Suspeita de um AVC? Ligue de imediato para o 112

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O acidente vascular cerebral (AVC) é uma doença prevenível e tratável, ainda que constitua uma das principais causas de morte, mas também de incapacidade em Portugal.
O recurso imediato ao 112, que irá acionar a Via Verde para o AVC, é a principal mensagem a reter no que toca ao socorro a uma vítima de AVC.
“Muitos AVC agravam-se com o tempo, pelo que é crucial agir com rapidez. Na meia hora seguinte, a vítima de AVC pode deixar de ter capacidade para realizar qualquer tarefa ou ficar com o raciocínio toldado”, pelo que não se deve deixar “arrastar os sintomas por mais cinco minutos sem telefonar para o 112”, recomenda Fernando Mota Tavares, médico e responsável pelo departamento científico da Associação Portuguesa de AVC (AP AVC).
Segundo o especialista, “os médicos conseguem recuperar na totalidade, ou quase, em um em cada dois doentes que tenham sintomas de AVC há menos de uma hora”. Mas quanto mais tempo passar, “a probabilidade de recuperação de um AVC diminui assustadoramente”, sendo que “por cada hora que o tratamento do AVC demorar, o cérebro envelhece quatro anos”, frisa.
“Ao ligar para o 112, é ativada a Via Verde do AVC, sendo mobilizado um conjunto de meios que permitirão tratar o doente de modo rápido e eficaz”, pelo que, “em caso de suspeita de AVC, não vá de carro ou de táxi e muito menos a uma clínica privada, centro de saúde ou consultório médico”, acrescenta.

Doença evitável e tratável

Sedeada em Leiria, a Associação Portuguesa de AVC (AP_AVC) conta com a colaboração de mais de 210 voluntários, a maioria deles profissionais de saúde, empenhados na prevenção do AVC e apoio às vítimas.
A associação, que conta com delegações em vários pontos do país, tem-se desdobrado em ações regulares de avaliação e prevenção dos factores de risco do AVC, rastreios junto da população escolar, sessões de educação para a saúde, programas de formação e sensibilização em diversas áreas relacionadas com a doença.
Segundo Fernando Venâncio, presidente da APAVC, a associação tem apostado numa “dinâmica que tenta contrariar os comportamentos mais nocivos, dando assim a oportunidade a todos, de evitar as doenças cardiovasculares, em geral, e o AVC, em particular”. O projeto tem chegado a vários serviços públicos, com ações de rastreio, sensibilização e formação em escolas, universidades seniores, juntas de freguesia, serviços da Segurança Social e Finanças, corporações de bombeiros e forças policiais.
A AP_AVC pretende ainda contrariar “a ideia de fatalismo que ainda hoje assola a grande maioria dos cidadãos no que ao acidente vascular cerebral diz respeito”, esclarecendo que o AVC “é atualmente uma doença evitável e tratável se a pessoa acorrer rapidamente a um hospital qualificado”, frisa Fernando Venâncio.
O acidente vascular cerebral (AVC) lidera a lista das doenças cerebrovasculares que mais matam em Portugal. Em 2017, foi responsável por 11.270 mortes, cerca de metade dos casos atribuídos às doenças do aparelho circulatório, que provocaram 32.366 óbitos. Os dados, que constam do mais recente relatório do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) sobre as causas de morte em Portugal, reportam ainda que as doenças cerebrovasculares representaram 10,2% da mortalidade no país e afetam mais mulheres (6.360) do que homens (4.910). Já a idade média ao óbito por estas doenças ronda os 82 anos, sendo que 93% dos casos ocorreu em pessoas com 65 e mais anos e cerca de 83% em pessoas com 75 e mais anos.

Região de Leiria / Gazeta das Caldas