Festival de música clássica em contexto monástico é uma referência a nível nacional e internacional e contou com centenas de pessoas no arranque
O requiem de Fauré pela Orquestra Melleo Harmonia e Coro Ricercare na Nave Central do Mosteiro de Alcobaça, na noite de sexta-feira, marcou o arranque da 32ª edição do Cistermúsica, o festival alcobacense que é referência a nível nacional e até internacional.
Centenas de pessoas marcaram presença no concerto de abertura, que tirou partido do cenário imponente e da acústica própria da nave central da igreja cisterciense.
Tratou-se de um concerto sobre redenção, apresentado no local onde estão os túmulos de D. Pedro e D. Inês de Castro.
Sob a direção do maestro Joaquim Ribeiro e com as vozes de Patrycja Gabrel como soprano e André Baleiro como barítono, o concerto contou com a apresentação de Jenny Silvestre.
Com um coro de 30 elementos e uma orquestra composta por um violino, um contrabaixo, duas trompas, uma harpa, um órgão, quatro violoncelos e cinco violas, a orquestra interpretou o requiem escrito no final do século XIX.
Após o concerto, à saída, falamos com Luís Barreira, alcobacense, mas que viveu vários anos em França, onde era tesoureiro de uma associação de pais dos alunos de um conservatório de música.
Por terras gaulesas conheceu a mulher, que cantava num coro, tal como a filha viria também a fazer.
“Gosto de música clássica”, afirma o alcobacense, notando que comprou um pack para acompanhar vários concertos desta edição com a esposa. “Já venho ao Cistermúsica há quatro anos e costumo assistir a vários concertos”, frisa.
Relativamente à abertura desta edição, disse que “conhecia muito bem o requiem de Fauré” e que gostou muito da atuação da orquestra.
Na sua opinião, o facto de o festival de música clássica se realizar no Mosteiro de Acobaça enriquece o Cistermúsica.
“Eu acho que é muito bom para o concelho de Alcobaça ter um festival com esta dimensão e qualidade”, concluiu.
Meia centena de espetáculos
O festival prossegue até 3 de agosto com uma programação que contempla 47 espetáculos (entre os quais 22 de entrada livre) com um total de mais de 900 artistas a apresentarem-se em 27 diferentes palcos de cinco concelhos (Leiria, Coimbra, Porto de Mós e Arouca, além, claro, de Alcobaça, onde se apresentará em vários locais de diversas freguesias).
Hoje, na Sacristia do Mosteiro, atua o Ensemble Atena e amanhã há o concerto final dos estágios de orquestra na secundária Inês de Castro à tarde e o espetáculo da Academia de Dança de Alcobaça no cine-teatro (21h30).
No sábado João Cabrita Trio sobe a palco, seguindo-se, também na programação “Outros Mundos” o concerto de Adriana Calcanhotto no Claustro do Rachadouro do novo Montebelo Hotel.
Para dia 7 está guardado um concerto do Grupo Vocal Olisipo no Mosteiro de Coz (18h00) e de Dom Garcia – Cantata Cénica de Joly Braga Santos na cerca (21h30).
O Armazém das Artes recebe os recitais dos solistas nos dias 9 (do 12º ano) e 10 (dos 10º e 11º anos).
Elsa Lacerda e Nathanael Gouin levam os Temas da Revolução a Leiria, com o concerto “Change” no dia 10, às 21h30. Simultaneamente, na Igreja Paroquial da Benedita, decorrerá o concerto do Coro do Orfeão de Leiria.
O Cistermúsica é organizado pela Banda de Alcobaça desde 2002, tendo sido fundado pela Câmara alcobacense dez anos antes.
Na apresentação desta edição do festival, que tem um orçamento de aproximadamente meio milhão de euros, Rui Morais, da Banda de Alcobaça, explicou que a bilheteira cobre 6 a 7% da despesa anualmente e que esse valor tem vindo a subir.
Do orçamento, 62% são fundos públicos, sendo o restante assegurado pela organização através de mecenas e patrocínios.
A organização tem a expetativa de receber, até ao dia 3 de agosto, um total de cerca de 10 mil espectadores, num festival que se define como “intemporal”. ■