Os registos de novos estabelecimentos de alojamento local têm disparado este ano em território nacional e o Oeste não é excepção. Há desde o início do ano 1163 novos alojamentos locais no Oeste, o que significa um aumento de 46,7%. Peniche, Nazaré, Alcobaça e Óbidos são os grandes bastiões do sector no Oeste, mas também nas Caldas este é um tipo de negócio em crescimento.
Desde o início do ano foram inscritos no Registo Nacional de Turismo 1163 novos alojamentos locais no Oeste e, segundo dados da mesma entidade, existe na região um total de 3654 negócios deste género, entre estabelecimentos, moradias e apartamentos.
A maior incidência de alojamento local é nos concelhos da Nazaré (820 estabelecimentos) e Peniche (756 estabelecimentos), onde o turismo ligado ao mar, e em particular ao surf, tem sido uma alavanca para a economia local. É também nestes dois concelhos que se está a verificar maior número de inscrições este ano. Na Nazaré o número de estabelecimentos cresceu, só este ano, 56,5%, enquanto em Peniche os estabelecimentos registados aumentaram 52,1%.
A seguir a estes concelhos surgem Alcobaça (670 estabelecimentos) e Óbidos (540 estabelecimentos), outros dois destinos turísticos por excelência na região, o primeiro impulsionado pelas suas nove praias, o segundo pela componente de história, cultura e património. Nestes territórios o aumento de estabelecimentos não foi tão pronunciado, mas, mesmo assim, em Alcobaça foi de 36,% e em Óbidos 28,5%.
Jacinto Gameiro, advogado e empresário que é proprietário da marca Casal da Eira Branca, com estabelecimentos em Óbidos e em Lisboa, acredita que há diferentes factores a contribuir para este crescimento súbito no alojamento local. Um deles é que a legislação que veio regular o sector levou muita gente que já estava neste ramo a registar os seus negócios. Outro factor que reforça esta tendência é que as plataformas digitais de reserva (como o Airbnb, ou o Booking), “estão a exigir que a licença das propriedades conste nos anúncios”, diz Jacinto Gameiro.
Além desta questão legal, o aumento dos registos do alojamento local também têm explicação na conjuntura económica e no aproveitamento das oportunidades criadas com o crescimento do sector. “Os particulares percebem que podem ter nas suas casas, ou no quarto que têm vazio, uma fonte de rendimento, ou um complemento”, refere o empresário.
Nestes concelhos, sobretudo Nazaré e Peniche, Jacinto Gameiro acredita que o alojamento local ainda não é excessivo. Por um lado, “há uma grande procura potenciada pelo surf”, por outro “são destinos com uma capacidade de absorção diferente, por serem destinos turísticos”, explica.
Caldas acompanha no crescimento
Caldas da Rainha surge em quinto lugar entre os concelhos do Oeste com mais alojamento local. Se o concelho caldense ainda fica aquém dos quatro que estão no topo, em proporção acompanha-os. Se no final de 2017 havia 211 alojamentos inscritos, este ano já foram registados 110, ou seja, mais 52,1%.
Jacinto Gameiro acredita que este número possa começar a ser exagerado, não tanto pelo potencial turístico das Caldas, mas sobretudo pela capacidade actual para atrair turistas. O empresário considera que Caldas da Rainha tem uma atractividade grande de turismo residencial, ou seja, de pessoas que alugam uma casa para ficar durante algumas semanas ou meses, com a intenção de adquirir mais tarde.
No entanto, “não está a aproveitar o potencial que existe nos concelhos à volta, porque não faz nada para atrair as pessoas que circulam na A8 para visitar Óbidos e Fátima”, localidades com grandes fluxos de pessoas, afirma.
Jacinto Gameiro acredita que seria benéfico ter uma associação de operadores que trabalhasse esta parte da promoção, aproveitando fundos comunitários que existem para o apoio à internacionalização. “Costumo aproveitar as minhas férias para ir a feiras de turismo no sector, mas seria mais fácil através de uma associação, até pela partilha de custos”, sugere.
Alcobaça é o concelho com mais quartos
Segundo dados do Registo Nacional de Turismo, Alcobaça é o concelho do Oeste com mais quartos, mais camas e maior capacidade para hóspedes. Os cinco concelhos com maior número de alojamentos locais (Caldas da Rainha, Óbidos, Nazaré, Peniche e Alcobaça) concentram 85% da oferta.
Se Nazaré e Peniche são os concelhos com mais alojamento local, Alcobaça ultrapassa a combinação de ambos em termos de quartos e camas. No total, as unidades alcobacenses conseguem albergar 4214 hóspedes, com 1758 quartos e 2849 camas (o número de hóspedes possíveis é superior ao número de camas porque a maioria são camas de casal). Em Peniche, o alojamento local tem capacidade para receber 1709 pessoas, enquanto na Nazaré o número baixa para 1534.
Curiosamente, apesar de ter menos alojamentos locais do que Óbidos, as Caldas da Rainha aproxima-se deste concelho em termos de capacidade, com 315 quatros, 518 camas e capacidade para 698 hóspedes. Em Óbidos o alojamento local consegue receber 798 hóspedes por dia, com 367 quartos e 586 camas.
Dado curioso é que, dos 3107 alojamentos locais nestes cinco concelhos, 819 têm promotores estrangeiros, ou seja, 26,3% do total, o que significa que o Oeste está a ser atractivo para os estrangeiros tanto para visitar, como para investir no sector do turismo. Reino Unido, França, Bélgica e Alemanha são os países de origem da maior parte dos investidores.
Há ainda outro dado curioso e que confirma a ideia de que o alojamento local será uma das alavancas para a recuperação de imóveis antigos. É que dos cerca de 3100 alojamentos locais que existem na combinação destes cinco concelhos, mais de um terço estão localizados em imóveis de construção anterior a 1951.