Refletir sobre as Canções de Liberdade

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Novo livro dedica-se às canções e à política em Portugal e no mundo nas décadas de 60 e 70 do século passado

Foi lançado recentemente o livro “Canções de Liberdade. A Política Cantada em Portugal e no Mundo (1964-1974)”, de Jorge Mangorrinha e de Abel Soares da Rosa.
O arquiteto caldense escreveu o Lado A, a primeira parte, mais extensa, de análise da produção musical e fonográfica feita, durante o período de 1964 a 1974. A escolha é justificada pelo autor já que em 64 “é o ano em que os Beatles saltam de Inglaterra para o êxito americano e no resto do mundo ocidental” e é nesse ano que Jacques Brel grava “Amsterdam” no Olympia, em Paris.
Guiados pelo autor, o leitor viaja por vários países e fica a conhecer as canções de vários lugares, assim como a contextualização social e política que as fez surgir.
Ao longo da sua viagem cronológica Jorge Mangorrinha partilha com os leitores que o avô e o pai foram instrumentistas e que coube a este último, que também foi tenor, fundar vários conjuntos musicais das décadas de 1950 a 1970 nas Caldas da Rainha. Conta que estes “respiravam música e falavam com orgulho dos familiares Francisco Naia e Tonicha, pois ambos tiveram canções censuradas. Ele antes de Abril, ela depois da Revolução dos Cravos com o tema “O Preto no Branco”. O investigador conta aos leitores que estas canções de liberdade “não enganam, dizem verdades”. Acrescenta que são temas “para ouvir de olhos abertos” porque foram feitas como “um processo de troca entre artistas e público, entre passado e presente, o que permitiu materialização de novas e alternativas formações musicais”. Na sua opinião, as canções, em si mesmas, não podem mudar o mundo, mas certamente têm a capacidade de mudar as mentes das pessoas que podem mudar o mundo”.

Homenagear Abril
Por seu lado, Abel Soares da Rosa escreve o Lado B deste livro, apresentando 50 músicas, 50 discos ilustrativos da temática e que espelham a diversidade de culturas e diferentes géneros musicais.
Nesta escolha, toma-se critério não repetir artistas, nem a mesma se assume como definitiva dado que explica o autor “é sempre uma escolha pessoal e emocional”.
Abel Soares da Rosa esteve nas Caldas em novembro passado pois é co-autor do livro, “Santa-Bárbara, capista de Zeca”. Fê-lo em conjunto com José Santa Bárbara , que foi o autor que criou várias capas de álbuns de Zeca Afonso.
Entre as suas escolhas contam-se “Trova do Vento que passa” tema interpretado por Adriano Correia de Oliveira ou The Times are A-changing” de Bob Dylan. Somam-se temas de Luís Cilia, Nina Simone, The Rolling Stones, Carlos Paredes, Aretha Franklin, José Mário Branco, José Cide Jacques Brel. Nesta obra, da Caminho, pretende-se também homenagear os 50 anos do 25 de Abril de 1974, “olhando a última década do regime do Estado Novo em Portugal, sem deixar de analisar igualmente canções de outras geografias”. ■

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