha também a importância de fazer um trabalho conjunto com Alcobaça, como já aconteceu no campo da cerâmica e com outros concelhos, nomeadamente Rio Maior e Óbidos noutros campos. ■