“Dos 10.500 atletas que temos inscritos apenas 600 são femininos”

0
700
- publicidade -
Manuel Nunes assumiu a presidência da AF Leiria devido à promoção de Júlio Vieira para a FPF | D.R.
Manuel Nunes assumiu a presidência da AF Leiria devido à promoção de Júlio Vieira para a FPF | D.R.

 

Manuel Nunes é o novo presidente da AF Leiria. O antigo braço direito de Júlio Vieira nos 17 anos de presidência da AF Leiria adianta que vai manter até ao final do mandato – que termina em 2019 – o rumo que transformou a AF Leiria numa das mais representativas associações distritais de futebol do país. Professor de educação física na Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, o dirigente refere ainda que o novo cargo pouco vai mudar a sua vida em termos profissionais e pessoais.

- publicidade -

A promoção de Júlio Vieira da AF Leiria para a Federação Portuguesa de Futebol era comentada desde as recentes eleições no organismo que tutela a modalidade em Portugal e o processo só terá sido mais demorado devido à participação da Selecção Nacional no Europeu.
“Foi convidado a integrar a federação, aceitou e fez bem porque tem muitas ideias e gosto pelo que faz, é mau para a AFL mas vai fazer bem ao futebol”, afirma Manuel Nunes.
O dirigente caldense, de 62 anos, já tinha um papel de responsabilidade na direcção da AFL e adianta que a mudança pouco ou nada vai mudar. “É uma actividade não profissional, terei mais ocupação por presença em actividades, o resto mantém-se. É preciso ler e estudar documentos para reuniões e dar mais atenção a determinados pormenores que antes era o Júlio Vieira que tinha que dar”, conta.
A relação entre Manuel Nunes e Júlio Vieira começou em 1999, quando Júlio Vieira, então presidente do Portomosense, apresentou candidatura à presidência da AFL e fez questão que Manuel Nunes o acompanhasse. Na altura o caldense era treinador dos juniores do Caldas, numa temporada em que os dois clubes discutiram o título distrital desse escalão – que foi favorável aos caldenses.
“Não nos conhecíamos”, sublinha Manuel Nunes. Desde então “temos tido boa ligação, entendemo-nos bem e quando havia alguma divergência tentámos perceber o que era mais correcto para tomar uma decisão”, acrescenta.
Várias pessoas entraram e saíram da equipa de Júlio Vieira durante os cinco mandatos para os quais foi eleito, mas Manuel Nunes esteve sempre presente e, como número dois, herdou a cadeira do presidente.
“Cumpriram-se os estatutos, a pessoa imediatamente a seguir subiu a presidente e entrou o primeiro suplente para o lugar vago, a estrutura está organizada e vai funcionar como funcionava até aqui”, esclarece Manuel Nunes.
De resto, o novo presidente da AFL refere que o organismo tem a sua estrutura montada com estabilidade, pelo que nos três anos que faltam cumprir do mandato bastará seguir o projecto traçado, até porque as grandes reformas que eram necessárias estão feitas.
Em termos de organização, a modernização da sede e dos serviços administrativos encurtou a distância entre os clubes e a associação em processos como as inscrições, que hoje podem ser feitas online.
Os quadros competitivos estão a funcionar bem quer no futebol sénior, quer na formação, com a pirâmide dos escolões “completa tanto no futebol como no futsal”, destaca Manuel Nunes.
Os clubes estão hoje “bem organizados, com bons directores que fazem um trabalho em prol dos jovens” e as instalações desportivas no distrito são de qualidade, graças ao “esforço fantástico dos clubes e das autarquias locais, com os campos sintéticos e os pavilhões”, refere.
A falta de árbitros, que durante muitos anos foi um grande problema difícil de solucionar, está hoje em regressão com a criação e o bom funcionamento da academia de arbitragem. “Começa a ser uma actividade interessante para quem tenha gosto e interesse para complementar uma actividade profissional. Tudo o que diz respeito à actividade de árbitro é pago pela AFL – equipamento, subsídio, deslocações – e existe uma protecção”, realça o dirigente, acrescentando que o organismo apenas não pode garantir o progresso na carreira. “Para progredirem têm que trabalhar para isso, mas damos-lhes as condições, como o centro de treino e de formação que temos, por exemplo, nas Caldas da Rainha com o apoio da autarquia”.
Manuel Nunes acredita que todo o desenvolvimento do desporto rei no distrito tem muito a mão do anterior presidente. “Implementou uma boa dinâmica na AFL, com mudanças a vários níveis que permitiu que passássemos de 6 mil para mais de 10 mil praticantes e que se mudasse bastante na vida dos clubes e do futebol no distrito”, considera.

MAIS FUTEBOL FEMININO E “DIRIGENTE BENÉVOLO”

No entanto, há ainda algum trabalho a ser feito, ou batalhas que não têm sido fáceis de ganhar.
Uma delas é a afirmação do futebol feminino, que representa menos de 6% do universo de atletas inscritos no organismo. “Apesar dos incentivos quer da AFL, quer da FPF – quem pratica tem tudo à disposição – dos 10.500 atletas que temos inscrito apenas 600 são femininos, neste campo não conseguimos atingir os valores da Europa e é um problema que é transversal em todas as modalidades”, observa Manuel Nunes.
Manuel Nunes acredita que a solução poderá passar pela extensão de equipas mistas até ao escalão de iniciados ou juvenis. “Temos boas jogadoras que com 12, 13 anos deixam a modalidade porque não têm equipas”, sustenta. A experiência como professor de educação física também lhe diz que parte da solução tem também que passar pela política do Estado em relação ao desporto na escola.
Outra luta que Manuel Nunes admite difícil, mas da qual não desiste é a da criação do estatuto de dirigente benévolo. Desde 1999 que as direcções de Júlio Vieira se debatem pela criação destes enquadramento especial para os dirigentes associativos, “que não têm rendimento, têm é despesa num trabalho que desenvolvem em prol da juventude”, defende Manuel Nunes.
Manuel Nunes terá o seu primeiro grande acto público enquanto novo presidente da AFL na Gala do Futebol Distrital, que decorre dentro de um mês e será, pela primeira vez, fora de Leiria, no CCC das Caldas da Rainha, no dia 14 de Outubro. Admite que será um momento especial, principalmente por ser nas Caldas, “mas o protagonismo nesse dia é para os jogadores, dirigentes e treinadores, a Gala é a exaltação do futebol distrital”.

 

José Campo
desporto@gazetadascaldas.pt

 

Joel Ribeiro
jribeiro@gazetadascaldas.pt

- publicidade -