Lisboa é a “A Cidade do Medo” no último livro de Pedro Garcia Rosado

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Livro, Pedro Rosado
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Lançado em Julho, o livro “A Cidade do Medo” invadiu a Biblioteca das Caldas, na passada sexta-feira, 23 de Julho, numa apresentação que contou com o autor da obra, Pedro Garcia Rosado, que abordou a evolução da ficção policial. Desde o conhecido “detective com o nome na porta” até às actuais séries televisivas de investigação que conseguem resolver todos os crimes de uma só cidade, o autor passou em revista a história deste género literário.
Este já é o quinto romance de Pedro Garcia Rosado. “A Cidade do Medo” é um hino “noir” à cidade de Lisboa, que o escritor e jornalista trocou há cinco pela Serra do Bouro.

No livro o “medo” deve-se à onda de homicídios que a capital é palco, mas também pelo sentimento que algumas das personagens sofrem para que não se descubram os seus crimes ilícitos, como é o caso de autarca que fez negócios com terrenos na Ota.
“Existe um serial killer que tem apenas um plano de vida que é matar várias pessoas com dois alvos precisos. No início, mata apenas para criar um clima de medo, mas depois vai liquidar aqueles que já estão mortos, os sem-abrigo”, revelou Pedro Garcia Rosado, sobre o livro. “Ele toma o gosto pelo crime e chega à conclusão que é fácil matar em Lisboa. Se calhar, na vida real, há muitos homicídios que não se conhece e que são crimes perfeitos”, confessa.
A ideia do romance policial era, como o próprio escritor indicou, tentar dissolver “o estereótipo do detective com o nome da porta, que é ainda o do crime das elites e mostrar que o crime encontra-se é na rua”.
Pedro Garcia Rosado diz que em Portugal as elites acham que parece mal falar-se que o sangue está na rua e que nem se deve falar da violência. “Eu próprio também vivi essa experiência. Quando estava a trabalhar noutro jornal e apareceu o Correio da Manhã apareceu uma fotografia com uma mancha de sangue na rua a demonstrar a realidade do crime. Lembro-me como eu e outros colegas nos ríamos com esse mau gosto de mostrar aquela imagem. Mas o certo é que hoje, as televisões mostram até muito mais”, contou durante a apresentação.
Por isso, Pedro Garcia Rosado não teve “medo” de passar a realidade para a ficção. “Procuro, respeitando a realidade, tendo depois alguma liberdade temática e enquadrar o herói num trabalho em equipa”, disse o escritor, apreciador das obras de S.S. Van Dien e dos romances enigma “quarto fechado” de John Dickson Carr.
O certo que a ficção policial em Portugal nunca teve grande projecção e a maioria das pessoas preferem ver as séries importadas, no qual se opta por personagens com diálogos mais profícuos com o espectador. “As pessoas gostam muito da série CSI. Aquilo é uma série de 50 minutos, onde há um laboratório que dá para todos os crimes da cidade e resolvem dois casos de uma só vez. Acho que não há nenhuma polícia no mundo que trabalhe assim. Isso torna falso até a própria realidade que acontece”, afirmou o autor.
Para se inovar na ficção criminal, o autor sugere que se contem histórias que vão ao encontro dos próprios trabalhos dos investigadores da Polícia Judiciária e que as editoras atribuam maior esforço nesta área literária. Mas se isto não basta, Pedro Garcia Rosado, deixa um conselho: “Agatha Christie disse uma vez que inventava as histórias enquanto lavava louça. Acho que a ficção policial contemporânea devia criar as histórias quando lê os jornais; é pelo menos o que eu tento fazer”.

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Tânia Marques

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1 COMENTÁRIO

  1. Finalmente tenho todos os livros do Pedro! Foi uma luta encontrar o Clube de Macau…
    Agora já sei que quando começara lê-lo, só paro no fim! Obrigada a quem tem o dom de transmitir desta forma o prazer da leitura. Ele consegue transportar-nos para os locais descritos, e com a linguagem mais acessível e simples que já encontrei.
    Com toda a minha admiração e respeito, espero por muitos mais livros seus.
    Talvez um dia possa dizer-lhe isto olhos nos olhos…
    Votos de muito sucesso e… Felicidade!
    Fátima Pires