O curso de Design de Ambientes da ESAD assinalou, a 6 de Junho, o seu 10º aniversário com conversas, conferências, street food e exposições que tiveram lugar na escola de artes caldense. Gazeta das Caldas conversou com alguns dos antigos alunos que regressaram à escola para partilhar as suas experiências.
O curso de Design de Ambientes da ESAD está a celebrar a sua primeira década e fê-lo apresentando alguns projectos dos seus alunos. Grupos de estudantes apresentaram a 6 de Junho, junto à escola, várias cozinhas desmontáveis feitas com materiais sustentáveis onde eram confeccionados alguns produtos como cafés e espetadas de fruta.
Este é um dos projectos que os alunos têm que dar resposta logo no primeiro ano do curso de Design de Ambientes que, em média, possui 35 alunos por ano.
Miguel Vieira Batista, coordenador deste curso, explicou que esta formação se encontra entre a Arquitectura e o Design de Interiores e concentra-se na cenografia e na projecção de espaços expositivos e de interiores.
O docente entrou para a ESAD em 2000 e lembra que na época foi claro, para ele e para o colega Filipe Alarcão (anterior coordenador do curso), que esta área “era um eixo valioso” e que havia necessidade no mercado em formar designers de ambientes.
Nesta primeira década o país evoluiu, houve momentos de crise nas áreas da construção e do imobiliário. mas na opinião do docente, agora já se recuperou. Vive-se actualmente uma fase positiva no que diz respeito à reconstrução de imóveis.
O docente chamou a atenção para o facto do Design de Ambientes poder ter um papel importante em espaços como, por exemplo, uma mercearia de um familiar. Por vezes, “uma iluminação cuidada ou uma montra bem arrumada pode ter consequências nas vendas”, referiu.
Segundo o coordenador, constata-se uma procura crescente por esta formação, algo que também se reflecte nas muitas parcerias que o curso e a ESAD tem estabelecido com empresas e instituições da região.
Presente na sessão comemorativa, realizada a 6 de Junho, na ESAD, Rui Pedrosa, presidente do IPL, salientou que para além do momento de celebração da história do curso de Design de Ambientes, o mais importante “é ver professores, diplomados e estudantes felizes com os seus projectos criativos”. Para o responsável, a ESAD é uma das escolas que tem “um carácter multidisciplinar e diferenciador” e, nessa perspectiva, “é a mais criativa e a que mais promove a cultura” dentro do universo do IPL.
Rui Pedrosa pretende que por todo o território do distrito se “sinta mais a presença da ESAD” e quer que o país se orgulhe desta escola de artes. Como tal, “o meu compromisso para a promover é total”, disse o presidente do IPL, acrescentando que será renovado algum equipamento na escola das Caldas, assim como serão alargados os horários das oficinas escolares, locais onde os alunos desenvolvem os seus trabalhos. O dirigente do IPL, sublinhou a importância da parceria existente entre a ESAD e a Câmara das Caldas que visa o estudo e valorização das colecções de cerâmica caldenses. “Pretendemos recuperar e dignificar os moldes da fábrica Bordalo para mais tarde apresentar as peças ao público”, disse Rui Pedrosa acrescentando que a Fundação Ciência e Tecnologia vai apoiar este projecto que se vai realizar até 2019.
O director da ESAD, João Santos, informou que o curso de Design de Ambientes “tem procura crescente” e sublinhou a importância de terem sido abertas as portas às actividades do curso à comunidade escolar. Segundo o docente, as próximas iniciativas deste curso poderão terão lugar nos espaços da cidade.
No próximo ano lectivo, a ESAD vai assinalar os 30 anos e segundo o seu director, há uma comissão que já está a trabalhar na programação do aniversário. Entre as iniciativas conta-se um ciclo de cinema, conferências e exposições. Uma das mostras apresentará 30 trabalhos de professores e de antigos alunos.
