Bordados das Caldas precisam de mais divulgação e promoção

0
2133
Gazeta das Caldas

1-responsaveisO bordado das Caldas esteve em destaque no Museu Malhoa na tarde de 13 de Fevereiro. Numa iniciativa da Liga dos Amigos daquele espaço museológico, foi inaugurada uma exposição dedicada àquela arte tradicional caldense e realizou-se uma conferência onde participaram Idalina Lameiras e Mário Tavares. A presidente da Liga tem algumas ideias sobre como promover a divulgação desta arte local, editando livros ou criando futuramente uma escola do Bordado das Caldas.

Texto e fotos: Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt

“É preciso estabelecer um plano de desenvolvimento dos Bordados das Caldas. É preciso fazê-lo chegar aos mais novos”. Palavras de Margarida Taveira, presidente da Liga dos Amigos do Museu Malhoa, entidade que promoveu esta iniciativa. Preocupa-a o facto das poucas pessoas que continuam a bordar já terem idade avançada e que por isso esta arte não tenha continuidade no futuro.
A ex-vereadora da Câmara de Peniche, Margarida Taveira, que teve um papel impulsionador das rendas de bilros locais, acha que se poderiam tomar algumas iniciativas nas Caldas que permitissem dar um novo impulso de divulgação desta arte local. “A Câmara deveria apoiar a edição de um livro onde se registasse a técnica, o desenho e a evolução que tiveram os bordados ao longo dos tempos”, disse esta responsável, que considera que é necessário “editar” o saber e a experiência sobre esta arte para a transmitir às gerações mais novas.
Na sua opinião, o Bordado das Caldas “tem que ir às escolas e sair à rua para que o conheçam e o valorizem”, disse a ex-autarca de Peniche que teve também um papel activo no início da  criação do museu das rendas, assim como na criação do monumento à Rendilheira, nos anos 90.
Além do mais, considera que é preciso saber em que outras zonas do globo há bordado semelhante de modo a promover intercâmbios e trocas de experiências. “Em Peniche recebíamos e ainda recebem delegações de vários países como da França, Inglaterra e Espanha”, contou  a responsável, acrescentando que há também contactos com outras localidades portuguesas onde se fazem rendas de bilros.
Na sua opinião, à semelhança de Peniche, “é necessário criar uma escola de bordados das Caldas”. E esta deve estar sob alçada da Câmara pois esta entidade “deve acompanhar e ajudar a desenvolver esta tradição local”.
Outra acção importante a implementar seria um concurso de bordados, apostar na certificação e no selo de autenticidade, processo que tem estado parado. Segundo o vereador Hugo Oliveira, presente no evento, está em fase de formalização a Associação para  a Defesa do Bordado das Caldas, que integra várias bordadeiras e quando este estiver activo “voltaremos a autenticar os bordados”.
Já em vigor está também, a nível nacional, o sistema nacional de qualificação e certificação das produções artesanais tradicionais, promovido pelo IEFP, que reconhece e certifica não só o trabalho artesanal, como os próprios artesãos. Fica assim reconhecido e valorizado o produto regional – de vários materiais – desde os bordados à cerâmica passando também pela tapeçaria.
A esta iniciativa de certificação nacional já aderiram, outros produtos artesanais como o Bordado de Guimarães e o de Viana do Castelo, assim como a Tapeçaria de Arraiolos. No  sector da cerâmica já foram reconhecidos  a Olaria e o Figurado de Barcelos, assim como a Olaria Negra de Bisalhães.

Bordado antigo e contemporâneo

“A nossa Rainha deixou-nos o seu bordado”. Assim se designa a exposição que pode ser vista no espaço anexo à Sala Malhoa. Presentes estão trabalhos antigos e contemporâneos, que permitem dar a conhecer os vários motivos e tipos de linho desta arte manual, iniciada pela Rainha D. Leonor e suas aias, segundo reza a lenda.
Idalina Lameiras e Mário Tavares deram a conhecer as últimas iniciativas que foram levadas a cabo e que destacam os bordados caldenses. Estes ganharam novo protagonismo devido ao interesse revelado por Genevieve Porpora, especialista em artes decorativas e directora da revista Cora. A investigadora italiana encontrou similitudes entre o bordado “Punto Umbro, Sorbelo e Portughese” que é feito no seu país e o bordado das Caldas. As semelhanças são de facto muitas: dos dois bordados fazem parte motivos simétricos e geométricos de folhas, flores, cestos, ânforas, pássaros, coroas, para além de uma enorme profusão de arabescos. O investigador e as bordadeiras caldenses já foram a Itália participar em eventos internacionais ligados aos bordados, assim como especialistas italianas também já vieram às Caldas para a realização de iniciativas em volta desta tradição.

 

5-trabalhocontempo 4 3