Consumir mais carne de porco nacional nas escolas e cantinas sociais e diminuir taxas municipais, como IMI e de licenciamento, são algumas das formas encontradas pelos presidentes de seis municípios do Oeste para fazer face à crise na suinicultura. No dia 17 de Maio as autarquias de Caldas, Óbidos, Porto de Mós, Batalha e Torres Vedras deslocaram-se ao Parque de Negócios de Alcobaça onde reuniram, à porta fechada, com o edil local e com o Gabinete de Crise do sector.
Aumentar o consumo de carne de porco portuguesa em escolas, cantinas sociais e, se possível, em IPSS e diminuir taxas municipais, como IMI e de licenciamento, são as formas encontradas pelos presidentes de seis autarquias do Oeste para ajudar os suinicultores a ultrapassar a crise que assola o sector.
Além disso, conforme explicou Paulo Inácio, edil de Alcobaça, em representação dos seis municípios – Alcobaça, Batalha, Caldas da Rainha, Óbidos, Porto de Mós e Torres Vedras, ficaram de reunir com a grande distribuição e com a indústria transformadora para que esta “tenha também um sentido patriótico” e para que a rotulagem seja cumprida.
“Ao nível de apoios e ajudas do Estado pode e deve ir-se um pouco mais além”, defendeu, garantindo que haveriam mais reuniões entre os autarcas e pedindo ao ministro da Agricultura, “a prorrogação do diploma 165 pelo menos por mais um ano, para podermos legalizar mais suiniculturas, que precisam também de fundos comunitários”.
Por outro lado, comprometeram-se, municípios e suinicultores, a ter cada vez mais preocupações ambientais.
A crise no sector da suinicultura prende-se com a dificuldade de escoamento do produto. Os suinicultores queixam-se que as duas maiores empresas de transformação (Nobre e Sicasal) usam entre 90% a 95% de carne estrangeira. Por sua vez, no sector da distribuição, falta a rotulagem com a origem da carne (portuguesa ou estrangeira), o que é um factor importante porque os consumidores normalmente preferem alimentos portugueses.
Por outro lado, defendem que esta é uma luta desigual, tendo em conta os apoios directos à produção que existem noutros países da União Europeia.
Recordando que, historicamente, a produção suinícola tem sido “alvo de alguma especulação”, disse que este “é o período mais lato das últimas décadas em que os custos de produção são superiores à venda da carne de porco e, portanto, é insustentável”.
O autarca disse ainda que “os suinicultores estão no limite e pode haver uma catástrofe social”, notando que cerca de 40% da produção caiu. “É um momento histórico negativo que exige medidas de emergência”, defendeu, recordando que Alcobaça “é um dos concelhos com maior produção suinícola”, onde existem 273 explorações, que “representam milhares de postos de trabalho”. Nas Caldas são 96 explorações.
João Correia, porta-voz do Gabinete de Crise da Suinicultura, alertou que “hoje em dia a soberania alimentar do nosso país está posta em causa se nada for feito urgentemente”. Não garantiu o fim das manifestações, afirmando estar “à espera que o diploma da rotulagem venha para a rua”.