O que se passa nas Organizações Portuguesas?

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Em Março de 2018 a QSP – Consultoria de Marketing, publicou os resultados de um pequeno estudo desenvolvido junto de 208 gestores e líderes de equipa, nos domínios da Comunicação, Liderança, Inteligência Emocional e Inteligência Artificial. Apesar do grupo alvo de entrevista ser limitado e um grupo muito específico, este estudo chegou a alguns resultados sobre os quais vemos algum interesse em reflectir.
Os inquiridos consideram-se, em auto-avaliação, lideres tendencialmente colaborativos, democráticos, com uma liderança próxima e partilhada e consideram que as suas equipas – em 69% dos casos – têm um alto sentido de compromisso.
No âmbito da Inteligência Emocional, cerca de 99% dos Gestores responderam que valorizam esta forma de inteligência nas suas equipas. Paradoxalmente, 68% dos inquiridos simultaneamente respondeu que não fomentaram nem propuseram formações nestas áreas… O que retirar daqui? Que não valorizam a formação como forma de promover esta capacidade, ou que apesar de referirem valorizá-la, na verdade, nada fazem para a fomentar?

O grupo de inquiridos, a propósito de exemplos de canais de comunicação, referiu, em 98% dos casos, que a forma de comunicação que privilegia é o email em detrimento de plataformas de messaging, mensagens de telemóvel, intranet ou redes sociais. No entanto, referem que recebem uma quantidade exagerada de emails (57%) – não será o recurso ao email uma ferramenta que pode criar maior entropia do que agilização da comunicação?
No que se refere a decisões importantes os Gestores inquiridos referem que preferem que estas sejam comunicadas cara a cara (88%). Mas 71% refere que não estão certos de que a equipa tenha conhecimento dos problemas que os líderes enfrentam. Isso refere-se a uma valorização da comunicação das decisões importantes, sem sustentação nos desafios que a liderança atravessa – e com isso em informação deficitária para a percepção da equipa?
Embora o estudo traga outros dados interessantes, que podem pesquisar online, não podemos deixar de dar maior relevância àquela que é para nós a conclusão mais interessante, face ao encadeamento das anteriores que vos apresentámos: para os participantes, a principal fonte de desmotivação das equipas é a falta de clareza na estratégia, antes mesmo da falta de objectivos ou até de uma política salarial desajustada.
Reflectindo um pouco acerca destas conclusões não podemos deixar de ponderar sobre a forma como algumas delas parecendo antagónicas, não o são. São mais uma camada de complexidade que temos que acrescentar quando ponderamos de forma mais consistente e profunda nos nossos gestores, lideres, chefes. O estudo, embora tenha tido uma amostragem muito especifica, não deixa de ter enquadramento em muitas organizações que conhecemos. Não podemos deixar de nos identificar um pouco com a forma como em tantos casos temos as ferramentas e o know-how para tomar melhores medidas e decisões, mas que na sua concretização não correspondem exactamente ao que pretendíamos.
Deixamos-vos por isso para reflexão: de que forma é que estes dados nos podem ajudar a repensar o que é que estamos a fazer nas nossas organizações?

Susana Santos
Partner e COO

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