Empresa vai criar unidade de aquacultura de corvina, com sistema inovador, no porto de Peniche e estima iniciar a comercialização em 2028
A SEAentia, empresa especializada na aquacultura de corvina com sede em Cantanhede (Coimbra), anunciou na semana passada a angariação de 16 milhões de euros entre capital do Indico Blue Fund, da Indico Capital Partners, e o Programa Mar2030. Esta ronda de financiamento vai permitir à empresa reforçar a sua equipa e avançar para a fase industrial do projeto, com a construção das instalações onde vai produzir corvina em aquacultura através de um sistema inovador.
O anúncio deste investimento foi realizado no Porto no dia 28 de fevereiro, no âmbito do Fórum Económico Luso-Francês, que contou com as presenças do Primeiro-ministro português, Luís Montenegro, e do Presidente da República Francesa, Emmanuel Macron.
A SEAentia vai construir a sua unidade de produção em instalações no porto de Peniche. É ali que vai produzir corvina de alta qualidade de forma mais sustentável através da utilização de Sistemas de Aquacultura em Recirculação (RAS), situados em terra, uma tecnologia “pioneira a nível nacional e internacional”, refere a empresa.
O projeto da empresa para Peniche tem como objetivo “contribuir para o crescimento, dinamização e evolução em tecnologia, conhecimento e inovação do setor aquícola nacional”, pode ler-se na apresentação do projeto, que significa para Peniche um investimento de 16,7 milhões de euros, com 8,7 milhões de euros de apoios comunitários, no âmbito do Mar2030.
Este financiamento, que ainda pode vir a ser reforçado em mais 8 milhões de euros, vai permitir à SEAentia a implementação de uma infraestrutura de grande escala no porto de Peniche para crescimento e engorda de corvina até ao tamanho comercial. A unidade de produção vai permitir à empresa estabelecer a sua capacidade produtiva, que estima alcançar as 700 toneladas de produção anual “de corvina de alta qualidade e seguindo rigorosos critérios de sustentabilidade”, refere a empresa.
“A implementação do projeto permitirá introduzir no mercado um produto novo e inovador, totalmente livre de antibióticos, com uma reduzida pegada de carbono, rastreável e com garantias de elevada qualidade e segurança alimentar”, acrescenta a empresa em comunicado.
Fundada em setembro de 2017 em Cantanhede, por João Rito, Nuno Leite, John Jones e Sónia Rito e com o apoio inicial de Thierry Loustau e da empresa All The Way, a SEAentia tem como missão de produzir corvina de alta qualidade apostando em métodos inovadores como a utilização de sistemas de aquacultura de recirculação para garantir um ciclo produtivo constante e responsável, garantindo o bem-estar animal.
João Rito, presidente da SEAentia sublinhou que este investimento da Indico e o apoio do Mar2030 vão tornar possível “a primeira instalação do mundo de produção de corvina em sistemas de aquacultura em recirculação, o que permitirá a satisfação de uma procura crescente e a exportação desta espécie em grande escala e com elevada qualidade”. O objetivo da SEAentia é iniciar a comercialização em 2028.
Citado pela SEAentia, o presidente da Indico Capital Partners, Stephan de Moraes, mostrou entusiasmo “por apoiar a produção sustentável de corvina”. “É inevitável que a maioria do peixe consumido no planeta venha a ser de aquacultura, tal como a maioria das espécies terrestres são de criação e não selvagens”, apontou. No entanto, “temos que garantir que o futuro da aquacultura é sinónimo de qualidade e sustentabilidade, algo que encontrámos na SEAentia”, acrescentou, notando que esta operação faz com que a financeira supere os 100 milhões de euros em projetos de sustentabilidade