Uma “viagem” pela luz dos edifícios caldenses

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A conferência “Nós sob luz e sombra” foi moderada por Nicola Henriques e contou com a participação de arquitetos, designers e um cineasta
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Numa visita guiada pelo Chafariz das Cinco Bicas, o exterior do edifício dos antigos Paços do Concelho e o exterior da Igreja de N. Sra. do Pópulo, o designer de iluminação Alexandre Neto explicou como foi executar os projetos de iluminação nestes edifícios da cidade. A visita noturna, que aconteceu a 21 de março, teve como primeira paragem o Chafariz das Cinco Bicas, o projeto mais recente dos três e que foi inaugurado em 2024. De acordo com o também arquiteto caldense, este foi o “mais desafiante” em termos de instalação, tendo em conta que os equipamentos estão quase todos dentro de água, seguros com bases pesadas, de modo a não fazerem furos na pedra, e os mais sensíveis encontram-se apenas pousados. O responsável falou ainda da dificuldade de levar as alimentações elétricas a alguns locais mais difíceis, como dentro das conchas. “Tiveram de ser colocados dentro das canalizações e, noutros sítios, houve necessidade de serem escondidos nas juntas da pedra”, explicou, destacando o trabalho da  equipa da Câmara, que fez a instalação.

Este projeto assenta num conceito de  preto e branco, tendo em conta que os limos que se formam naquele monumento alteram a tonalidade da luz.

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O edifício dos Paços do Concelho foi o primeiro a ser intervencionado por Alexandre Neto, em 2017. Tratou-se de uma intervenção de “muito pouco custo”, recordou, destacando que um dos objetivos bem conseguidos foi conseguirem, através do design de iluminação retirar o triângulo de sombra que antes surgia em cima do relógio exterior.

O projeto de iluminação exterior da Igreja de nossa Senhora do Pópulo decorreu entre 2020 e 2023, resultando num processo “bastante longo”, em que precisaram de autorizações da Direção Geral do Património para intervir no edifício classificado como Monumento Nacional. Neste caso, tiveram que desenhar mais peças por medida, “tanto para conseguirmos ter o efeito de luz que queríamos como para esconder melhor os equipamentos e garantir que as fixações não estragavam  o património”, explicou Alexandre Neto.

Apesar dos outros dois imóveis não terem classificação, o arquiteto garante que tiveram “os mesmos cuidados” com o património.

Esta visita foi precedida por uma conferência, no Espaço Turismo, moderada por Nicola Henriques e com a presença do designer de iluminação Alexandre Neto, do arquiteto Carlos Flor, do cineasta Guilherme Rocha e do designer Eduardo Pinto (WeAre Interactive), onde foram abordados vários projetos de iluminação, bem como a importância da luz e da sombra.

Alexandre Neto tem concluído um projeto de iluminação para a fachada do Museu do Ciclismo, que deverá ser executado em breve, e há a perspetiva de uma intervenção no Jardim de Água, assim como de outros trabalhos na região.

O designer de iluminação considera que se têm registado melhorias ao nível da iluminação dos edifícios na cidade, mas reconhece que “é um processo lento”. Destaca as intervenções no património público, por parte da autarquia e junta de freguesia, que tem levado a um “efeito de rastro” nos edifícios particulares.

Mas, se por um lado, ter uma iluminação adequada melhora a atratividade de um local, há outros onde não devia de haver iluminação. Alexandre Neto dá como exemplo a estrada junto à Lagoa de Óbidos, entre a Foz do Arelho e o Nadadouro, onde atualmente existe muito pouco trafego à noite e não havia necessidade de iluminação tendo em conta o ecossistema existente. “O Eduardo [Pinto] falou há pouco da poluição luminosa, que não é só para nós, humanos, não mexe só com o nosso ciclo circadiano, também mexe com o dos animais”, disse, acrescentando que, naquele caso, está a dar-se luz a animais que precisavam de escuro para manter os seus ritmos naturais.

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