Quando a chuva vai à ópera em Óbidos

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notícias das CaldasA noite de domingo começava amena e os primeiros acordes da Cármen, de Bizet, pela Filarmonia das Beiras, começavam a ser entoados minutos depois da hora prevista, na cerca do castelo.

A história de Micaela, D. José, Zuniga e da cigana Cármen, que reportava a plateia de 800 pessoas para uma praça de Sevilha no século XIX, corria sem sobressaltos até ao primeiro intervalo. Nessa altura começam a cair os primeiros chuviscos, que levam a organização a atrasar um pouco a segunda parte, enquanto os carpinteiros da Óbidos Patrimonium colocavam uma estrutura para proteger os músicos da orquestra.

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Com o passar das horas a chuva foi-se intensificando, mas os cantores continuaram em palco e o público não arredou pé até à 1h30 da madrugada, altura em aplaudiram de pé o esforço do elenco.

“Acho que correu muito bem, apesar das condições não terem sido as ideais”, contou no final o director artístico da Orquestra, António Vassalo Lourenço.

O responsável reconheceu tratar-se de um espectáculo “mais difícil, especialmente para os cantores”. Também a sua partitura apanhou água, mas o maestro não pensou em desistir. “Se o público fica nós também temos que ficar, por respeito”.

António Vassalo Lourenço conta que a Filarmonia das Beiras costuma fazer alguns concertos ao ar livre durante o Verão e este ano até tem feito mais que o costume. Já conhece o Festival de Ópera de Óbidos e considera que se trata de um “óptimo festival, com um espaço fantástico e um enquadramento muito bom”.

“Sabemos que o tempo aqui é sempre um bocadinho incerto e também já contamos com algum frio e vento, mas para a chuva é quase impossível estarmos preparados”, disse o responsável, que no dia anterior teve que cancelar o espectáculo devido à chuva.

Este viria a ser adiado para segunda-feira, mas os espectadores só o souberam após uma longa espera, de cerca de hora e meia, à chuva. No entanto, e devido às más condições climatéricas que se continuaram a registar, a organização optou por cancelar a récita e irá agora devolver o dinheiro do ingresso às pessoas.

De acordo com José Parreira, administrador da Óbidos Patrimonium, tiveram um prejuízo superior a 20 mil euros, que torna deficitário um festival que este ano deveria colmatar a despesa. Nesse sentido, conta com o apoio do Turismo de Portugal e do Turismo do Oeste.

O responsável lembra que em 10 anos de espectáculos apenas houve necessidade de proceder a cancelamentos por duas vezes, agora com a Cármen, e no passado com um espectáculo de Teresa Salgueiro. Garante que não é por causa destas intempéries ocasionais que deixarão de realizar espectáculos ao ar livre e adianta que o festival de ópera do próximo ano está assegurado.

José Parreira destaca também o profissionalismo da Filarmonia das Beiras e garante que esta é uma parceria que irá continuar.

O Festival de Ópera começou a 30 de Julho, com um concerto no Convento de S. Miguel e terminou no passado dia 14 de Agosto, com uma única récita da ópera Cármen.

 

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