Arquitetos finalistas criaram projetos para melhorar o tecido urbano caldense. Propõem ideias para os vazios, ligam a cidade e esta última à ESAD.CR
“Território Cidade, Território Lugar” assim se designa o projeto, desenvolvido há dois anos e que trouxe alunos finalistas de Arquitetura do ISCTE a trabalhar sobre o território caldense. Com a coordenação dos docentes Pedro Mendes e Pedro Botelho, os projetos dos alunos finalistas do 5º ano (com mestrado integrado) foram dados a conhecer no sábado, 2 de novembro, nos Silos. Estes incidiram sobre “a zona consolidada da cidade, embora um dos trabalhos envolva a ligação entre a cidade e a ESAD.CR”, disseram os docentes. Houve um protocolo que foi estabelecido entre a universidade, a autarquia e a Associação Silos Contentor Criativo que mostrou, no sábado, os resultados finais dos projetos.
“Algo que nos entusiasmou foi a possível, desejada, reabilitação da Linha do Oeste”, contaram os docentes que coordenaram trabalhos, que apostaram na revitalização da zona da Estação de Comboios “para que não haja uma dependência tão grande da rodovia”. Recuperam-se então as antigas vias que ligavam o coração da cidade à zona da estação “prevendo até a construção de uma nova Avenida da Estação”, contaram os docentes. Houve ainda a previsão de bolsas de estacionamento, a ligação com a ESAD.CR prevendo a criação de um auditório que selasse a necessária ligação com a cidade. Há projetos mais micro, criando espaços multiusos para associações e que ocupariam espaços devolutos que estão no tecido urbano caldense.
“Atualmente já não se deita tudo abaixo para começar do zero”, disse o docente Pedro Mendes acrescentando que se faz “por uma questão de memória e porque é necessário reaproveitar os materiais que lá estão”.
Também há propostas para a zona do Parque D. Carlos I, onde um aluno desenvolveu equipamentos para habitação e para escritórios.
Nicola Montlouis propôs intervir no edifício devoluto que fica ao início da Rua Vitorino Fróis. Tem também uma proposta para o Largo da Feira, tentando melhorar os dois locais. O arquiteto francês propõe inclusivamente um espaço para a comunidade, tendo previsto, por exemplo, ateliers e lojas de cerâmica. Também teve em atenção a criação de espaços de lazer e outros verdes. “É uma cidade com grande potencial, pois há vazios e muitas áreas devolutas, que são bons desafios para nós”, rematou o arquiteto.
Ana Rita Jesus acha que as Caldas “tem muito potencial pois há muitas zonas ao abandono”. A arquiteta referiu que excetuando o Parque, “não há lugares com sombra e as poucas árvores que há, são pequenas”. A arquiteta escolheu trabalhar no parque de estacionamento junto à PSP, onde a jovem preconiza criar um edifício de reinserção social. Prevê também restauração e uma zona de habitação coletiva. “Há uma proposta geral da turma para a construção de bolsas de estacionamento na cidade, alguns subterrâneos”, acrescentou.
Daniela Cristina trabalhou sobre a zona da linha do comboio “que se quer revitalizada”. Abrem-se assim novas possibilidades de recentralizar a estação, uma nova passagem substituindo a passagem metálica pré-existente. Na sua opinião “as Caldas é uma cidade com potencial, tem um ambiente familiar e também específico ligado às artes e que pode ficar mais próximo de outras localidades, com a revitalização do comboio”, rematou a jovem arquiteta.
Segundo Nicola Henriques, dos Silos Contentor Criativo, esta mostra, dedicada ao território caldense, “é especial, pois é a última exposição que acontece neste espaço”. A galeria Sala Farinha “cumpriu o seu desiderato nestes últimos 15 anos, não só através das artes, mas também refletindo sobre o território caldense”. Segundo o responsável, a galeria terá outro uso “mas nós manteremos uma dinâmica expositiva para outras áreas dos Silos”, disse o responsável.
Os Silos Contentor Criativo vai também passar para a Cidade Nova. Vai surgir um polo nas duas lojas onde antes esteve o Grupo Fábrica. Nessa área “vão surgir seis a sete novos ateliers”, disse Nicola Henriques. Será uma nova área onde “podemos criar valor”, afirmou. Além dos novos espaços, será ainda criada uma área que se destina a fazer consultadoria para outras cidades, que também se ocupam da área criativa e do desenvolvimento territorial. ■