Técnico caldense de 46 anos iniciou este mês a terceira “aventura” no estrangeiro. Depois das Ilhas Faroé e de Guernsey, está agora ao serviço da Federação de Badminton do Luxemburgo
Paulo Pinheiro ganhou vários títulos nacionais de badminton nos escalões de formação, mas uma lesão impediu-o de dar continuidade à carreira. A paixão pela modalidade levou-o a tornar-se treinador e a vontade de ser profissional de badminton conduziu-o ao estrangeiro, há oito anos. Depois de experiências enriquecedoras nas Ilhas Faroé e nas ilhas britânicas de Guernsey, acabou de abraçar um novo desafio, no Luxemburgo.
Foi no MVD, nas Caldas da Rainha, que, com apenas 9 anos, Paulo Pinheiro começou a dar os primeiros passos no badminton. “Sempre fui atleta do MVD durante toda a minha carreira. Ganhei vários títulos de campeão nacional nas camadas jovens, tanto em singulares como em pares”, conta. Além disso, representou Portugal em dois campeonatos da Europa, o primeiro no escalão de juvenis, nos Países Baixos, e depois de juniores, numa prova que decorreu nas Caldas da Rainha.
O rumo da carreira mudou devido a uma lesão grave, que aconteceu na sua primeira época como sénior. “Tive uma lesão que me deixou fora de toda a temporada. Foi aí que comecei a afastar-me um pouco como jogador”, recorda. Nessa altura, já o caldense, hoje com 46 anos, se tinha formado como treinador.
Foi Jorge Cação, então selecionador nacional e treinador do MVD, quem lhe abriu a porta ao treino, em 2010. Paulo Pinheiro começava, assim, no seu clube de sempre, o percurso como treinador. Nessa altura, o técnico conciliava o treino com uma atividade profissional, no escritório de uma empresa de construção civil. O trabalho fazia-o passar muito tempo sentado ao computador, o que lhe trouxe problemas. “Ganhei muito peso e desenvolvi um problema de coluna. Eu sentia-me bem era a andar, então comecei a dar mais treinos”, conta. Até que uma conversa com Jorge Cação o levou a tomar uma decisão ousada. “Ele disse-me que eu tinha potencial e que, se treinar era realmente o meu sonho, o ideal era procurar isso no estrangeiro, porque em Portugal é extremamente difícil ser treinador profissional sem ser no futebol”, recorda.
E assim fez. Começou por ir ao estrangeiro fazer formações e, depois, a concorrer a ofertas de trabalho como treinador noutros países e em 2017 foi chamado para as Ilhas Faroé.
“Fui treinar o maior clube a nível de praticantes e também era adjunto na seleção nacional”, conta. A seu cargo teve ainda a missão de iniciar o Parabadminton. Esse foi um projeto particularmente compensador. “Em pouco mais de dois anos e meio que lá estive, uma atleta em cadeira de rodas começou comigo com 13 anos e, aos 14, foi ao Campeonato do Mundo”, sublinha. Paulo ficou ainda como treinador principal da seleção que participou no Special Olympics, em Abu Dhabi, que teve como melhor resultado uma medalha de bronze em pares homens na terceira divisão.
Ao fim de dois anos e 10 meses nas Ilhas Faroé, Paulo Pinheiro foi convidado a ir para Guernsey, território britânico localizada no Canal da Mancha. Em Guernsey assumiu o papel de diretor de desenvolvimento do badminton, desde as crianças aos seniores, e ainda preparar a seleção para os Island Games, uma competição que reúne ilhas de todo o mundo. “Participámos em cinco provas individuais e ganhámos quatro medalhas de bronze e uma de prata. Foi uma equipa jovem, que eu ajudei a moldar desde o início. Ver a evolução desses atletas foi uma das maiores satisfações”, revela.
Parte desse trabalho passou por desenvolver a modalidade com trabalho realizado nas escolas. “Lá, durante 6 semanas os alunos trabalham apenas uma modalidade. Esse trabalho permitiu atrair muitos atletas e a modalidade teve um crescimento enorme. Entre os resultados, conta-se o título de campeão regional com uma equipa de Sub12. Nos Island Games, “nas cinco provas individuais conseguimos quatro medalhas de bronze e uma de prata, além de uma medalha de bronze na prova por equipas”, conta.
Entretanto, a experiência em Guernsey chegou ao fim este mês, após ter recebido um convite da Federação de Badminton do Luxemburgo. Nesse país, desde o dia 1 de novembro que está a treinar dois clubes, a trabalhar com as camadas jovens das seleções nacionais até aos Sub17 e ainda a ser treinador assistente na seleção nacional. “Acho que o Luxemburgo está a apostar muito no desporto. É um país central na Europa, o que dá outra visibilidade ao meu trabalho e permite participar em torneios na Bélgica, França, Alemanha e outros países vizinhos. É uma oportunidade que me entusiasma muito”, partilha.
Além das conquistas e do desenvolvimento técnico, o caldense de 46 anos sublinha que a sua maior recompensa vai além das medalhas e troféus. “O que me dá mais gosto é ver jovens atletas crescer. Mais do que se tornarem campeões, é saber que estamos a moldar personalidades, vê-los evoluir como pessoas, tornando-se melhores não só dentro do campo, mas também fora dele”, reflete.
Apesar de estar longe de casa há oito anos, Paulo Pinheiro mantém uma ligação forte com o badminton em Portugal. Sempre que regressa às Caldas da Rainha, não perde uma oportunidade para treinar no MVD. “A realidade do badminton nas Caldas mudou muito nestes últimos oito anos”, diz. O técnico caldense também demonstra felicidade ao ver que Jorge Cação, que o lançou no mundo do treino, será o novo Diretor Técnico Nacional e que a Thelma Santos assumirá o papel de selecionadora nacional. “São pessoas com um enorme valor para o crescimento da modalidade”, conclui. ■