Caldenses satisfeitos com tratamentos em Torres Vedras?

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Deverá a população de Caldas da Rainha ter rejúbilo com a abertura de um centro de investigação no Centro Hospitalar do Oeste? (ver Gazeta das Caldas de 13/05/2016).
A investigação é de facto muito importante, mas será uma necessidade prioritária para um centro hospitalar com tantos problemas e dificuldades?

O serviço de urgência com excesso de doentes, o serviço de medicina com doentes em macas no corredor e sem ar condicionado (com o verão a chegar), o Hospital Dia de oncologia com a preparação de quimioterapia e anticorpos impossibilitada pelo Infarmed.
Estes são alguns dos grandes problemas que não serão resolvidos pelo centro de investigação, pois não é essa a sua função.
Disse a Dra. Ana Paula Harfouche, na edição da Gazeta sobre os doentes oncológicos de Caldas da Rainha, que a realização de tratamentos no hospital de Torres Vedras: “agora estão muito satisfeitos pois, são tão bem ou melhor tratados e encontraram condições muito boas”. Como concluiu isso? Foi realizado algum estudo de investigação sobre o “grau de satisfação” destes doentes? Conversou pessoalmente com algum deles?
Diz que as condições são melhores; Quais? As instalações? O espaço de preparação de citostáticos no Hospital Dia Polivalente de Torres Vedras esta certificado pelo Infarmed? Não tem inconformidades?
No Hospital Dia de Oncologia de Caldas da Rainha há, desde sempre, um médico oncologista e, no Hospital Dia Polivalente de Torres Vedras (onde se insere a oncologia) há um médico de medicina. No entanto, e ainda assim, as condições são melhores e mais seguras no HTV?
Actualmente a deslocação dos doentes oncológicos é assegurada pelo CHO, em ambulância e são transportados, lado a lado, doentes e citostáticos (por preparar), em mala térmica, mas, para os doentes poderem efectuar os tratamentos de quimioterapia no hospital dia de oncologia de Caldas da Rainha (até a resolução das não conformidades), os citostáticos preparados no Hospital de Torres Vedras terão de vir em viatura específica, que pode custar ate 50 mil euros! Isto quase parece um contra senso!
Diz a Dra. Ana Paulo Harfouche que esta a providenciar para que as não conformidades se resolvam com o mínimo de transtorno para os doentes! Realizar tratamento de quimioterapia no HTV sem médico de oncologia, não será uma não conformidade?! Será seguro?
Resta esclarecer que a Liga dos Amigos do Hospital de Caldas da Rainha prontificou-se a ajudar monetariamente. Uma doente oncológica benemérita ofereceu apoio financeiro e várias pessoas estão dispostas a compartilhar a obra necessária para corrigir as não conformidades nas instalações de Hospital dia de Oncologia de Caldas da Rainha.
Porque Dra. Ana Paula Harfouche, o que a população precisa é que o Hospital dia de oncologia de Caldas da Rainha continue a funcionar em pleno, ao serviço da população e não da solução que os conduzam ao Hospital de Torres Vedras.
Sou doente oncológico e não estou satisfeito com essa solução e garanto que outros doentes também não.

João Pinho Marques

NR – Gazeta das Caldas deu conhecimento desta carta à administração do CHO, mas não obteve resposta até ao fecho desta edição.