Os 96 anos da instituição foram assinalados, na tarde de S. Pedro, com marchas populares, apresentação de projetos, música e convívio entre utentes e os seus familiares
A completar 96 anos, a Santa Casa da Misericórdia firmou um protocolo com a associação Património Histórico (PH) para organizar o seu arquivo histórico e documentação. A historiadora Joana Ribeiro já está a trabalhar desde o início do mês nessa “difícil” tarefa de organizar a documentação e, inclusivamente, já encontrou novidades, salientou a provedora da Santa Casa da Misericórdia caldense, Maria da Conceição Pereira, durante a cerimónia comemorativa dos 96 anos da instituição, que decorreu a 29 de junho. O protocolo, assinado nesse mesmo dia, irá durar até ao final do ano, inícios de 2025 e será um primeiro passo para uma possível publicação daqui por quatro anos.
Presente na cerimónia, Joana Ribeiro manifestou o seu interesse no estudo da assistência nos anos 20 e 30 do século passado, nas Caldas, e dá-se o caso do Fernando da Silva Correia, personalidade que tem estudado, ter sido um dos fundadores da Misericórdia das Caldas, em 1928. “É muito interessante estar a trabalhar com documentação que remete a esse período, que nos leva para um contexto particular das Caldas, com a elevação a cidade em 1927 e a origem de várias instituições, como o lactário creche”, referiu.
Nos próximos dois meses irá dedicar-se a organizar e fazer o inventário de toda a documentação existente na Misericórdia. Seguir-se-á o tratamento do arquivo histórico, composto pela “documentação mais antiga que nos remete para esses primeiros anos de funcionamento da misericórida”, explicou a historiadora, acrescentando que o projeto editorial que têm prevê a participação de alguns especialistas na história das misericórdias, para contextualizar a importância desta instituição.
Joana Ribeiro propõe também a digitalização de uma parte da documentação referente aos “copiadores de correspondência, que, infelizmente, têm uma durabilidade muito curta e representam uma fatia relevante da documentação da instituição que não podemos perder”, explicou.
Reabertura da Loja Social
Em dia de aniversário, Maria da Conceição Pereira anunciou também a reabertura da Loja Social, agora nas instalações da Misericórdia, no edifício onde funcionava uma antiga oficina de bicicletas. O rés do chão do imóvel foi reabilitado para acolher a Loja Social, que funcionará às terças e quintas feiras, bem como o CLDS 5ª geração, que deverá arrancar para o final do ano.
O piso superior será requalificado para habitação. Serão criados quatro quartos, duas casas de banho, uma cozinha, uma zona de arrumos e um terraço com vista para o parque. “Estamos a dialogar com a Segurança Social no sentido de criar ali residências autónomas para jovens”, explicou a provedora, acrescentando que a obra, no valor de 34 mil euros, foi adjudicada nesse mesmo dia.
Também presente na cerimónia esteve o antigo provedor, Lalanda Ribeiro, que continua a sentir-se “como se fizesse parte desta casa”, e o presidente da União de Freguesias de Nossa Sra do Pópulo, Pedro Brás, destacou o “excelente trabalho” que a Misericórdia que faz com os seus utentes e o apoio que dá às famílias, deixando também a disponibilidade da junta de freguesia para apoiar a instituição.
A vereadora Conceição Henriques lembrou que as Caldas enquanto cidade e a Misericórdia nasceram mais ou menos na mesma altura e vêm-se acompanhando ao longo dos tempos. Esta instituição tem vindo a ganhar valências, um maior grau de profissionalismo e a visão moderna e contemporânea do que é o apoio aos mais necessitados, referiu, destacando ainda o apoio voluntário de muitas pessoas.
Atualmente a Santa Casa da Misericórdia conta com 100 idosos no lar, cerca de 60 com apoio domiciliário, 15 crianças e jovens no Centro de Acolhimento Temporário e outras 15 jovens no Lar de Infância e Juventude, e o Jardim de Infância conta com 75 meninos. Para além disso, distribui cabazes por famílias carenciadas, possui uma Cantina Social e a Loja Social. “Temos cerca de 150 colaboradores, é uma casa muito grande”, reconheceu a provedora, dando nota que atualmente só é possível dar resposta a todas estas valências contando com trabalhadores imigrantes, a maior parte deles oriundos de países africanos e do Brasil. ■