Conservatório das Caldas aposta em novo modelo pedagógico

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Programa de tutoria dos alunos envolve docentes e as famílias. Pedagogia é a prioridade na estratégia da escola

Cristina Loureiro assumiu a liderança do Conservatório das Caldas da Rainha em 2019 e, desde então, procurou dar um novo rumo à instituição de ensino especializado da música. A implementação de um modelo pedagógico alternativo está em curso há apenas dois anos letivos, mas os resultados são animadores, com a escola a registar um incremento na procura e a obter um reforço do financiamento do contrato de patrocínio.
“Sentimos que havia uma necessidade de mudança, pois faltava uma definição estratégica da escola”, frisa a diretora-geral, que identificou, de imediato, um problema central: “os alunos estavam desmotivados para as aprendizagens”. A solução passou, então, por motivar docentes e colaboradores, por forma a “ajudar os alunos e as famílias” a ultrapassar obstáculos e, com isso, a melhorar os resultados.
“Era necessária uma outra estrutura orgânica e um modelo de gestão mais eficiente e humanizado, com aposta na comunicação interna e externa”, recorda a docente, que não se identifica com o modelo de ensino vigente. “Em muitos casos, o ensino está obsoleto, muitas escolas ainda não tiveram consciência de que estamos no século XXI”, nota Cristina Loureiro, que decidiu investir na formação na área comportamental dos funcionários, tendo como propósito “estimular a estrutura pensamentosa de todos os colaboradores”.
Foi implementado um modelo de tutoria, em que cada aluno fica confiado a um professor, “por norma o professor do instrumento”. Ao docente cabe fazer o acompanhamento preventivo do estudante, ao longo do ano, nas componentes social e emocional deste, e na recolha do levantamento do empenho do aluno nas restantes disciplinas.
“No ensino geral, os encarregados de educação deslocam-se à escola apenas no final de cada período para saber as notas e ficam-se por aí. Entendemos percorrer outro caminho”, frisa a diretora-geral do Conservatório das Caldas, que tem como prioridade uma “atitude pedagógica” para com os jovens,
“Se um professor não consegue ‘chegar’ ao aluno, se ele se desinteressa pelas aulas, o problema não é do aluno. É necessário trabalhar as competências dos alunos”, explica a antiga cantora, que estudou flauta transversal e canto, fez formação superior em Ciências Musicais, e especializou-se no ramo de formação direcionado para o ensino.
O Conservatório das Caldas tem um total de 350 alunos e 50 colaboradores e as mudanças tiveram “algumas resistências iniciais”, mas o processo segue, agora, em velocidade de cruzeiro.
“Começámos a ser mais eficazes. Estamos perante outro paradigma do ensino e da juventude e isso implica readaptar as nossas ferramentas de trabalho”, sublinha a dirigente, que aposta na criação de “mecanismos internos” que permitam definir objetivos e trabalhar em função dessas metas. Uma estratégia assente em três vetores: “valências, fragilidades e elaborar estratégias de superação dos alunos”.

Procura dispara
O novo modelo pedagógico teve impacto imediato. “Os resultados dos alunos melhoraram progressivamente, mas, no início do ano letivo 2020/21, tivemos mais do dobro dos interessados nas provas de aptidão. Isso significa que houve um passa-palavra importante entre os encarregados de educação”, nota Cristina Loureiro, que acredita que, apesar de alguns ajustes que são necessários, a escola está “mais próxima” do modelo pedagógico que, acredita, “pode, efetivamente, ajudar o aluno”.
Outro efeito prático desta mudança da gestão foi alcançado com a renovação do contrato de patrocínio, que obteve uma valoração significativa e permitiu ao Conservatório ter alunos do ensino secundário.
“A esmagadora maioria das escolas a nível nacional viram o financiamento reduzido, mas o nosso cresceu. E isso é muito significativo”, diz a professora, natural da Figueira da Foz, cidade onde exerce funções de diretora pedagógica no Conservatório de Música David de Sousa.
O Conservatório das Caldas trabalha com agrupamentos das Caldas da Rainha e Bombarral, uma parceria com o Centro Cultural do Bombarral e com vários outros parceiros na região, mas projeta apenas para dezembro a possibilidade de fazer espetáculos com alunos, porque “ainda há algum receio” por parte dos pais.
No próximo ano letivo, uma das novidades da escola passa pelo ensino do canto. ■

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