
O bastonário garante que a Ordem está atenta à região e mostrou-se “reconfortado” depois de ouvir os testemunhos de três jovens médicos
“A Ordem dos Médicos tem esta região na agenda. Estamos atentos, preocupados e daremos toda a nossa colaboração para poder contribuir para uma melhor saúde na região”. Palavras do bastonário Carlos Cortes, que participou, a 26 de fevereiro, na sessão de receção aos novos internos, que se realizou na sede da sub-região da Ordem dos Médicos, nas Caldas da Rainha.
Carlos Cortes tem levado o “dossier” do Oeste às reuniões que tem tido com a ministra da Saúde, pois entende que a construção do novo hospital “é estratégico” para o desenvolvimento dos cuidados de saúde na região. “Enquanto não houver um novo e único hospital para esta região, vai ser difícil captar mais médicos”, considera o bastonário que, embora encontre um retorno “positivo” no ministério, “a verdade é que as coisas não têm acontecido”.
Para Carlos Cortes a construção do novo hospital é uma decisão política, não se pronunciando sobre a sua localização e defendendo apenas que seja tomada uma decisão para que a obra avance. No entanto, reconhece que, “muitas vezes, os responsáveis políticos ao mais alto nível aproveitam-se destas divergências para adiar os investimentos que são absolutamente necessários serem feitos”. Uma situação que “prejudica duplamente a região”, onde não é construída uma nova unidade nem são feitas obras de reestruturação nas atuais.
O testemunho de jovens médicos
Na cerimónia, que este ano teve por temática “Desafios de início de carreira”, António Curado, presidente da sub-região do Oeste da Ordem dos Médicos, falou sobre a vocação, identidade profissional, mas também a importância de se relançarem as carreiras médicas.
Três jovens médicos deram o seu testemunho. Alexandre Santos, natural da Benedita, começou a sua vida profissional na Finlândia e partilhou com os presentes como é exercer medicina naquele país do norte da Europa. Atualmente, a acabar o doutoramento, o cirurgião tirou uma licença sabática de um ano e encontra-se em Portugal, prestando também serviço na Urgência do Hospital das Caldas.
Caldense, Marlene Alves é atualmente coordenadora da USF da Benedita, depois de ter passado pelo centro de saúde das Caldas e pelas extensões de saúde de Alvorninha e Santa Catarina. A jovem, que começou por licenciar-se em enfermagem antes de ter ingressado em medicina, partilhou os desafios de início de carreira nos cuidados de saúde primários. Já Filipe Damião, que cresceu em Alcobaça, depois de ter estudado medicina em Coimbra, começou a sua formação profissional no Hospital de Santa Maria. Atualmente a trabalhar no serviço de gastrenterologia no Hospital das Caldas da Rainha, tendo partilhado os desafios que é passar de um hospital central para um periférico. Os jovens médicos normalmente completam a sua formação nos grandes centros e, depois, passar para hospitais mais pequenos pode ser um desafio, pelo que Filipe Damião considera que o internato deveria de prever essas duas realidades.
O presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, Paulo Simões, reconheceu que a admissão dos médicos em Portugal é mais difícil do que noutros países da Europa onde basta uma carta de recomendação e uma entrevista com o diretor de serviço. No futuro gostaria que a pós graduação dos médicos passasse por “módulos muito mais libertos”, em que o interno não tivesse que ficar no hospital que escolhe durante todo o período do internato, pois há casos em que “não está a ser bem tratado, não está a receber a formação adequada”, e não lhe é possível ir para outro lado.
Contra prescrição pela farmácia
Depois de ouvir as experiências partilhadas pelos jovens médicos, o bastonário da Ordem dos Médicos mostrou-se “muito reconfortado para o futuro”, refletindo sobre a vocação, humanismo e responsabilidade médica e cívica dos médicos. Por outro lado, Carlos Cortes partilhou a sua preocupação com a possibilidade, aventada pela secretária de Estado da Saúde na semana passada, para avaliar o tratamento nas farmácias de infeções ligeiras como, por exemplo, algumas infeções urinárias. A Ordem dos Médicos já veio rejeitar publicamente esta possibilidade e o seu bastonário considera que “uma prescrição médica em que o médico não entra no processo é grave e pode ter um impacto muito negativo sobre os doentes”.
Em janeiro de 2025 entraram na ULS Oeste 19 médicos internos de formação geral e 10 médicos internos de formação específica hospitalar (2 de cirurgia geral; 2 de medicina interna; 2 de pediatria; 1 de ortopedia; 1 de pneumologia; 1 de ginecologia/obstetrícia; 1 de psiquiatria). Entraram também 5 médicos internos de medicina geral e familiar.
