“Trabalhar nas estâncias europeias é mais divertido do que os jovens possam pensar”

0
493

escolaCatarina Pascoal, de 37 anos, natural de Alcobaça, trabalha como tradutora na Alemanha, no Joint Research Centre, um centro da investigação ligado à energia nuclear da Comissão Europeia. No passado dia 31 de Outubro esteve na Escola Secundária Raul Proença para falar da sua experiência pessoal e profissional e garantiu aos alunos que trabalhar nas estâncias europeias “é mais divertido do que os jovens possam pensar”.
No seu dia a dia, Catarina Pascoal trabalha com cinco línguas (inglês francês, alemão, espanhol e português) e tem a possibilidade de conhecer outras culturas.
Durante o seu percurso escolar a jovem alcobacense passou pela Escola Secundária Inês de Castro, onde voltou no ano passado com a iniciativa “De volta à escola”, da Comissão Europeia, que tem por objectivo o regresso dos representantes das instituições europeias às escolas onde estudaram em Portugal. Por uma questão de proximidade, escolheu este ano as Caldas, concelho onde o seu irmão também estudou. “Acho que é importante que os estudantes das cidades pequenas também tenham a possibilidade de contactar connosco e não só o dos grandes centros urbanos de Lisboa e Porto”, disse.
Aos alunos caldenses Catarina Pascoal mostrou a “mala” europeia, com o seu passaporte ou o cartão de seguro de doença. A jovem destacou os benefícios da União Europeia, por exemplo, ao nível do custo das viagens, que reduziu substancialmente com a entrada em funcionamento das companhias low cost. “Lembro-me que, em 2004, fui fazer exames ao Luxemburgo e tive que pagar por três dias perto de 400 euros, no ano seguinte começaram as empresas de baixo custo e baixaram os custos drasticamente”, exemplificou, destacando que esta concorrência permitiu às massas viajar e conhecer mais locais.
O assunto que interessou mais aos jovens das três turmas da Raul Proença que assistiram a esta palestra acabou por ser o dos concursos e projectos apoiados pela União Europeia, a que podem concorrer e ganhar visitas a Bruxelas ou a Estrasburgo para conhecer as instituições comunitárias. Uma das turmas desta escola venceu no ano passado o concurso Portugal Europeu e ganhou uma viagem para o visitar.

Aprende-se a ser mais tolerante

Catarina Pascoal começou o seu percurso nas instituições europeias em Julho de 2005, depois de estudar tradução no Instituto Politécnico de Leiria. Começou por trabalhar no jornal oficial da UE como revisora na equipa portuguesa, e depois passou para o departamento de impacto ambiental no Banco Europeu do Investimento (BEI) no Luxemburgo. Passou ainda por uma agência europeia em Alicante (Espanha) ligada à protecção da propriedade intelectual e actualmente está na Alemanha, onde trabalha num centro da investigação ligado à energia nuclear.
“É um percurso muito variado e para mim é muito bom porque gosto muito de viajar e passar por experiências novas”, disse, acrescentando que “é muito agradável” trabalhar na UE pelo seu multilinguismo e multiculturalismo. “É exigente e os desafios são diários porque trabalharmos com colegas de várias nacionalidades e de várias faixas etárias”, referiu, fazendo notar que acções que em determinadas culturas são normais, para outras poderá ser algo de estranho e até ofensivo.
Por outro lado, aprendeu a “ser mais tolerante pois quando estamos em contacto directo com os povos compreendemos porque é que agem de determinada maneira e isso permite-nos abrir os horizontes”.
Catarina Pascoal incentivou ainda os jovens a aproveitar o programa Erasmus e conhecer novas culturas, tal como ela o fez, na Alemanha. Alertou para as “dificuldades” dos primeiros três meses, com o clima, a língua, a mentalidade, tradições e a distância, e referiu que quando um jovem quer participar no programa terá que o fazer com mente aberta e “perceber que somos nós que nos temos que conseguir adaptar e não esperar que os outros nos venham integrar”.
A iniciativa “Regresso à escola” começou em 2007 e tem tido bastante adesão. Este ano, ao longo do dia 31 de Outubro cerca de 30 funcionários foram “embaixadores” da sua instituição em vários locais do país e conversaram com os estudantes sobre a Europa e temas relacionados com a União Europeia, com o objectivo de aproximar as instituições dos cidadãos.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt