Os Andarilhos da Costa de Prata: uma equipa de Walking Football que nasce nas Caldas

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Gazeta das Caldas
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Em Janeiro de 2015, um grupo de amigos de várias nacionalidades que escolheu o concelho das Caldas da Rainha para viver decidiu criar uma equipa de Walking Football, em português “futebol a andar”. Mas não se pense por isso que é um jogo parado. É uma moda recente em Inglaterra, onde existem já mais de 400 clubes e tem como vantagem permitir que todos os que deixaram o futebol regressem.

Silver Coast Strollers é o nome da equipa que nasceu nas Caldas da Rainha há dois anos, em português: os Andarilhos da Costa da Prata. O nome deve-se ao facto de a maioria serem reformados estrangeiros (grande parte da Grã Bretanha), que escolheram esta zona para viver. Vieram de Inglaterra, Escócia, Irlanda, Bélgica, Suécia, Alemanha e Noruega e vivem no Nadadouro, Foz do Arelho, Salir de Matos, Gaeiras, Óbidos, Baleal e Benedita.
Treinam uma vez por semana, à segunda-feira, às 19h45, no sintético da Associação do Bairro Senhora da Luz. Gazeta das Caldas acompanhou um desses treinos, onde viu jogar, pela primeira vez esta modalidade.
Com uma pesquisa tomámos conhecimento das regras e lá fomos ver no terreno. Walking Football é uma modalidade parecida com o futebol, mas onde é proibido correr. Mas isso não faz com este seja um jogo pouco dinâmico, porque as outras regras conferem-lhe a rapidez necessária. Por exemplo, cada jogador só pode dar três toques consecutivos na bola e jogam com seis jogadores num campo tradicional de cinco (mais gente numa área menor, retira espaço e, portanto, tempo para pensar). Outras regras são, por exemplo, que a bola não pode passar acima da cabeça e que é proibido o contacto físico.
“Isto requer muito mais exercício e é muito mais difícil do que parece”, conta-nos Frank Robinson, um dos fundadores da equipa. Mas a maior dificuldade é mesmo “domesticar o cérebro para quando vê a bola à frente não nos mandar correr”.
Entre muitas piadas e bom-humor, não há falta de velocidade na partida, nem de golos. Ora marca um, ora marca outro, ora o guardião, o mais velho membro da equipa, com 69 anos, defende uma bola, mostrando a sua agilidade.

A maioria tem mais de 50 anos, mas todos os que tenham curiosidade podem experimentar e a equipa está sempre aberta a maiores de 40 anos, de qualquer nacionalidade e com qualquer capacidade futebolística.
Aliás, o grupo, que semanalmente tem entre 15 e 25 jogadores, até gostava de jogar contra equipas locais, das aldeias, dos Bombeiros ou da Polícia, até porque alguns já foram polícias. “Estamos completamente disponíveis para ir ao sítio, explicar e ensinar a jogar e também para ir jogar, porque se tivéssemos cinco ou seis equipas na região podíamos jogar todos regularmente”, faz notar. “Portugal é um país onde adoram futebol e onde jogam bem, por isso acho que deviam tentar”, diz Frank Robinson.
Em Inglaterra há quem tenha jogado a Premier League e hoje pratique esta modalidade. Aqui, muitos dos actuais membros jogaram futebol amador, mas também há quem nunca tenha jogado.
O Walking Football tem feito regressar muita gente que havia deixado o futebol, por motivos vários. Um dos mais comuns são as lesões, mas também há quem pela pressão ou pelas circunstâncias da vida tenha deixado a modalidade. Aqui há uma oportunidade para todos, porque o mais importante é o desporto.
Esta equipa tem também uma outra função: ajudar os que chegam a Portugal a adaptar-se e integrar-se, encontrando resposta para as suas dúvidas.
Já participou em várias competições, a última delas em Albufeira, onde conquistaram o terceiro lugar.
Em datas especiais a equipa faz partidas de celebração, como por exemplo, no jogo entre as selecções da Escócia e da Inglaterra.
A partida de celebração realizou-se no Nadadouro e os escoceses e um jogador norueguês jogaram de kilt! No dia dos treinos, a equipa junta-se no café O Melro, na mesma aldeia, a confraternizar.

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