“16 de março e a liberdade”

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Conceição Pereira
provedora da Misericórdia das Caldas da Rainha

Durante muitos anos, Caldas da Rainha esqueceu o 16 de Março de 1974.
Em boa hora a Câmara Municipal das Caldas da Rainha, com um forte apoio do Coronel Rocha Neves, e de muitos militares por ele chamados, deu início acerca de duas décadas, às comemorações do 16 de Março, e que se têm mantido até aos dias de hoje.
A primeira iniciativa, lembro-me bem, foi uma sessão solene nos Paços do Concelho, com a presença do historiador Fernando Rosas, e com a participação de elevado número de militares envolvidos no “Golpe das Caldas” e no 25 de Abril de 1974.
Foi um grande momento de exaltação e de magníficos depoimentos de quem viveu aqueles momentos históricos, e onde ficou evidente que o 16 de Março foi fundamental para a preparação do 25 de Abril.
Ao longo destas duas décadas de comemoração, muitos momentos foram fundamentais para se ficar a conhecer a importância do “Golpe das Caldas”, que apesar de não ser bem sucedido, foi fundamental para o sucesso do dia da Liberdade.
Entre os inúmeros eventos realizados, não posso deixar de salientar, a publicação pela Câmara Municipal do livro de Joana Tornada, que ainda hoje, continua a ser uma referência.
Também o lançamento do livro de banda desenhada “Nascida das Águas e o 16 de Março”, da autoria de José Ruy, foi um dos momentos altos vividos no Centro Cultural e de Congressos, com centenas de jovens do concelho empolgados a ouvir o Coronel Otelo Saraiva de Carvalho.
Certamente que a inauguração do Monumento ao 16 de Março, da autoria de João Santa-Bárbara, junto à Escola de Sargentos, foi fundamental para marcar esta data na nossa cidade.
O realizador António Pedro de Vasconcelos, estava a trabalhar num documentário sobre o 25 de Abril, onde o 16 de Março tinha um papel de destaque, e que temos a esperança de que possa vir a ser exibido.
Quando estamos a celebrar 50 anos do 16 de Março e do 25 de Abril, é fundamental lembrar às novas gerações estas datas, para que tenham conhecimento que Portugal já viveu em ditadura, em que a Liberdade e a democracia eram palavras inexistentes.
Todas aquelas gerações que já nasceram em liberdade, têm dificuldade em imaginar o que foram esses tempos difíceis de guerra colonial, de perseguições e de desvalorização do papel da mulher na sociedade.
Lembrar os militares do 16 de Março, e de todos aqueles que lutaram por um País livre e democrata, é uma obrigação de todos os responsáveis, quer seja a nível local quer nacional. ■

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