É tempo de preparar uma nova estratégia turística

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Os vereadores do PS em Óbidos, Vitor Rodrigues, Ana Sousa e Paulo Gonçalves, têm dúvidas que as campanhas ao turismo interno, que já estão a ser feitas, possam ser a solução para a quebra na procura de turistas, pois “há muito tempo que esse turismo está longe de Óbidos, fora dos períodos dos eventos”. Os socialistas consideram que, na ausência destes certames, o concelho corre “sérias dificuldades em conquistar esse público interno”. Na sua perspectiva, a solução passa por conseguir tirar os visitantes da Rua Direita de Óbidos, oferecendo-lhes outras riquezas patrimoniais, com boas campanhas, e assim atraindo novos mercados. Mas, para que isso aconteça, “terá de haver um esforço colectivo, uma estratégia comum entre comunidades”, defendem.
Da Câmara, liderada pelo social-democrata Humberto Marques, esperam que seja proactiva nesta matéria, o motor da discussão dessa estratégica envolvendo todos os parceiros locais, como hotéis, a associação empresarial ObidosCom e a Turismo do Centro. Esperam ainda que “saiba tirar partido deste tempo de menor acesso à vila para pensar e organizar medidas aparentemente tão básicas como a circulação pedonal do turismo em Óbidos, a organização da ocupação do espaço público com esplanadas etc”, dizem à Gazeta das Caldas.
Na opinião dos socialistas, enquanto se mantiverem as limitações nas viagens aéreas e nos transportes coletivos, Óbidos “terá muita dificuldade em voltar a ter o número de visitantes que sempre teve, pois a maioria chegava a Óbidos por meio de transportes públicos”. Destacam que “toda a vida em Óbidos” foi convertida para operar no período diurno, direcionado a 100% ao turismo internacional, pelo que há que inverter esta situação, procurando alargar a actividade económica para além das 19 horas.
Embora não tenham informação suficiente para avaliar o real impacto que a pandemia provocou na economia relacionada com o turismo e conscientes de que há famílias e empresas com grandes dificuldades, os vereadores, “arriscam-se” a dizer que a actividade económica na vila dificilmente será alterada. “No entanto, há outro turismo possível para o concelho, como o turismo à volta da lagoa, turismo nas nossas aldeias, os parques de autocaravanas, os parques de campismo”, dizem, acrescentando que, “lamentavelmente este segmento de mercado não é bem acolhido pelo executivo em maioria”.
Os vereadores da oposição esperam que esta nova realidade “nos faça retirar algumas ilações e repensar o futuro”, sobretudo concretizando algumas das actividades económicas que “há muito que são prometidas”.

INVESTIR EM ESTRUTURAS

Alberto Madaíl, vereador independente pelo PSD na Câmara da Nazaré, diz que o município, a braços com uma situação económica difícil, não tem condições para criar medidas “além de facilitar ocupação do domínio público”, que já está prevista, e a isenção de taxas, embora considere que essas medidas devem ser estendidas até ao final do ano.
Para o vereador, que está em minoria no executivo municipal, a dependência do concelho pelas receitas do turismo é extrema e só cresceu com o fenómeno da onda gigante. Alberto Madaíl acredita que o sector vai continuar a ser o principal no concelho, mas diz que a aposta terá que passar pelo “acautelar da segurança dos visitantes nacionais e estrangeiros”, mas gostava de ver diversificadas as actividades económicas desenvolvidas na Nazaré. Para isso, torna-se necessário melhorar as condições de atractividade da Área de Localização Empresarial no Valado “que tem a forte concorrente ao lado, no Casal da Areia”. Alberto Madaíl considera exagerada a cobrança de 1,5% de derrama às empresas, e insuficiente o desconto de 50% previsto para o próximo ano. “A minha posição tem sido de isentar, actualmente não temos muitas condições para competir com os municípios ao nosso redor”, atira.
João Paulo Delgado, deputado pela CDU à Assembleia Municipal da Nazaré e presidente da ACISN, também teme pela economia e pelo emprego no concelho, não só no turismo, como nos restantes sectores, que lhe dão apoio. No entanto, considera que o concelho “não se pode dar ao luxo de abrir mão das condições naturais, culturais e humanas que tem para a atracção turística”. Este deve continuar a ser o sector estratégico, mas não pode ser o único. “É preciso perceber quais as profissões que continuaram a assegurar a vida ao país”, afirma o comunista, acrescentando que é igualmente necessário pensar qual é o turismo que se pretende para o concelho.
João Paulo Delgado questiona se faz mais sentido o município investir cerca de 350 mil euros nas iniciativas de futebol de praia em vez de utilizar essas verbas para investimentos estruturantes, dando como exemplo a falta de estacionamento nas alturas de maior afluência à Nazaré.

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