Doenças cardiovasculares e oncológicas causam mais de metade das mortes em Portugal

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As doenças cardiovasculares e os tumores malignos são as principais causas de morte em Portugal. Em todo o país registaram-se mais de 110 mil óbitos, e 54,9% da mortalidade deve-se a estas duas causas.
As doenças cardiovasculares são as que mais matam em Portugal, segundo os dados do INE actualizados em Dezembro do ano passado. No país, morreram mais de 32 mil pessoas com estas causas, o que significa que a 29,4% das mortes tiveram por base uma doença cardiovascular. O acidentes vasculares cerebrais (AVC) têm maior incidência dentro destas doenças (11,3 mil pessoas). Por cada 10 mortes registadas no país, uma aconteceu devido a um AVC.
O Centro é a segunda região do país com maior incidência de mortes por doenças do sistema circulatório, correspondendo a cerca de 360 mortes por 100 mil habitantes. Apenas no Alentejo a proporção é maior.
As doenças do foro oncológico são a segunda maior causa de morte no país, responsável por um em cada quatro óbitos. Os tipos de tumor maligno que provocaram mais óbitos foram os do sistema respiratório (3,8% do total de mortes), do cólon, recto e ânus (3,5%), da próstata (3,2%), do estômago (2,1%), da mama (1,6%), do pâncreas (1,4%) e do fígado (1,1%).
Segundo os dados do INE, o Centro é a segunda região do país com menor incidência de mortes por cancro da mama (19,1 por 100 mil habitantes), a seguir ao Norte. É também a segunda região com mais mortes por cancro da próstata (22,5 por cada 100 mil habitantes).
A seguir às doenças cardiovasculares e oncológicas, a maior causa de morte em Portugal são os problemas no aparelho respiratório, responsáveis por 11,6% dos óbitos, num total de 12,8 mil pessoas. A pneumonia é, entre estas, a principal causa, responsável por uma em cada 20 mortes.
Entre as causas de morte mais comuns contam-se ainda problemas no aparelho digestivo (4,5%), a diabetes (3,8%) e as perturbações mentais (3,7%).

Conheça os sintomas: 

Dois tipos de AVC
Existem dois tipos de AVC (Acidente Vascular Cerebral): um deve-se ao entupimento de uma artéria cerebral (AVC isquémico ou trombose cerebral) e o outro ao rompimento de uma artéria cerebral (AVC hemorrágico ou hemorragia cerebral), esclarece o médico Fernando Mota Tavares, da Associação Portuguesa do AVC (AP AVC).

Doença dos “3 F”
O AVC é conhecido pela doença dos “3 F” devido a três principais sinais de alerta: face assimétrica ou “boca torta”; fala arrastada, presa, confusa ou incoerente; e falta de força no braço e na perna, quase sempre do mesmo lado.

De um minuto para o outro
“Os sintomas de AVC aparecem de um minuto para o outro e podem ser, ora muito pronunciados, ora muito discretos. Os sintomas podem durar menos de 5 ou 10 minutos e desaparecer completamente. Alguns doentes nem acreditam que os tiveram”, refere o clínico. Ainda assim, a AP AVC recomenda que, mesmo nestes casos, se deve telefonar para o 112. Esses sintomas podem ser o prenúncio de que, nesse dia ou nos dias seguintes, pode surgir um AVC.

Factores de risco
A má alimentação, a falta de exercício físico e a obesidade podem originar trombose cerebral. O abuso de tabaco, álcool ou drogas são factores de risco, assim como a hipertensão, o colesterol elevado ou a diabetes.

Vigie a sua pulsação
A fibrilhação auricular ou arritmia do coração relativamente frequente também podem causar AVC isquémico ou trombose cerebral. A Associação Portuguesa de AVC recomenda a todas as pessoas que sofram de palpitações ou tenham mais de 50 anos que palpem o seu pulso durante 30 a 60 segundos, de vez em quando, durante toda a sua vida. Uma pulsação irregular pode indicar fibrilhação auricular.

Evite o sal
A tensão arterial elevada é a principal causa do AVC hemorrágico ou hemorragia cerebral, devendo os valores situar-se abaixo de 130/80mmHg para a maioria das pessoas, refere Mota Tavares. Evitar o consumo de alimentos ricos em sal ajuda a prevenir.

Pratique exercício
Uma dieta saudável e a prática de atividade física diária ajudam a prevenir o risco de AVC.

 

Formigueiros? Esteja atento
“Muitas pessoas julgam que o adormecimento ou a sensação de formigueiro num braço ou numa perna podem ser sintoma de AVC”, embora a AP AVC considere que “só pode ser possível se essas queixas não passarem com a mudança de posição”, esclarece o médico.

 

Raramente vertigens
A vertigem ou sensação de ver tudo a andar à roda, muitas vezes associada a náuseas e vómitos, que lhe permita andar, falar corretamente e usar o telemóvel ou apertar botões, só raramente se devem a AVC.

 

Ligue para o 112
Se estiver sozinho e tiver sintomas de AVC, ligue de imediato para o 112, e peça de seguida ajuda a um familiar ou vizinho. “Deixe a chave da porta do lado de fora para que a ajuda possa entrar. Junte a sua medicação habitual, exames e relatório médicos e deite-se de lado, ou sente-se num sofá, se não conseguir chegar à cama. Não beba nada, nem tome qualquer medicamento”, aconselha Mota Tavares.

Saiba como ajudar
Se estiver perante alguém com sinais de AVC, contacte o 112, refira com clareza que se trata de um possível AVC e relate com precisão os sintomas. Enquanto aguarda a chegada do INEM, “veja as horas, deite a vítima de lado, com a cabeça perto do chão e tente saber se tem outras doenças e que medicação toma. Palpe o pulso durante 30 segundos, para perceber se o ritmo é regular ou irregular. Não dê, nem deixe que alguém lhe dê alguma coisa pela boca”, e tente manter a calma, recomenda ainda.