Memórias do “hardcore” caldense fazem parte da exposição no Museu e Casa Bernardo

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Fotografias de concertos na “garagem do Teles” (um espaço privado no bairro da Ponte onde se realizaram concertos “hardcore” há cerca de 10 anos), da autoria do caldense Pedro Ká, fazem parte da exposição “O que não é pedra é luz” que está patente até 22 de Setembro no Museu e na Casa Bernardo.Esta é a primeira vez que o fotógrafo está a expor publicamente estas imagens, que fazem parte da história do movimento “hardcore” caldense. “Faz todo o sentido que seja no Museu Bernardo, e no âmbito deste projecto, que sejam apresentadas estas fotografias”, disse Pedro Ká.Alguns dos retratados emocionaram-se a ver as imagens em que aparecem, quando eram bastante mais novos. “É também uma forma do pessoal se recordar daquela garagem e de tudo o que se passou naquele local. Foram bons momentos”, contou o fotógrafo.Pedro Ká apresenta ainda uma série de outros trabalhos, nos quais se incluem fotografias num casamento cigano na Holanda. “Gosto de viajar e fotografar, embrenhando-me em diferentes realidades”, referiu. Há também uma série de imagens das Caldas feita com uma máquina Polaroid, onde o artista quis apresentar “o outro lado da cidade, de sítios que as pessoas normalmente não reparam”.Professor de fotografia na ESAD, Pedro Ká começou a fotografar ainda na escola secundária Raul Proença, no núcleo criado por Edgar Ximenes.A exposição surge integrada no projecto Caldas da Rainha Hardcore (crhc-zine.tumblr.com) que está a ser desenvollvido pelo colectivo Ozzy Project e a associação P. Bernardo, contando com o apoio do programa da Fundação Calouste Gulbenkian para a valorização e divulgação artísticas.Participam ainda Pedro Bernardo, Joana Montez e João Belga, que dividiram os seus trabalhos entre a Casa Bernardo e o Museu Bernardo, que este ano celebram os seus cinco e três anos de existência, respectivamente. “Essa é uma das mais valias da exposição – estar patente nos dois espaços. Conseguimos criar uma dinâmica ao longo deste tempo em que o projecto decorreu”, desde Fevereiro, adiantou Pedro Bernardo.O responsável pelo Museu e da Casa, apresenta também alguns dos seus trabalhos. “O que interessa nesta exposição é a arte em si. Queremos que as pessoas venham cá e levem algo que possam transportar para as suas vidas”, disse, salientando a importância de se realizarem eventos como este, seja onde for.No dia da inauguração, 30 de Junho, foi também lançada a terceira e última fanzine do projecto CRHC.Da exposição faz parte ainda o trabalho realizado pelo colectivo Ozzy Project no âmbito do mês das Artes de Óbidos em 2011. A intervenção na antiga escola primária da Ferraria, no Bom Sucesso, intitulava-se “Happy Readymade – Palimpsesto habitado”.João Belga, que é também elemento do Ozzy Project, visitou o lado do concelho de Óbidos junto à lagoa e ficou negativamente surpreendido com o que as transformações que aquela zona sofreu. “Queria que as pessoas se apercebessem do que está a acontecer ali. Aquilo está a ser arrasado, com os campos de golfe e toda a construção”, referiu.Segundo o artista, há muito tempo que gosta de frequentar o Bom Sucesso, “mas de ano para ano, quando vamos lá no verão, aquilo está pior”. Como este ano não se realizou o mês das Artes em Óbidos, este evento acaba por estar presente nas Caldas da Rainha.A instalação está agora patente no Museu Bernardo, permitindo conhecer a Lagoa de Óbidos sob uma perspectiva diferente.
Pedro Antunes

pantunes@gazetadascaldas.pt