Tiago Pombal, 27 anos, Torres Vedras
Tiago Pombal veio estudar para a ESAD em 2010, após ter decidido duas semanas antes das candidaturas, trocar a Enfermagem pelo Design de Ambientes. Este último “ia ao encontro do que eu gostaria de fazer”, disse o jovem que assim que terminou a sua formação em 2013, encontrou logo trabalho. Foi chamado para dois locais e acabou por escolher a Associação Transforma (Torres Vedras), de cariz cultural, tendo trabalhado na construção da nova sede e fazendo posteriormente a gestão do mesmo.
Mais tarde lançou-se como free-lancer. “Fui depois convidado a fazer um espaço para concertos coordenado pela Associação”, disse o jovem que em seguida integrou uma equipa de um projecto internacional de fotografia que o levou a viajar e a trabalhar em vários países da Europa.
“Na ESAD somos capacitados a trabalhar em vários domínios. Somos livres a criar e isso é algo que nos prepara melhor para vários tipos de projectos”, disse o jovem.
O aluno fez vários amigos que ainda hoje mantêm o contacto e trabalham juntos em projectos. Sobre a entrada no mercado de trabalho “não é tão difícil assim”, referiu. Para Tiago Pombal, quando os empregadores “percebem o tipo de formação que obtivemos na ESAD, ficam a saber que somos uma interessante mais-valia para vários tipos de projecto”, rematou.
Jacinta Fialho, 25 anos, Benedita
Jacinta Fialho ingressou na ESAD em 2011 e da escola diz que levou “uma vontade imensa de trabalhar nesta área criativa e de ser designer de ambientes”.
A designer teve a oportunidade de estagiar na empresa lisboeta P-06. “Depois de ter feito estágio profissional acabei por ficar e tenho feito vários tipos de projectos”, referiu. O que mais gosta de fazer é definir espaços e de criar ambientes próprios. “Gosto de fazer com que as pessoas sintam algo quando chegam a um local, seja com auxílio da luz adequada, seja com aposta em diferentes texturas, materiais ou objectos de decoração”, disse a designer de ambientes, que também gosta de trabalhar em grande escala.
Jacinta Fialho mantém uma forte ligação a alguns dos elementos da sua turma na escola de artes caldenses. A amizade que os une “tem suscitado também várias colaborações profissionais que nos têm feito crescer imenso”, rematou.
Daniela Bento, 32 anos, Alcobaça
Daniela Bento era uma das alunas mais velhas do curso. Antes já tinha estudado Joalharia, mas depois ingressou no mercado de trabalho e só mais tarde é que veio para o curso de Design de Ambientes. Além dos amigos, “levo daqui a noção sobre como trabalhar em vários tipos de espaços”.
Quando terminou a sua formação nas Caldas foi trabalhar para uma carpintaria, a Wood Work. “Quando falo no nome da empresa, nem toda a gente sabe, mas quando digo que fizemos uma porta de sete metros de altura com quatro de largura para a Quinta do Lago, uma grande maioria identifica-nos de imediato”, disse Daniela Bento. A autora está a gostar de trabalhar na empresa onde aprende muito no que diz respeito ao desenho e ao rigor que a área exige. “Um milímetro faz diferença na carpintaria”, referiu a designer que vai continuar a dedicar-se ao sector da madeira.
Samuel Santos, 29 anos, Turquel
“Temos a sorte dos professores nos darem liberdade de criar o que nós queremos desde que faça sentido dentro do projecto”, disse Samuel Santos, que integrou a ESAD em 2011.
O jovem fez Eramus em Espanha, tendo trabalhado em 2015 para a empresa RCR Arquitectos, que foram vencedores do Pritzker 2017. “Valeu muito a pena. Foi uma experiência internacional que aproveitei bem pois fiz projectos de interiores para todo o mundo”, disse o designer. Em seguida Samuel Santos regressou a Lisboa e actualmente labora no atelier de design Polígono. O designer gosta de trabalhar naquela empresa lisboeta até porque “possuímos uma carpintaria que permite passar os projectos para a execução”.
Na sua opinião, o curso na ESAD permite seguir várias áreas profissionais que vão desde a cenografia, passando pelos stands ou até pelo mobiliário. Com os seus colegas da escola de artes já desenvolveu vários projectos profissionais.