Antigos alunos e professores reuniram-se na inauguração da grande exposição, histórica e de memória, que pode ser apreciada em toda a escola
Foi uma das mais concorridas inaugurações dos últimos tempos. A Secundária Rafael Bordalo abriu as suas portas, na passada sexta-feira, para inaugurar a mostra “A Permanência do Saber: Uma herança criativa”. Muitos antigos alunos e professores juntaram-se nesta iniciativa que quer dar a conhecer o rico acervo da escola. Para o diretor do Agrupamento, Jorge Pina, “este é um momento relevante, de importância para a escola, para o Agrupamento, comunidade, cidade e região”. As obras “foram feitas aqui na escola com a orientação de outros mestres e transcendem o tempo”, referiu o diretor. Vitor Marques, o edil caldense, salientou que esta mostra resultou de um desafio colocado à escola e que se reveste de especial importância dado que se dedica a dar a conhecer patrímónio feito por caldenses ao longos de vários anos
Celeste Tornada, a curadora da mostra, referiu que esta “é o culminar de um ano de trabalho intenso de uma equipa muito reduzida que tiraram peças cerâmicas em armazém por se encontrarem danificadas, sobretudo painéis que foram retirados das paredes em 2008, aquando das obras de requalificação e ampliação da Escola pela Parque Escolar”. A exposição, disse, é uma celebração do saber artístico desenvolvido ao longo dos anos por alunos e professores desta instituição, desde a sua fundação em 1885, com destaque para os trabalhos realizados nas décadas de 60, 70 e 80 do século XX.
A Secundária tem como matriz a ligação à então Escola de Desenho Rainha Dona Leonor, instituida em 1884, com a Fábrica de Faianças de Caldas da Rainha. “Este vínculo resulta de um acordo que entrou em vigor em 1887, quando o governo estabeleceu um protocolo com a fábrica, através do qual esta ficava responsável pela formação técnica e profissional”, disse a curadora. A proximidade entre a fábrica e a escola gerou um ambiente sinérgico onde a teoria e a prática se complementavam. “Rafael Bordalo Pinheiro é simultaneamente o diretor artístico da Fábrica de Faianças e docente na Escola de Desenho”, contou a docente que foi também a guia da exposição. Do acervo faz parte um conjunto de bordados “primorosamente desenhados e executados no Curso de Formação Feminina” e que podem ser apreciados no bloco do auditório escolar. “A Bordalo destacou-se também na divulgação das técnicas associadas aos bordados das Caldas e também de Óbidos”, disse. A docente Maria José Rocha – que fez parte da equipa da mostra – explicou que este “é um museu de uma escola, com um lado pedagógico e muito vivo”. As peças exposta servirão de ponto de partida até para as aulas”. São seguramente mais de mil as peças que agora podem ser apreciadas em várias zonas deste estabelecimento.
A cerimónia terminou em festa com a celebração dos 60 anos do primeiro edifício da secundária. Entre os antigos alunos esteve presente Vasco Luís, que viveu 25 anos nas Caldas. Frequentou a escola nos anos 60, 70 do século passado e gostou do que viu. “Têm aqui uma representatividade bastante grande”, disse o antigo aluno de 70 anos, que quer voltar à exposição, acompanhado pelos netos para lhes mostrar os trabalhos que aqui realizou. Vasco Luís teve fábricas de cerâmica e foi professor a partir dos 21 anos.
Afonso Henriques, de 70 anos, frequentou a escola de 1966 a 1968. “Sou um exemplo, pois estou desde sempre ligado à cerâmica”. Conheceu e trabalhou com vários mestres e oleiros das Caldas e, aos 18 anos, teve a oportunidade de ser professor de cerâmica em Torres Vedras. ■