Pavilhões vistos pela lente de João Mota da Costa

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O autor junto a uma das 23 fotografias que compõem a exposição
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O interior deste icónico edifício da cidade pode ser apreciado pela objetiva do fotógrafo, nas suas vindas frequentes às Caldas entre 2017 e 2018

O crescente estado de abandono dos Pavilhões do Parque, que João Mota da Costa foi testemunhando nas suas visitas às Caldas, levou-o a querer descobrir o seu interior e fotografá-lo. Solicitou autorização à Câmara e, de chave na mão, passou ano e meio a fotografar o edifício, sobretudo aos fins-de-semana.
“Quando entrei lá dentro senti que era a coisa mais incrível, de abandono e desprezo por uma estrutura lindissima, por fora e por dentro”, disse o fotógrafo, que encontrou no interior lixo de arquivos, material de informática, material do hospital das Caldas e até cadáveres de pombos.
Toda essa realidade traduziu-se em mais de 500 fotografias que foi selecionando até às 23 que compõem a exposição inaugurada a 26 de novembro, e que estará patente até 4 de janeiro, no Espaço da Concas, no Centro de Artes.
O título: “E agora?” quer “perceber o que vai acontecer aqueles edifícios, à quantidade de pombos que lá estão dentro”, referiu o autor à Gazeta das Caldas.
Nas fotografias em exposição João Mota da Costa omitiu por completo a imagem exterior dos pavilhões porque “esse é o lado que toda a gente vê, lá dentro é que as pessoas não conhecem o que se passa”, justificou.
José Antunes, diretor do Centro de Artes, recorda que as imagens foram captadas num momento em que já estava em curso o criar de uma resolução para o espaço, através da sua conversão em unidade hoteleira de cinco estrelas, a construir pelo grupo Visabeira. Essa concessão pelo prazo de 48 anos antecedeu os necessários trabalhos de limpeza, que entretanto já foram feitos.
O responsável destaca ainda que este é o olhar de João Mota da Costa para um edifício que faz parte da memória coletiva, tendo em conta que muitos caldenses lá andaram na escola ou praticaram ginástica, por exemplo. “As imagens mostram um fim de ciclo daqueles pavilhões, de desocupação e de desintegração enquanto espaço útil à cidade”, concretiza.
Esta é a segunda vez que João Mota da Costa expõe no Centro de Artes, depois de em 2015 ter apresentado uma mostra fotográfica, denominada PIN, sobre a desmatação e terraplanagens que estavam a ser feitas na zona do Bom Sucessso para construção dos empreendimentos turísticos. O fotógrafo, que possui casa na zona sul da Lagoa, há cinco anos que se dedica a fotografar este ecossistema, mas que ainda não tem perspetivas de expor. “Gosto de deixar passar tempo, para o projeto assentar na minha cabeça”, concluiu. ■

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