Criada há 25 anos por um grupo de agricultores com o objectivo de juntar a produção de fruta fresta e exportá-la, a central fruteira Granfer (sediada na Usseira) possui actualmente 14 mil metros quadrados de área coberta e uma média anual de 90 trabalhadores.
A maior exportadora de pêra Rocha do país entre os anos de 2003 e 2006 continua a procurar novos mercados, desta feita no continente africano. Nos próximos cinco anos pretende duplicar a produção e apostar em novas variedades.

Em 1986 a central fruteira situada na Usseira (Óbidos) comercializava 1500 toneladas de fruta, actualmente movimenta 20 mil toneladas, das quais 60% é pêra Rocha. A exportação absorve 80% da produção, que segue para mercados tão diversos como a Europa, Brasil e Canadá. Apesar da “cada ano ser diferente”, como realça o director comercial da Granfer, Hélio Ferreira, a Inglaterra continua a ser o seu maior cliente, seguido da Alemanha, Polónia, França, Espanha, Itália e Rússia. Também já exportaram alguma pêra para África e estão, neste momento, a fazer prospecção de novos mercados naquele continente.
A Granfer tem crescido também no mercado nacional, tendo as grandes superfícies da Sonae como principal cliente.
De acordo com Hélio Ferreira, tem sido feita uma aposta grande na produção, ao nível de plantas seleccionadas e equipamento. A pêra Rocha é produzida essencialmente no Oeste, em pomares no Cadaval, Bombarral, Óbidos, Caldas da Rainha, Lourinhã, Rio Maior e Alcobaça, num total de 400 hectares. Depois, têm pomares na zona da Cova da Beira onde é produzido o pêssego, a nectarina e a maçã.
Com a Granfer trabalham cerca de 40 agricultores e, entre a fruta produzida e a comprada, totalizam 20 mil toneladas por ano.
A Granfer está certificada com HACCP (que garante a segurança e higiene alimentar) e em GlobalGap (certificação internacionalmente reconhecida para a produção primária nas boas práticas agrícolas e ambientais). “Tentamos cumprir todos os requisitos dos nossos clientes mais exigentes”, salienta Hélio Ferreira. O responsável reconhece que o investimento é elevado, mas é também uma garantia de venda do produto em qualquer mercado.
Entre as exigências estão, por exemplo, a colocação de casas de banho nos pomares durante a apanha da fruta, ou a necessidade dos funcionários transportarem a bata de serviço num saco de plástico lacrado, para que não haja contaminação.
“A agricultura bem feita é uma boa oportunidade”
As características da pêra Rocha permitem-lhe viajar em longa distância. “É um produto consistente, que aguenta bem as viagens longas e é essa a “arma” que temos que exportar para países como a Rússia, Brasil e Canadá”, defende.
O pêssego e nectarina são “produtos interessantes”, que a Granfer tem exportado para Inglaterra, Alemanha e Rússia.
A distribuição no estrangeiro é feita recorrendo a transportes de aluguer. Das instalações na Usseira saem entre os 15 a 30 carros, por semana, para diversos mercados estrangeiros (entre as 300 e 900 toneladas por semana). Os três carros da Granfer fazem a entrega em Portugal.
A Granfer começou com seis mil metros quadrados de área coberta e neste momento tem 14 mil metros quadrados. A central fruteira tem uma capacidade total de 12 mil toneladas de frio, das quais 70% são de atmosfera controlada. Este sistema garante uma melhor conservação do produto durante mais tempo. Trata-se de criar uma atmosfera modificada em que se baixam os níveis de oxigénio e controlam os níveis de dióxido de carbono para que a fruta, ao respirar menos, não se degrade.
Nos últimos anos tem tido uma facturação média entre os 12 e os 15 milhões de euros. Pretende duplicar a produção em cinco anos, apostando bastante em novas variedades e automatização dos processos produtivos. “A nossa bandeira é inovação aliada à tradição e qualidade do produto”, conclui o responsável.
Para Hélio Ferreira, a “agricultura bem feita é uma boa oportunidade”, mas alerta para o caminho da produção escolhida. No que respeita aos alimentos que sejam transaccionáveis de barco “podemos ser mais concorrenciais, mas nos produtos que tenham que ser transportados de camião temos o problema de estarmos distantes do centro da Europa”, explica.
O responsável destaca ainda que a exportação é fundamental, para aliviar o mercado nacional. “Há que estar atento aos novos mercados e investir neles”, diz, fazendo notar que, por vezes, “estamos um ou dois anos sem ganhar dinheiro, mas vamos criando bases para alimentar as nossas vendas e assim aliviá-las sobre o mercado nacional”.
Para este ano de 2011 Hélio Ferreira perspectiva uma produção “interessante” de peras e toda a fruta de caroço. A campanha do pêssego, nectarina e damasco começa para a semana e a da pêra Rocha será em inícios de Agosto.
Trabalham na central fruteira uma média anual de 90 trabalhadores e, no pico da apanha, chegam a andar a colher fruta cerca de 400 pessoas.
A Granfer, durante os anos de 2008 e 2009, forneceu gratuitamente fruta a todas as escolas do concelho de Óbidos, e patrocina as equipas dos iniciados do Caldas Sport Clube.