O Grupo Auto Júlio fez investimentos no ano passado de cerca de 5 milhões de euros nas suas áreas de negócio e fechou o ano com uma facturação de 80 milhões de euros, a maior de sempre. O grupo empresarial caldense, que está a comemorar 30 anos de actividade, remodelou instalações, abriu outras e entrou no sector das energias com a aquisição de 70% da empresa beneditense Alferpac. Com todos os negócios em crescimento, as perspectivas são de mais um ano de recordes em 2017.

A aquisição da Alferpac, empresa especializada em eficiência energética e em energias renováveis, e a inauguração das novas instalações da Volvo em Torres Vedras, foram pretexto para uma visita da imprensa regional às instalações do Grupo Auto Júlio, no passado dia 19 de Maio.
O grupo caldense adquiriu 70% do capital da Alferpac, que tem sede na Ribafria (Benedita), por números que a empresa não divulgou.
Este novo membro da família Auto Júlio tem a sua actividade dividida em várias áreas distintas. A produção de quadros e de sistemas eléctricos industriais é actualmente o seu principal negócio e representou em 2016 60% do volume de negócios, que ascendeu aos 2,7 milhões de euros. A Alferpac trabalha com clientes de prestígios como a EDP Comercial, a EPAL, a Renova ou a Vodafone.
A empresa beneditense diferencia-se no mercado pela eficiência energética, área na qual trabalha em parceria com a EDP desde 2008 através do Plano de Poupança e Eficiência no Consumo (PPEC). Luís Ventura, responsável pelo departamento comercial, explica que a firma trabalha para “trazer valor às empresas porque a energia é muito cara”. E dá como exemplo o sistema de variação electrónica de velocidade instalado na estação da EPAL nos Olivais, que “custou 50 mil euros e esse valor foi recuperado em dois anos e meio através da poupança energética”.
Nesta área, a Alferpac faz desenvolvimento tecnológico e espera ainda no primeiro semestre poder lançar novos produtos. “O que pretendemos é perceber onde estão os consumos das empresas e como podem fazer o mesmo com menos gasto de energia”, adiantou Luís Ventura.
Outra área importante na actividade da Alferpac é a instalação de unidades de produção para auto consumo (UPAC) de mini e micro geração para clientes particulares. Neste segmento também existe uma parceria com a EDP Comercial, com um contracto renovado recentemente para mais três anos para a instalação das unidades nas zonas de Lisboa e Setúbal.
É neste ramo do negócio que a empresa estima crescer mais em 2017. No ano passado a Alferpac instalou cerca de 700 UPAC e este ano espera ultrapassar as mil instalações. A Alferpac também faz instalações com maior potencial, como foi o caso da UPAC da penichense Nigel, com capacidade para 160 KW.
Desde o início do ano ligada ao Grupo Auto Júlio, a Alferpac espera “dar o salto, passar a ter dimensão nacional em eficiência energética”, refere Luís Ventura.
A empresa, que tem 75 colaboradores, teve um decréscimo no volume de negócios de 3,6 milhões de euros em 2014 para 2,7 milhões em 2016. Para 2017 o objectivo é chegar aos 4 milhões de euros e os responsáveis da empresa adiantam que os primeiros meses indicam que este valor pode vir a ser ultrapassado.
NEGÓCIO AUTOMÓVEL ESTÁ A MUDAR
Bruno Sousa, administrador executivo do Grupo Auto Júlio, explicou que a entrada no sector das energias renováveis e da eficiência energética é uma forma de continuar a diversificar a carteira de negócios do grupo empresarial caldense, que actualmente ascende aos 10.
Esta é uma política implementada no grupo há muito e que ganha agora nova dimensão porque “o negócio dos combustíveis e dos automóveis vai ser muito diferente daqui a uma década”.
Essa mudança assenta no crescente interesse e desenvolvimento dos automóveis eléctricos, “que quando atingirem os 600 quilómetros de autonomia passam a ser uma opção”, e isso pode acontecer dentro de três anos. Tal terá implicações no negócio dos combustíveis, mas também no serviço após venda. “Já vendemos automóveis eléctricos e é raro vê-los na oficina pois exigem muito pouca manutenção”, sublinha.
Bruno Sousa falou ainda da condução autónoma, que está a desenvolver-se a passos largos. “Já experimentei o quarto nível de inteligência artificial e é impressionante. Vai mudar a filosofia de propriedade automóvel” e, com isso, muda também o comércio de automóveis, explica.
A aposta da Auto Júlio nas novas tecnologias não é nova, mas está a conhecer uma fase de grande crescimento também na operação da subsidiária AJ Tec. Esta empresa, que faz desenvolvimento de sistemas de software, é neste momento uma das que tem mais potencial de crescimento no seio do grupo.
A principal actividade da companhia era o desenvolvimento de sistemas informáticos com fins comerciais através da plataforma PHC e encontrou nas necessidades da própria Auto Júlio um nicho de mercado com grande potencial: os sistemas das bombas de combustível. “Era uma área quase fechada, poucas marcas tinham potencial para desenvolver estes sistemas, conseguimos entrar e baralhar estes mercados com preços competitivos”, disse Marco Jesus, coordenador de projectos da AJ Tec durante a visita dos jornalistas.
Esta empresa está também a desenvolver uma parceria com a Alferpac no desenvolvimento de aparelhos de gestão de eficiência energética.
Grupo cresce em toda a linha
Bruno Sousa destacou que o grupo está a viver uma fase de grande pujança, com “cinco anos de crescimento acentuado” e em toda a linha. O administrador do Grupo e filho do fundador, António Júlio Sousa, desmontou os números de todo o grupo empresarial para mostrar que todos estão em crescimento e são rentáveis.
O grupo teve em 2016 um volume de negócios de 80 milhões de euros, o maior de sempre. De resto, o grupo cresce desde 2012, ano em que teve vendas no valor de 62 milhões de euros.
O negócio dos combustíveis é a principal âncora das empresas da Auto Júlio e representa 70% do volume de negócios, com 56 milhões de euros em vendas. Neste sector a empresa tem já uma área de influência desde Coimbra ao Algarve. Em 2016 vendeu 50 milhões de litros de combustível e este ano estima-se que possa atingir os 60 milhões de litros, o que representaria um aumento de 20% num ano.
A empresa vai investir meio milhão de euros este ano na Relé de Setúbal (central de distribuição) e tem prevista a construção de uma outra em Igreja Nova (Mafra).
O negócio dos automóveis, venda e após venda, são o outro pilar e talvez a face mais visível do grupo económico caldense. No conjunto das cinco marcas e dos usados, o grupo vendeu cerca de 1350 viaturas em 2016 e o objectivo é passar as 1500 este ano. Tal como no segmento dos combustíveis, a empresa duplicou as vendas entre 2012 e 2016, em franco contraciclo com a economia.
Este crescimento estimado para 2017 deve-se em parte às novas concessões da Volvo em Torres Vedras e da Mazda em Leiria.
O grupo tem interesses ainda no aluguer de automóveis, no imobiliário, na mediação de seguros e nas telecomunicações.