Segunda edição do Caldas Sempre Limpa juntou 50 pessoas que recolheram 115 kg de lixo nas ruas da cidade
Caldas Sempre Limpa foi a proposta para a tarde de sábado, 9 de abril, e que reuniu cerca de meia centena de pessoas. Esta é uma iniciativa cívica, que foi criada em 2020, e que tem a particularidade de, desde a primeira edição, conseguir envolver também os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento das Caldas, que participam com pessoal e com meios.
A meio da tarde, o grupo de cidadãos ativos encontra-se na Estação de Caminhos de Ferro, onde se vão distribuindo as t-shirts, tratando da logística de divisão das equipas e percursos a percorrer e também abrigar da chuva que se fazia sentir, mas que não afastou os interessados participantes. Uma particularidade é que entre os participantes é possível ver diferentes gerações, de crianças de seis anos a idosos de 80.
Manuel Duarte é o mentor desta iniciativa que, mais do que recolher o lixo, pretende alertar e sensibilizar a população para a questão do lixo nas ruas da cidade. “Queremos chamar a atenção pelo olhar, pelo ver os outros a fazer, pelo exemplo”, explicou o caldense.
“Quando se deu o primeiro confinamento descobri a Lindomar e estava a escrever a minha tese de mestrado e um dos pontos tocava-se com a recolha do lixo”, explicou o jovem. A tese do mestrado em Arte e Design para o Espaço Público intitulava-se de “Morfologia Anónima” e baseava-se no que é possível extrair do espaço sem ser a arquitetura, por exemplo, através das contaminações das pessoas, através do lixo que ficava caído, das beatas, etc. “Isso permite perceber os ritmos das pessoas”, esclareceu.
A primeira edição contou com cerca de 30 pessoas e foram recolhidos cerca de 64 quilos de resíduos numa atividade que durou cerca de uma hora e meia. Este ano foram recolhidos 115,42 quilos de lixo em duas horas. Mais de 90 quilos eram de lixo indiferenciado, 6,5 quilos de vidro, 11,5 de plástico e 6,5 de papel e cartão. “Correu tudo muito bem e foi além daquilo que estava à espera”, resumiu o jovem.
Este ano a iniciativa contou com a participação das duas uniões de freguesias da cidade (a de N. Sra. Pópulo, Coto e São Gregório e a de Santo Onofre e Serra do Bouro). Os dois presidentes da Junta fizeram mesmo questão de participar na iniciativa e de dar o exemplo, pondo as mãos à obra. O centro comercial La Vie também foi um dos parceiros desta iniciativa e fez-se representar ao mais alto nível, através do seu diretor, Amaro Correia, também ele de luvas calçadas e com vontade de ajudar.
Este ano o Caldas Sempre Limpa contou também com a participação de diversas associações cívicas preocupadas com questões ambientais, como a Lindomar ou a Eco Dogs Walk.
“Quisemos abraçar toda a cidade e foi bom, é uma ajuda mútua”, analisou.
Atualmente a organização já está a preparar a próxima edição do Caldas Sempre Limpa, se possível ainda este ano, “e de preferência sem chuva!”, disse.
José Manuel Moura, diretor dos Serviços Municipalizados das Caldas, explicou à Gazeta que tanto a autarquia como os SMAS aderiram a esta iniciativa desde a primeira edição, porque consideram “uma iniciativa cívica de louvar”.
José Manuel Moura contou ainda que um dos grandes problemas relativos ao lixo é a questão dos monos, cuja quantidade tem vindo a aumentar bastante desde o início da pandemia.
“São atualmente cerca de 600 toneladas de monos que são recolhidos por ano, o que já nos levou a adquirir um veículo para esse fim”, disse. A recolha de monos já foi alterada de um dia por semana para cinco, mas ainda há algum desconhecimento face aos procedimentos. É que não é apenas deixar o material junto aos contentores, devem ser contactados os SMAS para dar conta disso mesmo. Outra questão premente no curto prazo será a gestão dos bioresíduos.