Evento da empresa caldense foi palco da apresentação do livro “O Sócio”, editado pela Coopsteco em homenagem ao engenheiro agrónomo
A Nutrifield reuniu no passado dia 1 de abril cerca de 350 parceiros, produtores e técnicos agrícolas num congresso dedicado à fisiologia vegetal, que decorreu no Centro Cultural e de Congressos das Caldas da Rainha. A iniciativa, que incluiu a apresentação do livro “O Sócio”, de homenagem a Amado da Silva, e novas ferramentas de combate a doenças que afetam as culturas, foi organizada pela empresa com o objetivo de “transmitir conhecimento e acrescentar valor ao setor primário”, afirmou Luís Marques, sócio e administrador da Nutrifield.
O primeiro momento do congresso foi uma homenagem a Amado da Silva, engenheiro agrónomo que se destacou pelo seu trabalho de desenvolvimento da fileira frutícola na região, através da apresentação do livro “O Sócio”, editado pela Coopsteco – Cooperativa de Serviços Técnicos e Conhecimento.
João Baptista, sócio fundador da cooperativa, exaltou o legado que fica da obra de Amado da Silva. “O seu corpo desapareceu, mas o seu espírito, a sua inteligência, a sua camaradagem e o ser tão simples que qualquer agricultor para ele era um sócio, ficam”, afirmou.
José Alexandre, presidente da Coopsteco, sublinhou que este livro cumpre a importância de manter viva a herança de conhecimento, experimentação e dedicação ao setor agrícola deixada por Amado da Silva, começando com a concretização de um “sonho” associado à Feira dos Frutos, que passa por reforçar a ligação entre o certame e os produtores ao longo de todo o ano. “A feira em agosto nem sempre serve diretamente a produção, mas através de parcerias e eventos distribuídos pelo ano, conseguimos chegar mais perto das necessidades dos agricultores”, referiu.
José Alexandre evocou a coragem, paixão e espírito inovador de Amado da Silva, sublinhando o seu contributo para uma agricultura baseada no conhecimento científico e na prática eficaz. “O livro que apresentamos é isso mesmo, um reflexo de uma ação que pretende fazer mais e melhor, com profissionalismo, inovação e um olhar atento à segurança alimentar e ao futuro ambiental”, destacou.
O dirigente voltou a defender a criação de um centro experimental “numa região de enorme diversidade cultural” e a necessidade de mais técnicos agrícolas no terreno. Em relação a Amado da Silva, e aproveitando a presença do vice-presidente da Câmara das Caldas da Rainha, Joaquim Beato, reforçou um pedido já antigo para que uma rua das Caldas da Rainha receba o nome do engenheiro agrónomo.
José Bernardo Nunes, vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT), reconheceu o legado deixado por uma figura que, embora não tenha acompanhado de perto, sempre ouviu referida com admiração no meio agrícola, sublinhando que o nome de Amado da Silva permanece uma referência para técnicos e agricultores.
Para José Bernardo Nunes, a homenagem agora prestada é “muito justa” e constitui uma oportunidade para recordar momentos importantes do setor agrícola nas décadas de 1970 e 1980, época em que também trabalhou como técnico em estruturas municipais. “Ao ler o livro sobre o engenheiro Amado, revivi episódios desses tempos e senti uma enorme gratidão por esta iniciativa”, afirmou.
Para Luís Marques, administrador da Nutrifield, a apresentação do livro da Coopsteco no congresso “foi um presente enorme. O engenheiro Amado era uma pessoa muito à frente do seu tempo, inovadora, e que procurava sempre trazer mais-valias ao setor”, destacou o administrador, lembrando a forma inspiradora como este profissional influenciou gerações de agricultores e técnicos.
O congresso prosseguiu com um painel que contou com Daniele di Raimondo e Christian Garabelo, respetivamente gerente do Green Has Group e global technical and development manager da mesma empresa. Nas suas intervenções, abordaram a problemática das alterações climáticas, analisando a evolução do clima em Portugal ao longo dos anos e os impactos dessas mudanças no desenvolvimento das plantas.
Para mitigar estes desafios, os oradores explicaram o conceito de bioestimulante, destacando o seu efeito fisiológico nas plantas e diferenciando-o dos fertilizantes convencionais. Foram, ainda, partilhados os resultados de ensaios realizados em diversas culturas, evidenciando os benefícios e a eficácia dos produtos apresentados.
No segundo painel, David Márquez Soriano, assessor científico na Catalysis, trouxe a sua perspetiva sobre a estratégia bioestimulante na prevenção e controlo de fungos, bactérias e vírus, nomeadamente em algumas das principais culturas na região, como o vírus do Rugoso no Tomate, a Stenfiliose e o Fogo Bacteriano na pera Rocha. O especialista apresentou ainda um bioestimulante inovador, formulado através de ativação molecular, capaz de potenciar as defesas naturais das plantas, uma ferramenta promissora na proteção das culturas, reforçando a resistência vegetal e contribuindo para uma agricultura mais sustentável e produtiva.
Segundo Luís Marques, “o que pretendemos é manter estas doenças sob controlo e garantir que os produtores conseguem continuar a produzir com sustentabilidade económica”.
O administrador da Nutrifield disse que, apesar das condições climatéricas atuais favorecerem o desenvolvimento de fungos e bactérias, a esperança é de que o ano agrícola seja, pelo menos, semelhante ao anterior. “Há frutos, mas não sabemos se estarão em condições de serem comercializados”, advertiu, lamentando que a alternância de chuva e temperaturas elevadas dificultem a intervenção oportuna nos pomares.