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“Mexe connosco quando subimos ao palco noutras localidades e ouvimos o nome da nossa terra”

Foi criado em 1979, na altura com o propósito de participar no corso de Carnaval de 80. Mas a brincadeira tornou-se mais séria e dois anos depois o Rancho Folclórico “Danças do Arnóia”, de A-dos-Francos, já dançava com os primeiros trajes típicos.
Actualmente o grupo é composto por 30 elementos, dos três aos 78 anos e pertence à Sociedade de Instrução Musical, Cultura e Recreio de A-dos-Francos.

“Sabíamos que era preciso uma pedalada maior, mas todo aquele entusiasmo fez-nos continuar”. É assim que Gentil Ferreira, 78 anos, recorda a formação do Rancho Folclórico “Danças do Arnóia”, de A-dos-Francos. O grupo foi criado em 1979 para participar no Carnaval do ano seguinte, mas acabou por continuar a sua actividade. Tinha, nesses primeiros tempos, cerca de 40 pessoas.
Só passados quatro anos é que os elementos começaram a actuar trajados com as roupas típicas do final do século XIX, início do século XX. O grupo fez uma recolha junto das pessoas mais antigas da freguesia, reunindo fotografias, cantares, vestes e objectos para recuperar as tradições daquela época.
“Tanto temos o traje da pessoa mais abastada como da mais pobre, o traje de trabalho ou o traje de ir à missa ao domingo”, explica Carlos Esteves, ensaiador do grupo, acrescentando que o rancho não representa nenhum tema específico, optando antes por abordar diversas actividades agrícolas. Como os terrenos situados na freguesia usufruíam do regadio do rio Arnóia, o rancho adoptou a designação “Danças do Arnóia”.
Entre 1994 e 1999 deu-se uma paragem. “Foi eleita uma nova direcção e houve desentendimentos entre elementos do rancho e os dirigentes”, conta Gentil Ferreira que, naquela altura disse que não voltaria a pegar nas rédeas do rancho. Só que a memória é curta quando se fala com o coração e passados cinco anos o fundador aceitou o desafio de voltar a erguer o grupo. Depois não houve mais interrupções.
É o gosto pelo folclore, pela forma de dançar e o respeito pelos costumes dos antepassados que explicam a paixão pelo rancho. Depois há também as amizades que se formam e que muito contribuem para a união do grupo. “De alguma forma nós somos artistas porque estamos a representar um património que só desta forma é recuperado”, diz Carlos Esteves, acrescentando que no rancho de A-dos-Francos se dançam viras, fados batidos, o corridinho, valsa a dois passos ou o malhão. O som é o do acordeão, dos ferrinhos, do reco-reco, das canas, do cavaquinho e do bumbo. Instrumentos aos quais se juntam as vozes dos elementos.
“A forma de dançar depende de grupo para grupo, nunca é igual, mas aqui ninguém inventa, pois o objectivo é imitar a forma como se dançava antigamente”, acrescenta Gentil Ferreira.

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